Pais:
Criar é educar: alimentar, física, psíquica, cultural, social, espiritual e religiosamente, ajudar a vir à luz da consciência um novo ser humano único e irrepetível em relação. Há pais que investem na carreira e no dinheiro, esquecendo que a obra mais importante são os filhos.
Autor: Borges , Anselmo Fonte Diário de Notícias
Base da educação é o afecto e o amor sem condições, para que a criança cresça segura. Sem esse amor, não haverá confiança nem em si nem nos outros nem na realidade, de tal modo que o que poderá sobrar é a violência da destruição: como amar, se não se foi amado, como entregar-se confiadamente à construção de si e do mundo, se a confiança de base não foi assegurada e a realidade apareceu, desde o início, desfavorável e agressiva?
Autor: Borges , Anselmo Fonte Diário de Notícias
Os filhos são um problema que cresce
Autor: Pulido Valente , Vasco Fonte DNa (DN)
From:Citador
Não Peças o que na Realidade não Pretendes Obter
Não te ponhas a pedir o que não pretendes obter!" É que sucede muitas vezes nós pedirmos com empenho coisas que recusaríamos se alguém no-las oferecesse. Por ligeireza? Por excesso de gentileza? Seja qual for a razão, apliquemos-lhe um castigo: acedamos largamente ao pedido. Muitas coisas nós desejamos parecer querer quando de facto as não queremos. Numa leitura pública, um autor levou uma vez uma obra histórica enorme, escrita em letra miudinha, num volume densíssimo, e, depois de ler a maior parte, disse: "Se querem, fico por aqui." Ora os auditores, embora o seu único desejo fosse que o homem se calasse imediatamente, gritaram em coro: "Continua a leitura, continua!" Muitas vezes, também, queremos uma coisa mas escolhemos outra, e nem sequer aos deuses confessamos a verdade; o que vale é que os deuses ou não nos atendem ou têm pena de nós! Quanto a mim, vou proceder sem qualquer compaixão: vou mandar-te uma carta gigantesca! Se te custar muito lê-la, não terás mais do que dizer: "Bonito serviço que eu arranjei!", e põe o teu nome entre o daqueles homens que se desfizeram em galanteios para casar com uma megera, ou se fartaram de suar para conseguir riquezas e nelas só encontraram angústias, ou usaram todos os truques e esforços para obter cargos públicos em que se sentem destroçados, em suma, inclui-te na lista dos artífices dos próprios dissabores! Séneca, in 'Cartas a Lucílio'
A Face Oculta dos Progressos Técnicos
Os progressos técnicos, que toda a gente está confundindo cada vez mais com progresso humano, vão criar cada vez mais também um suplemento de ócio que, excelente em si próprio, porque nos aproxima exactamente daquele contemplar dos lírios e das aves que deve ser nosso ideal, vai criar, olhado à nossa escala, uma força de ataque e de triunfo; mais gente vai ter cada vez mais tempo para ouvir rádio e para ir ao cinema, para frequentar museus, para ler revistas ou para discutir política, e sem que preparo algum lhe possa ter sido dado para utilizar tais meios de cultura: a consequência vai ser a de que a qualidade do que for fornecido vai descer cada vez mais e a de que tudo o que não for compreendido será destruído; raros novos beneditinos salvarão da pilhagem geral a sempre reduzida antologia que em tais coisas é possível salvar-se. O choque mais violento vai dar-se exactamente, como era natural, nos países em que existir uma liberdade maior; nos outros, as formas autoritárias de regime de certo modo poderão canalizar mais facilmente a Humanidade para a utilização desse ócio; sucederá, porém, o seguinte: nos países não-livres, porque nenhum há livre, mas enfim mais livres, algumas consciências se erguerão dos destroços e pacientemente, com todas as modificações que houver a fazer, converterão o bárbaro ao antigo e sempre eterno ideal de «vida conversável»; nos outros, a não sobrevir uma revolução causada pelo tédio ou pelo próprio desabar da outra metade do mundo, o trabalho será mais difícil porque se terá de arrancar os homens, no seu conjunto, à ideia de que o que vale é a segurança material, o conforto técnico e, se for possível, nenhum rumor de pensamento dialogado. Esta não já invasão mas explosão de bárbaros terminará a nossa Idade Média, aquela que veio ininterruptamente, só superficialmente mudando de aspecto, desde o século III ou IV até nossos dias, e que se caracterizará talvez pelo esforço de fazer regressar o homem de uma vida social a uma vida natural. Agostinho da Silva, in 'Textos e Ensaios Filosóficos'
A Eternidade é o Nosso Signo
Sim, a eternidade é o nosso signo. Não começámos a existir nem o fim da existência o entendemos como fim. Por isso não sentimos que não existimos antes de começarmos a existir mas apenas que tudo isso que aconteceu antes de termos existido foi apenas qualquer coisa a que por acaso não assistimos como a muito do que acontece no nosso tempo. E à morte invencivelmente a ultrapassamos para nos pormos a existir depois dela. O prazer que nos dá a história do passado, sobretudo os documentos que no-lo dão flagrantemente, vem de nos sentirmos prolongados até lá, de nos sentirmos de facto presentes nesse modo de ser contemporâneos. Mas sobretudo há em nós uma memória-limite, uma memória absoluta que não tem nada de referenciável e se prolonga ao sem fim. Do mesmo modo há o futuro que é pura projecção de nós, apelo irreprimível a um amanhã sem termo ou sem amanhã. Por isso a morte nos angustia e sobretudo nos intriga por nos provar à evidência o que profundamente não conseguimos compreender. Mas sobretudo a eternidade é o que se nos impõe no instante em que vivemos. O tempo não passa por nós e daí vem a impossibilidade de nos sentirmos envelhecer. Sabemo-lo na realidade, mas é um saber de fora. Repetimo-lo a nós próprios para enfim o aprendermos, mas é uma matéria difícil que jamais conseguimos