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quarta-feira, 3 de março de 2010

Manuel da Fonseca / Seara ao Vento

Abre os olhos e vê
Amigo, tu que choras uma angústia qualquer...

e falas de coisas mansas como o luar,

e paradas como as águas de um lago adormecido,

acorda!

Deixa de vez as margens do regato solitário,

onde te miras,como se fosses a tua namorada.

Abandona o jardim sem flores, desse país inventado

onde tu és o único habitante.

Deixa os desejos sem rumo

de barco ao deus-dará,

e esse ar de renúncia,

às coisas do mundo.

Acorda, amigo,

liberta-te dessa paz podre de milagre que existe,

apenas na tua imaginação.

Abre os olhos e olha,

abre os braços e luta!

Amigo,

antes da morte vir,

nasce de vez para a vida.


Poema de Manuel da Fonseca / Ribatejo livro Seara ao Vento,


Manuel da Fonseca e o romance
“Seara de Vento"
O romance “Seara de Vento” inspira-se num acontecimento verídico que ocorreu na aldeia da Trindade (Beja), facto marcante que ainda hoje integra o imaginário da população da freguesia. Manuel da Fonseca descreve um episódio ocorrido em 1932, nessa aldeia, o assassinato de António Dias Matos, operário agrícola, pela GNR.
Este crime constituiu um aspecto da aliança entre o Estado fascista e os grandes latifundiários, contra a dignidade do operariado agrícola alentejano.
Há uma geração de escritores portugueses que integraram o “Novo Cancioneiro” (Manuel da Fonseca, Carlos de Oliveira, Fernando Namora, Mário Dionísio, João José Cochofel, Joaquim Namorado, Armindo Rodrigues, Alves Redol e Soeiro Pereira Gomes, entre outros) sobre os quais se abateu um tenebroso “manto de silêncio”. É como se fossem escritores menores. E, no entanto, na companhia de José Gomes Ferreira, Jorge de Sena, Manuel Alegre, Ramos Rosa, entre tantos, iluminaram a nossa literatura nos “anos de chumbo” do salazarismo!
Manuel da Fonseca, um dos maiores nomes literários do Alentejo, publicou o romance “Seara de Vento” em 1958. Inicialmente pensado para se chamar “Tempo de Lobos”, o autor decidiu modificar o título após conversa com o escritor Aquilino Ribeiro – precisamente quando este ia publicar “Quando os lobos uivam”.
“Seara de Vento” é, sem dúvida, uma das obras literárias portuguesas mais bem importantes do século XX.
O seu valor está longe de ser estritamente documental ou de mera erudição para todos aqueles que estudam as correntes literárias mais importantes da escrita ficcional portuguesa do século passado, constituindo um extraordinário testemunho do “tempo” de repressão, fome, humilhação e privação de direitos nos campos do Sul de Portugal, que foi exemplarmente “retratado” e denunciado por Manuel da Fonseca.
Manuel da Fonseca, Seara de Vento, 1ª edição (1958)
ANTÓNIO AV ( aeiou)

"poeta, do escritor e ensaísta, Manuel Lopes da Fonseca, vulgo, Manuel da Fonseca, 1911/1993 ".
"Um grande exemplo, de como ler, nos diverte sobremaneira."
antoniojscordeiro  ( comentador aeiou )

"De olhos abertos nunca vi a verdadeira realidade.
Foi sempre pensando, de olhos fechados, que senti e entendi a realidade "
aaaa comentador (aeiou)

"Contribuíu para a minha mentalidade política, mais virada para o mundo do Trabalho do que para o mundo do Capital.
Embora, com o evoluir do Pensamento, tenha chegado à conclusão que não há Trabalho sem Capital, nem há Capital sem Trabalho
Outra conclusão a que cheguei, é que, só entendendo-se, ambos os mundos podem sobreviver.
Guerreando-se, acabarão em suicídio colectivo como, aliás, temos assistido ."
Rémo ( comentador aeiou )

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