dominar. Por isso estranhamos que os nossos filhos cresçam e se ergam perante nós como adultos que não deviam ser. Por isso estranhamos os jovens pela sua estranheza de que quiséssemos porventura ser jovens como eles. Instintivamente sentimos que é um abuso eles tomarem o lugar que nos pertencia e nos desalojem do lugar que era nosso. Por isso sofremos, não bem por perdermos o que nos pertencia, mas pela dificuldade de isso entendermos. Há uma oposição frontal entre o nosso íntimo sentir e a realidade que isso nos desmente. Somos eternos, mas vivemos no tempo. Somos imutáveis, mas tudo à nossa volta se muda e nos impõe a mudança. Somos divinos, mas de terrena condição. É essa condição que sabemos, mas não conseguimos aprender. Nesta oposição se gera toda a grandeza do homem e a tragédia que o marcou. Os que se fixam num dos termos são deuses iludidos ou animais que não chegaram a homens. Porque o verdadeiro homem é deus por vocação e animal por necessidade. Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 3'
A Nossa Crise Mental
Que pensa da nossa crise? Dos seus aspectos — político, moral e intelectual? A nossa crise provém, essencialmente, do excesso de civilização dos incivilizáveis. Esta frase, como todas que envolvem uma contradição, não envolve contradição nenhuma. Eu explico. Todo o povo se compõe de uma aristocracia e de ele mesmo. Como o povo é um, esta aristocracia e este ele mesmo têm uma substância idêntica; manifestam-se, porém, diferentemente. A aristocracia manifesta-se como indivíduos, incluindo alguns indivíduos amadores; o povo revela-se como todo ele um indivíduo só. Só colectivamente é que o povo não é colectivo. O povo português é, essencialmente, cosmopolita. Nunca um verdadeiro português foi português: foi sempre tudo. Ora ser tudo em um indivíduo é ser tudo; ser tudo em uma colectividade é cada um dos indivíduos não ser nada. Quando a atmosfera da civilização é cosmopolita, como na Renascença, o português pode ser português, pode portanto ser indivíduo, pode portanto ter aristocracia. Quando a atmosfera da civilização não é cosmopolita — como no tempo entre o fim da Renascença e o princípio, em que estamos, de uma Renascença nova — o português deixa de poder respirar individualmente. Passa a ser só portugueses. Passa a não poder ter aristocracia. Passa a não passar. (Garanto-lhe que estas frases têm uma matemática íntima). Ora um povo sem aristocracia não pode ser civilizado. A civilização, porém, não perdoa. Por isso esse povo civiliza-se com o que pode arranjar, que é o seu conjunto. E como o seu conjunto é individualmente nada, passa a ser tradicionalista e a imitar o estrangeiro, que são as duas maneiras de não ser nada. É claro que o português, com a sua tendência para ser tudo, forçosamente havia de ser nada de todas as maneiras possíveis. Foi neste vácuo de si-próprio que o português abusou de civilizar-se. Está nisto, como lhe disse, a essência da nossa crise. As nossas crises particulares procedem desta crise geral. A nossa crise política é o sermos governados por uma maioria que não há. A nossa crise moral é que desde 1580 — fim da Renascença em nós e de nós na Renascença — deixou de haver indivíduos em Portugal para haver só portugueses. Por isso mesmo acabaram os portugueses nessa ocasião. Foi então que começou o português à antiga portuguesa, que é mais moderno que o português e é o resultado de estarem interrompidos os portugueses. A nossa crise intelectual é simplesmente o não termos consciência disto. Respondi, creio, à sua pergunta. Se V. reparar bem para o que lhe disse, verá que tem um sentido. Qual, não me compete a mim dizer. Fernando Pessoa, in 'Portugal entre Passado e Futuro'
Infecção de Banalidade
O homem do século XIX, o Europeu, porque só ele é essencialmente do século XIX (diz Fradique numa carta a Carlos Mayer), vive dentro de uma pálida e morna infecção de banalidade, cansado pelos quarenta mil volumes que todos os anos, suando e gemendo, a Inglaterra, a França e a Alemanha depositam às esquinas, e em que interminavelmente e monotonamente reproduzem, com um ou outro arrebique sobreposto, as quatro ideias e as quatro impressões legadas pela Antiguidade e pela Renascença. Eça de Queirós, in 'A Correspondência de Fradique Mendes'
Um Ser Revoltante e Falso
Quanta felicidade dá a grata suavidade das coisas! Como a vida é cintilante e de bela aparência! São as grandes falsificações, as grandes interpretações que sempre nos têm elevado acima da satisfação animal, até chegarmos ao humano. Inversamente: que nos trouxe a chiadeira do mecanismo lógico, a ruminação do espírito que se contempla ao espelho, a dissecação dos instintos? Suponde vós que tudo era reduzido a fórmulas e que a vossa crença era confinada à apreciação de graus de verosimilhança, e que vos era insuportável viver com tais premissas... que fazíeis vós? Ser-vos-ia possível viver com tão má consciência? No dia em que o homem sentir como falsidade revoltante a crença na bondade, na justiça e na verdade escondida das coisas, como se ajuizará ele a si mesmo, sendo como é parte fragmentária deste mundo? Como um ser revoltante e falso? Friedrich Nietzsche, in 'A Vontade de Poder'
O Costume Constrange a Natureza
A coisa mais importante de toda a vida é a escolha do ofício: o acaso prepara-a. O costume faz os pedreiros, soldados, empalhadores. «E um excelente empalhado», diz-se; e, falando dos soldados: «Eles são loucos», diz-se; e outros pelo contrário: «Não há nada maior do que a guerra; o resto dos homens são uns cobardes». À força de ouvir louvar na infância estes ofícios e desprezar todos os outros, escolhe-se; pois naturalmente ama-se a virtude, e detesta-se a loucura; estas palavras emocionam-nos: só se peca na aplicação. É tão grande a força do costume que, daqueles que a natureza fez apenas homens, se fazem todas as condições dos homens; pois há regiões onde são todos pedreiros, noutras todos soldados, etc. Certamente que a natureza não é tão uniforme. É portanto o costume que faz isto, porque constrange a natureza; e algumas vezes a natureza supera-o, e conserva o homem no seu instinto, apesar do costume, bom ou mau. Blaise Pascal, in "Pensamentos"
O Riso é a Mais Útil Forma da Crítica
O riso é a mais útil forma da crítica, porque é a mais acessível à multidão. O riso dirige-se não ao letrado e ao filósofo, mas à massa, ao imenso público anónimo. É por isso que hoje é tão útil como irreverente rir das ideias do passado: a multidão não se ocupa de ideias, ocupa-se das fórmulas visíveis, convencionais das ideias. Por exemplo: o povo em Portugal, nas províncias, não é católico - é padrista: que sabe ele da moral do cristianismo? da teologia? do ultramontanismo? Sabe do santo de barro que tem em casa, e do cura que está na igreja. Eça de Queirós, in 'Carta a Joaquim de Araújo, 25 de Fevereiro de 1878'
A Força da Auto-Sugestão
A proclamação do nosso mérito é um exercício excelente para aumentar e mesmo para adquirir efectivamente esse mérito. Um outro apólogo oriental conta que a negra gralha tanto e tão estridulamente afirmou que era branca que terminou por embranquecer. É este um fenómeno que o fabulista antigo não conhecia, mas que anda hoje em todos os compêndios de fisiologia e que se chama auto-sugestão. Com efeito, quem sem descanso apregoe a sua virtude, a si próprio se sugestiona virtualmente e acaba por ser às vezes virtuoso. A exaltação afectada da nossa força actua como um estímulo permanente, que equivale realmente à força. E quem engrandece desmedidamente o seu pequenino feito mostra que sente a nobreza de empreender altas coisas, prova o seu gosto pelos aplausos dos homens e está portanto já no caminho e com o feitio moral para praticar um feito grande. Eça de Queirós, in 'Cartas de Paris'
A Arte é Tudo (II)
A arte é tudo porque só ela tem a duração - e tudo o resto é nada! As sociedades, os impérios são varridos da terra, com os seus costumes, as suas glórias, as suas riquezas: e se não passam da memória fugitiva dos homens, se ainda para eles se voltam piedosamente as curiosidades, é porque deles ficou algum vestígio de Arte, a coluna tombada dum palácio, ou quatro versos num pergaminho. As Religiões só sobrevivem pela arte, só ela torna os deuses verdadeiramente imortais - dando-lhes forma. A divindade só fica absolutamente divina - quando um cinzel de génio a fixa em mármore; inspira então o grande culto intelectual, que é o único desinteressado e o único consciente; já nada tem a sofrer do livre exame: entra na serena região dos Incontestáveis e só então deixa de ter ateus. O mais austero católico é ainda pagão, como se era em Cítera, diante da Vénus de Milo. E a Nossa Senhora do Céu só tem adorações unânimes e louvores sem contestação, quando é o pincel de Murillo que a ergue sobre o Orbe, loura e toucada de estrelas. A arte é tudo - tudo o resto é nada. Só um livro é capaz de fazer a eternidade de um povo. Leónidas ou Péricles não bastariam para que a velha Grécia ainda vivesse, nova e radiosa, nos nossos espíritos: foi-lhe preciso ter Aristófanes e Ésquilo. Tudo é efémero e oco nas sociedades - sobretudo o que nelas mais nos deslumbra. Podes-me tu dizer quem foram no tempo de Shakespeare os grandes banqueiros e as formosas mulheres? Onde estão os sacos de ouro deles, e o rolar do seu luxo? Onde estão os claros olhos delas? Onde estão as rosas de Iorque que floriam então? Mas Shakespeare está realmente tão vivo como quando, no estreito tablado do Globe, ele dependurava a lanterna que devia ser a lua, triste e amorosamente invocada, alumiando o Jardim dos Capuletos. Está vivo duma vida melhor, porque o seu Espírito fulge com um sereno e contínuo esplendor, sem que o perturbem mais as humilhantes misérias da carne! Eça de Queirós, in 'Notas Contemporâneas'
A Fidelidade a Nós Próprios
De certo modo, o homem é um ser que nos está intimamente ligado, na medida em que lhe devemos fazer bem e suportá-lo. Mas desde que alguns deles me impeçam de praticar os actos que estão em relação íntima comigo mesmo, o homem passa à categoria dos seres que me são indiferentes, exactamente como o sol, o vento, o animal feroz. É certo que podem entravar alguma coisa da minha actividade; mas o meu querer espontâneo, as minhas disposições interiores não conhecem entraves, graças ao poder de agir sob condição e de derrubar os obstáculos. Com efeito, a inteligência derruba e põe de banda, para atingir o fim que a orienta, todo o obstáculo à sua actividade. O que lhe embaraçava a acção favorece-a; o que lhe barrava o caminho ajuda-a a progredir. Marco Aurélio (Imperador Romano), in "Pensamentos"
O Justo Valor das Coisas Presentes
Não julgues as coisas ausentes como presentes; mas entre as coisas presentes pondera as de mais preço e imagina com quanto ardor as buscarias se não as tivesses à mão. Mas ao mesmo tempo toma cuidado, não seja caso que ao deliciares-te assim nas coisas presentes te habitues a sobrestimá-las; procedendo assim, se um dia as viesses a perder, davas em louco rematado. Marco Aurélio, in 'Pensamentos'
Viver Sempre Perfeitamente Feliz
Viver sempre perfeitamente feliz. A nossa alma tem em si mesma esse poder de ficar indiferente perante as coisas indiferentes. Ficará indiferente se considerar cada uma delas analiticamente e em bloco, lembrando-se que nenhuma nos impõe opinião a seu respeito nem nos vem solicitar; os objectos estão aí imóveis e somos nós que formamos os nossos juízos sobre eles e os entalhamos, por dizê-lo assim, em nós mesmos; e está em nosso poder não os gravar e, se eles se insinuam nalgum cantinho da alma, apagá-los de repente.
Depois os cuidados que te pungem não duram, bem depressa deixará de viver. E por que tens um penoso sentimento de serem assim as coisas? Se são conformes à natureza aceita-as alegremente e sejam-te propícias. Se vão ao arrepio da natureza, busca o que for conforme à tua natureza, e corre nessa direcção, fosse-te ela menos propícia; merece indulgência quem procura o seu próprio bem. Marco Aurélio, in 'Pensamentos'
O Valor da Opinião dos Outros
Muitas vezes tenho cismado em como é possível que cada homem ame a si mesmo mais que ao resto dos homens e, não obstante, dê menos valor à sua opinião de si próprio que à opinião dos outros. Se, pois, um deus ou um mestre sábio se apresentasse a um homem e lhe pedisse que não pensasse nada e não intentasse nada sem o expressar tão logo o concebesse, esse homem não suportaria tal situação um único dia que fosse. Muito mais respeito temos por aquilo que os nossos vizinhos possam pensar de nós do que por aquilo que pensamos a nosso próprio respeito. Marco Aurélio, in 'Pensamentos e Reflexões'
Não te Deixes Ludibriar pela Opinião
Considera que não são as acções dos outros que nos perturbam, pois que pertencem ao domínio das suas vontades, mas a opinião que sobre ela formamos. Suprime-a, pois: trata de anular o juízo que te deixa indignado e a tua cólera se desvanecerá. Como suprimi-la? Meditando em que não há nisso nada de vergonhoso para ti, porquanto se houvesse outra coisa, além do mal moral, que fosse vergonhosa, tu também cometerias necessariamente muitas faltas; tu te tornarias um bandido, de qualquer maneira. Marco Aurélio, in 'Pensamentos e Reflexões'
Chorar e Rir
E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo, cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida. Machado de Assis, in 'Quincas Borba'
A Quimera da Felicidade
do alto de uma montanha, inclinei os olhos a uma das vertentes, e contemplei, durante um tempo largo, ao longe, através de um nevoeiro, uma cousa única. Imagina tu, leitor, uma redução dos séculos, e um desfilar de todos eles, as raças todas, todas as paixões, o tumulto dos impérios, a guerra dos apetites e dos ódios, a destruição recíproca dos seres e das cousas. Tal era o espectáculo, acerbo e curioso espectáculo. A história do homem e da terra tinha assim uma intensidade que não lhe podiam dar nem a imaginação nem a ciência, porque a ciência é mais lenta e a imaginação mais vaga, enquanto que o que eu ali via era a condensação viva de todos os tempos. Para descrevê-la seria preciso fixar o relâmpago. Os séculos desfilavam num turbilhão, e, não obstante, porque os olhos do delírio são outros, eu via tudo o que passava diante de mim, - flagelos e delícias, - desde essa cousa que se chama glória até essa outra que se chama miséria, e via o amor multiplicando a miséria, e via a miséria agravando a debilidade. Aí vinham a cobiça que devora, a cólera que inflama, a inveja que baba, e a enxada e a pena, úmidas de suor, e a ambição, a fome, a vaidade, a melancolia, a riqueza, o amor, e todos agitavam o homem, como um chocalho, até destruí-lo, como um farrapo. Eram as formas várias de um mal, que ora mordia a víscera, ora mordia o pensamento, e passeava eternamente as suas vestes de arlequim, em derredor da espécie humana. A dor cedia alguma vez, mas cedia à indiferença, que era um sono sem sonhos, ou ao prazer, que era uma dor bastarda. Então o homem, flagelado e rebelde, corria diante da fatalidade das cousas, atrás de uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a ponto precário, com a agulha da imaginação; e essa figura, - nada menos que a quimera da felicidade, - ou lhe fugia perpetuamente, ou deixava-se apanhar pela fralda, e o homem a cingia ao peito, e então ela ria, como um escárnio, e sumia-se, como uma ilusão. Machado de Assis, in 'Memórias Póstumas de Brás Cubas'
Todos Temos Duas Almas
Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro... Espantem-se à vontade, podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica. Se me replicarem, acabo o charuto e vou dormir. A alma exterior pode ser um espírito, um fluido, um homem, muitos homens, um objeto, uma operação. Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de uma pessoa; - e assim também a polca, o voltarete, um livro, uma máquina, um par de botas, uma cavatina, um tambor, etc. Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida, como a primeira; as duas completam o homem, que é, metafisicamente falando, uma laranja. Quem perde uma das metades, perde naturalmente metade da existência; e casos há, não raros, em que a perda da alma exterior implica a da existência inteira. (...) Agora, é preciso saber que a alma exterior não é sempre a mesma... - Não? - Não, senhor; muda de natureza e de estado. Não aludo a certas almas absorventes, como a pátria, com a qual disse o Camões que morria, e o poder, que foi a alma exterior de César e de Cromwell. São almas enérgicas e exclusivas; mas há outras, embora enérgicas, de natureza mudável. Há cavalheiros, por exemplo, cuja alma exterior, nos primeiros anos, foi um chocalho ou um cavalinho de pau, e mais tarde uma provedoria de irmandade, suponhamos. Machado de Assis, in "O Espelho"
sábado, 28 de junho de 2008
sexta-feira, 27 de junho de 2008
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Leis injustas -Paula Teixeira da Cruz
“[A Directiva de Retorno] ideologicamente é um retrocesso, humanamente é uma lástima...”
Quando uma lei é injusta não se lhe deve obediência e pode (deve, segundo a consciência de cada um) opor-se-lhe resistência. Foi uma aquisição de civilização na Europa. De São Tomás de Aquino a Radbruch. Vem isto a propósito da ironicamente chamada Directiva do Retorno, aprovada pelo Parlamento Europeu a 18 de Junho, com 369 frios votos a favor (uma má estreia do Parlamento Europeu em matéria de imigração, em processo de co-decisão com o Conselho).
A Directiva do Retorno é, na verdade, a directiva da Vergonha, como já a designam. Está pejada de uma neutra linguagem burocrática, em que uma criança só é transmutada num ‘menor não acompanhado’ que passa a poder ser detido em centros de detenção especializados com possibilidade de o ser em estabelecimento prisional. Tratar imigrantes que não tiveram possibilidade de regularizar a situação como criminosos? Faz isso algum sentido? Há nisso algum pingo de Justiça? São criminosos? Não. Então...
Que fazes tu, Europa? Que aprovas tu e que Espaço e Instituição passas a ser? Que legitimidade internacional te reconhecerão?
Imagine o leitor uma situação de fome ou de guerra no sítio onde vive, ou mesmo de perseguição étnica ou política. É legítimo que procure outro sítio onde respirar ou proteger a família ou simplesmente buscar, com o trabalho, o preço de um pão. Aconteceu durante toda a história da Humanidade.
Imagine que ao chegar a um novo destino o espera um campo de detenção ou que, depois de ter sido útil em obras ou noutro sector de mão-de-obra barata, o encerram num campo de detenção... por um período que pode ir até ano e meio para o devolverem ao sítio de onde partiu. Imagine que os menores são devolvidos – sós – ao inferno de onde tinham saído.
Cada um do ser humano que somos é devolvido à fome ou à morte. De forma organizada, higiénica.
Não há pinga de solidariedade. A directiva não é claramente compatível com a Declaração Universal dos Direitos do Homem: abandona o núcleo fundamental de direitos humanos. Ideologicamente é um retrocesso, humanamente é uma lástima. Civilizacionalmente é incompreensível.
Por isso, realisticamente, apele-se também ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Humanamente oponha-se-lhe resistência.
Paula Teixeira da Cruz in CM
Quando uma lei é injusta não se lhe deve obediência e pode (deve, segundo a consciência de cada um) opor-se-lhe resistência. Foi uma aquisição de civilização na Europa. De São Tomás de Aquino a Radbruch. Vem isto a propósito da ironicamente chamada Directiva do Retorno, aprovada pelo Parlamento Europeu a 18 de Junho, com 369 frios votos a favor (uma má estreia do Parlamento Europeu em matéria de imigração, em processo de co-decisão com o Conselho).
A Directiva do Retorno é, na verdade, a directiva da Vergonha, como já a designam. Está pejada de uma neutra linguagem burocrática, em que uma criança só é transmutada num ‘menor não acompanhado’ que passa a poder ser detido em centros de detenção especializados com possibilidade de o ser em estabelecimento prisional. Tratar imigrantes que não tiveram possibilidade de regularizar a situação como criminosos? Faz isso algum sentido? Há nisso algum pingo de Justiça? São criminosos? Não. Então...
Que fazes tu, Europa? Que aprovas tu e que Espaço e Instituição passas a ser? Que legitimidade internacional te reconhecerão?
Imagine o leitor uma situação de fome ou de guerra no sítio onde vive, ou mesmo de perseguição étnica ou política. É legítimo que procure outro sítio onde respirar ou proteger a família ou simplesmente buscar, com o trabalho, o preço de um pão. Aconteceu durante toda a história da Humanidade.
Imagine que ao chegar a um novo destino o espera um campo de detenção ou que, depois de ter sido útil em obras ou noutro sector de mão-de-obra barata, o encerram num campo de detenção... por um período que pode ir até ano e meio para o devolverem ao sítio de onde partiu. Imagine que os menores são devolvidos – sós – ao inferno de onde tinham saído.
Cada um do ser humano que somos é devolvido à fome ou à morte. De forma organizada, higiénica.
Não há pinga de solidariedade. A directiva não é claramente compatível com a Declaração Universal dos Direitos do Homem: abandona o núcleo fundamental de direitos humanos. Ideologicamente é um retrocesso, humanamente é uma lástima. Civilizacionalmente é incompreensível.
Por isso, realisticamente, apele-se também ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Humanamente oponha-se-lhe resistência.
Paula Teixeira da Cruz in CM
Links e Agenda 26.06.2008 Maldade Mulheres
Comportamentos como a maldade ou a exclusão mais frequentes entre raparigas
26 06 2008 16.18H
Diz o estereótipo que os homens são mais agressivos do que as mulheres. No entanto, de acordo com uma especialista de Coimbra, os comportamentos indirectos de "bullying", como a maldade ou exclusão, são mais praticados pelas mulheres.
Pedro Junceiro com Lusa
Sónia Seixas, especialista em "bullying", explicou hoje em Coimbra que o combate ao problema passa pelo envolvimento de toda a comunidade escolar, preconizando uma mudança de atitude em relação a este tipo de violência no contexto escolar, referindo que «o ideal é que toda a comunidade se envolva para conhecer o fenómeno».
«O primeiro passo para fazer alguma coisa é mudar as atitudes da comunidade escolar, nomeadamente de profissionais e de alguns pais, quando desvalorizam ou negam o problema», considerou a docente da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém.
De acordo com Sónia Seixas, deve ser efectuada também uma intervenção directa, diferenciada, com os agressores e as vítimas.
Referiu ainda que, apesar de ainda existir o «estereótipo de que os comportamentos de "bullying" são mais frequentes no sexo masculino», a verdade é que «os comportamentos indirectos de "bullying", como a maldade ou a exclusão, são mais praticados pelo sexo feminino».
Na investigação que realizou em escolas do III ciclo do distrito de Lisboa, usando um instrumento de nomeação pelos alunos dos colegas agressores e vítimas, Sónia Seixas apurou que 17,9 por cento dos jovens são classificados no primeiro grupo e 17,2 por cento são identificados pelos pares como vítimas.
Outro orador no seminário, o pedopsiquiatra Mário Jorge Loureiro, considerou que as crescentes exigências do trabalho impedem os pais de estar com os filhos o tempo necessário, pelo que as vítimas de bullying acabam por não se queixar, porque «não têm protecção parental, não sentem confiança».
O seminário, intitulado "Bullying - Da mediatização à discussão", inseriu-se no âmbito do projecto de investigação de um grupo de alunos finalistas da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra denominado "A auto-estima e os comportamentos agressivos nos alunos do I ciclo".
From:Destak
MÚSICA
Festival Carviçais Rock gratuito e de regresso à aldeia
25 06 2008 17.47H
O Carviçais Rock, um dos mais antigos festivais de Verão do Nordeste Transmontano regressa no primeiro fim-de-semana de Agosto com acesso gratuito a um cartaz de espectáculos exclusivamente nacional, divulgou hoje a organização.
Pedro Junceiro com Lusa
Depois do interregno de um ano, o festival regressa também ao centro da aldeia transmontana que lhe deu o nome, no concelho de Torre de Moncorvo, no sul do distrito de Bragança, entre os parques natural do Douro Internacional e Arqueológico do Côa.
O primeiro dia do Carviçais Rock, a 2 de Agosto, será preenchido com os Rádio Macau, Blind Zero, Slimmy e Duff, seguidos do DJ Frittus Potatoes Suicide.
No dia seguinte passam pelo palco Blasted Mechanism, X-Wife, Trabalhadores do Comércio, Myula com a animação a prolongar-se com o DJ Pasta.
«Serão apenas bandas portuguesas a abrilhantar as noites da aldeia de Carviçais», frisou a fonte da organização, a cargo da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Carviçais, com o apoio da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo.
O festival transmontano quer assumir-se como «uma alternativa à massificação que caracteriza os festivais de Verão em Portugal» e este ano promete aliciar público sem bilhetes pagos.
From:Destak
Tom Cruise
Quem o diz é Drew Pinsky, médico e apresentador de um programa televisivo sobre famosos e reabilitação, que assim justifica a adesão do actor à Cientologia.
Ana Sofia Santos
A relação de Tom Cruise com a Cientologia trouxe ao actor muito mais críticas do que elogios, estando, como já noticiou o Destak, a sua imagem a sofrer consequências.
A solução parece, ou pode ser, uma nova imagem, através de uma nova página na Internet.
Drew Pinsky, médico e apresentador de um programa televisivo sobre famosos e a reabilitação, deu o último «golpe». Pinsky escreveu numa revista que o popular actor poderá ter problemas mentais.
Na sua opinião, o facto de Cruise se ter convertido em membro da Cientologia, é uma resposta a um grande vazio ou carência que teve na infância e, segundo disse, «quem sabe se não inclui abusos».
O advogado de Tom Cruise, Bert Fields, não demorou a responder às acusações do doutor Pinsky e a qualificar as suas palavras de «absurdas».
Afirma que o doutor Pinsky procura «obviamente notoriedade» e que nem sequer é «profissional» ao querer diagnosticar Tom e outros famosos sem sequer os conhecer.
Pinsky tratou de imediato de se defender e afirmou que a sua intenção não era diagnosticar a saúde mental de Cruise, mas sim utilizá-lo como exemplo para explicar os traumas infantis.
Numa autêntica campanha para reconstruir a sua imagem pública, Cruise criou uma página na Internet com a sua biografia, fotografias e vídeos com toda a sua filmografia.
From:Destak
Os portugueses são dos cidadãos europeus que mais dinheiro gastam em restaurantes e cafés. Em contrapartida, por terras lusas investe-se pouco em roupa e ainda menos em jornais e livros. Os dados são de 2005.
Marta Araújo
Segundo um estudo do Eurostat divulgado ontem, o consumo dos portugueses em restaurantes, cafés e similares já ultrapassa os 9,5% do orçamento familiar, um valor que duplica a média europeia, que apenas chega aos 3,9% do orçamento de gastos entre as famílias.
Já no que diz respeito a despesa sobre restaurantes e hotéis, corresponde a 10,8% do orçamento familiar. Este número é elevado face aos gastos dos restantes cidadãos da União Europeia (UE), onde a média se situa nos 5,3%.
Gastos significativos em saúde
O documento, a que o Destak teve acesso, mostra ainda que Portugal se destaca na liderança dos gastos no que aos médicos e farmácias diz respeito.
De acordo com o estudo, os europeus gastam, em média, cerca de metade do seu orçamento familiar nas despesas da casa (amortização, mobiliário, electricidade) e alimentação. Em Portugal, os pais gastam 1,7% da despesa total da família, com os filhos. E para o médico e farmácia, as famílias nacionais chegam a dar 6,1%, face aos 3,4% dos restantes países da UE. No que diz respeito ao carro e aos passes sociais, os portugueses chegam a abater 12,9% do seu orçamento.
Poupar em roupa e leitura
Mas se os portugueses gostam de ir comer fora não o fazem com fatos de gala. A prová-lo está o estudo do Eurostat, que coloca o nosso país em segundo lugar no ranking dos mais poupados na área do vestuário. Enquanto a Bulgária investe 3,1% a população lusa gasta 4,1% do orçamento.
Os lituanos são os que mais dispendem (7,9%).De destacar ainda o facto de, apesar da elevada frequência de estabelecimentos de hotelaria, os livros, revistas e jornais raramente são levados na algibeira. Uma falta em que Portugal é acompanhado pela Roménia, Lituânia e Estónia. Somente 1% do orçamento destes países é dispensado para aquele tipo de literatura. Os malteses são os mais cultos (2,4) e os mais dados à aquisição de livros.
From:Destak
COMENTÁRIO: Essa ideia de que a compra de livros significa mais leitura é uma falácia muito frequente!. Posso afirmar que gosto de "devorar livros" durante todo o mês e que não tenho por hábito adquiri-los por compra em livrarias. Passo a explicar: -Como posso ler largas dezenas de livros diferentes durante todo o ano se não tenho espaço em casa para colocar mais estantes e prateleiras para os acondicionar?. Há pessoas que os adquirem apenas para decorar as estantes. Outras pessoas compram livros que sem nunca os lerem, e ao fim cerca de meio ano, acabam por os deitar no lixo para que lhes sobre espaço para as próximas edições!. Já vi contentores de lixo na área de Lisboa repletos de livros com aspecto de novo e títulos ainda muito recentes. Muitos deles pelo aspecto nunca foram lidos. Um dia vi uma carrinha de caixa aberta estacionada junto de um contentor de lixo e duas pessoas que recolhiam livros aos molhos atirando-os para o seu interior!. Ao passar junto da carrinha disseram-me que se algum livro daqueles me interessasse podia levá-lo para casa que eles apenas os recolhiam para os vender ao quilo a um centro de reciclagem de papel velho. Respondi que não tinha espaço em casa para guardar mais livros mas que para todos os efeitos agradecia a oferta dado que os livros eram títulos recentes e estavam novos. Em suma, a "sociedade de consumo imediato" promove artificialmente vendas de produtos que ainda novos e em perfeito estado de funcionamento acabam no lixo por falta de espaço nas nossas casas!. O "segredo" para evitar a compra de livros que não temos espaço para guardar é inscrevermo-nos como leitores domiciliários da biblioteca da nossa cidade!. Desde 1986 que estou inscrito como leitor domiciliário numa biblioteca pública municipal deste país que possui largos milhares de livros em arquivo e todos os meses recebe novos títulos. Por uma pequena e insignificante taxa anual tenho acesso a milhares de títulos que nunca poderia adquirir e acondicionar em casa!. A moral desta história é a falácia das estatísticas para aqueles que julgam que existe um "nexo de causalidade" entre a aquisição de livros e a sua respectiva leitura. Se um dia ganhar no "Euro milhões" vou adquirir a biblioteca que frequento desde 1986 e vou começar novamente a comprar livros. Isto é mesmo verdade não é só publicidade!. Para comprar livros em Portugal é preciso ser rico e viver em grandes moradias, caso contrário, ao fim de algum tempo teremos de atirar os livros "nossos amigos" para o lixo por manifesta falta de espaço!. Os portugueses também gostam muito dos restaurantes porque é esse o único passatempo de muita gente. Vivemos em apartamentos pequenos onde apenas podemos albergar o mínimo indispensável para o dia a dia. O nosso passatempo é ver televisão dado que não temos forma de fazer mais nada em casa acabamos por sair de carro e andamos às voltas sem rumo certo. O destino aos fins-de-semana é a ida ao hipermercado fazer as compras para a casa que é outro passatempo das famílias. Como andam às voltas pelos corredores a escolher os melhores produtos e os melhores preços acabam por ter fome. É por este motivo que o português adora restaurantes porque não tem mais nada para fazer a não ser andar a fazer de "mirone" pelos centros comerciais até ao momento em que a "fome aperta" e é então que o português "abre os cordões à bolsa". Pode circular uma tarde inteira pelos corredores do centro comercial sem comprar nada, no entanto, quando a "fome aperta" recorre ao seu passatempo favorito que é a restauração!. E diga-se que para muitos é a única refeição do dia, nem que seja só o menu duas fatias com bebida de pressão da "Telepizza"!. É verdade que o "conteúdo da barriga ninguém o vê". O português investe mais e melhor na farpela e no telemóvel, a restauração é o passatempo favorito mas apenas esses menus de "preço único com tudo incluído" em regime tipo "self-service". Se forem ver os restaurantes ditos tradicionais de beira de rua, estão quase todos às moscas, dado que os preços são bem mais elevados e nada está incluído, e acabam por fazer doses iguais aos dos "preços únicos" sendo que se pagam bem melhor !. Enfim, o Povo português não tem dinheiro para viagens frequentes e para o acesso a variadas actividades culturais e desportivas e é por isso que adora praticar o desporto da "faca e do garfo"!
MC 22.06.2008 04.50 in Destak
26 06 2008 16.18H
Diz o estereótipo que os homens são mais agressivos do que as mulheres. No entanto, de acordo com uma especialista de Coimbra, os comportamentos indirectos de "bullying", como a maldade ou exclusão, são mais praticados pelas mulheres.
Pedro Junceiro com Lusa
Sónia Seixas, especialista em "bullying", explicou hoje em Coimbra que o combate ao problema passa pelo envolvimento de toda a comunidade escolar, preconizando uma mudança de atitude em relação a este tipo de violência no contexto escolar, referindo que «o ideal é que toda a comunidade se envolva para conhecer o fenómeno».
«O primeiro passo para fazer alguma coisa é mudar as atitudes da comunidade escolar, nomeadamente de profissionais e de alguns pais, quando desvalorizam ou negam o problema», considerou a docente da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém.
De acordo com Sónia Seixas, deve ser efectuada também uma intervenção directa, diferenciada, com os agressores e as vítimas.
Referiu ainda que, apesar de ainda existir o «estereótipo de que os comportamentos de "bullying" são mais frequentes no sexo masculino», a verdade é que «os comportamentos indirectos de "bullying", como a maldade ou a exclusão, são mais praticados pelo sexo feminino».
Na investigação que realizou em escolas do III ciclo do distrito de Lisboa, usando um instrumento de nomeação pelos alunos dos colegas agressores e vítimas, Sónia Seixas apurou que 17,9 por cento dos jovens são classificados no primeiro grupo e 17,2 por cento são identificados pelos pares como vítimas.
Outro orador no seminário, o pedopsiquiatra Mário Jorge Loureiro, considerou que as crescentes exigências do trabalho impedem os pais de estar com os filhos o tempo necessário, pelo que as vítimas de bullying acabam por não se queixar, porque «não têm protecção parental, não sentem confiança».
O seminário, intitulado "Bullying - Da mediatização à discussão", inseriu-se no âmbito do projecto de investigação de um grupo de alunos finalistas da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra denominado "A auto-estima e os comportamentos agressivos nos alunos do I ciclo".
From:Destak
MÚSICA
Festival Carviçais Rock gratuito e de regresso à aldeia
25 06 2008 17.47H
O Carviçais Rock, um dos mais antigos festivais de Verão do Nordeste Transmontano regressa no primeiro fim-de-semana de Agosto com acesso gratuito a um cartaz de espectáculos exclusivamente nacional, divulgou hoje a organização.
Pedro Junceiro com Lusa
Depois do interregno de um ano, o festival regressa também ao centro da aldeia transmontana que lhe deu o nome, no concelho de Torre de Moncorvo, no sul do distrito de Bragança, entre os parques natural do Douro Internacional e Arqueológico do Côa.
O primeiro dia do Carviçais Rock, a 2 de Agosto, será preenchido com os Rádio Macau, Blind Zero, Slimmy e Duff, seguidos do DJ Frittus Potatoes Suicide.
No dia seguinte passam pelo palco Blasted Mechanism, X-Wife, Trabalhadores do Comércio, Myula com a animação a prolongar-se com o DJ Pasta.
«Serão apenas bandas portuguesas a abrilhantar as noites da aldeia de Carviçais», frisou a fonte da organização, a cargo da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Carviçais, com o apoio da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo.
O festival transmontano quer assumir-se como «uma alternativa à massificação que caracteriza os festivais de Verão em Portugal» e este ano promete aliciar público sem bilhetes pagos.
From:Destak
Tom Cruise
Quem o diz é Drew Pinsky, médico e apresentador de um programa televisivo sobre famosos e reabilitação, que assim justifica a adesão do actor à Cientologia.
Ana Sofia Santos
A relação de Tom Cruise com a Cientologia trouxe ao actor muito mais críticas do que elogios, estando, como já noticiou o Destak, a sua imagem a sofrer consequências.
A solução parece, ou pode ser, uma nova imagem, através de uma nova página na Internet.
Drew Pinsky, médico e apresentador de um programa televisivo sobre famosos e a reabilitação, deu o último «golpe». Pinsky escreveu numa revista que o popular actor poderá ter problemas mentais.
Na sua opinião, o facto de Cruise se ter convertido em membro da Cientologia, é uma resposta a um grande vazio ou carência que teve na infância e, segundo disse, «quem sabe se não inclui abusos».
O advogado de Tom Cruise, Bert Fields, não demorou a responder às acusações do doutor Pinsky e a qualificar as suas palavras de «absurdas».
Afirma que o doutor Pinsky procura «obviamente notoriedade» e que nem sequer é «profissional» ao querer diagnosticar Tom e outros famosos sem sequer os conhecer.
Pinsky tratou de imediato de se defender e afirmou que a sua intenção não era diagnosticar a saúde mental de Cruise, mas sim utilizá-lo como exemplo para explicar os traumas infantis.
Numa autêntica campanha para reconstruir a sua imagem pública, Cruise criou uma página na Internet com a sua biografia, fotografias e vídeos com toda a sua filmografia.
From:Destak
Os portugueses são dos cidadãos europeus que mais dinheiro gastam em restaurantes e cafés. Em contrapartida, por terras lusas investe-se pouco em roupa e ainda menos em jornais e livros. Os dados são de 2005.
Marta Araújo
Segundo um estudo do Eurostat divulgado ontem, o consumo dos portugueses em restaurantes, cafés e similares já ultrapassa os 9,5% do orçamento familiar, um valor que duplica a média europeia, que apenas chega aos 3,9% do orçamento de gastos entre as famílias.
Já no que diz respeito a despesa sobre restaurantes e hotéis, corresponde a 10,8% do orçamento familiar. Este número é elevado face aos gastos dos restantes cidadãos da União Europeia (UE), onde a média se situa nos 5,3%.
Gastos significativos em saúde
O documento, a que o Destak teve acesso, mostra ainda que Portugal se destaca na liderança dos gastos no que aos médicos e farmácias diz respeito.
De acordo com o estudo, os europeus gastam, em média, cerca de metade do seu orçamento familiar nas despesas da casa (amortização, mobiliário, electricidade) e alimentação. Em Portugal, os pais gastam 1,7% da despesa total da família, com os filhos. E para o médico e farmácia, as famílias nacionais chegam a dar 6,1%, face aos 3,4% dos restantes países da UE. No que diz respeito ao carro e aos passes sociais, os portugueses chegam a abater 12,9% do seu orçamento.
Poupar em roupa e leitura
Mas se os portugueses gostam de ir comer fora não o fazem com fatos de gala. A prová-lo está o estudo do Eurostat, que coloca o nosso país em segundo lugar no ranking dos mais poupados na área do vestuário. Enquanto a Bulgária investe 3,1% a população lusa gasta 4,1% do orçamento.
Os lituanos são os que mais dispendem (7,9%).De destacar ainda o facto de, apesar da elevada frequência de estabelecimentos de hotelaria, os livros, revistas e jornais raramente são levados na algibeira. Uma falta em que Portugal é acompanhado pela Roménia, Lituânia e Estónia. Somente 1% do orçamento destes países é dispensado para aquele tipo de literatura. Os malteses são os mais cultos (2,4) e os mais dados à aquisição de livros.
From:Destak
COMENTÁRIO: Essa ideia de que a compra de livros significa mais leitura é uma falácia muito frequente!. Posso afirmar que gosto de "devorar livros" durante todo o mês e que não tenho por hábito adquiri-los por compra em livrarias. Passo a explicar: -Como posso ler largas dezenas de livros diferentes durante todo o ano se não tenho espaço em casa para colocar mais estantes e prateleiras para os acondicionar?. Há pessoas que os adquirem apenas para decorar as estantes. Outras pessoas compram livros que sem nunca os lerem, e ao fim cerca de meio ano, acabam por os deitar no lixo para que lhes sobre espaço para as próximas edições!. Já vi contentores de lixo na área de Lisboa repletos de livros com aspecto de novo e títulos ainda muito recentes. Muitos deles pelo aspecto nunca foram lidos. Um dia vi uma carrinha de caixa aberta estacionada junto de um contentor de lixo e duas pessoas que recolhiam livros aos molhos atirando-os para o seu interior!. Ao passar junto da carrinha disseram-me que se algum livro daqueles me interessasse podia levá-lo para casa que eles apenas os recolhiam para os vender ao quilo a um centro de reciclagem de papel velho. Respondi que não tinha espaço em casa para guardar mais livros mas que para todos os efeitos agradecia a oferta dado que os livros eram títulos recentes e estavam novos. Em suma, a "sociedade de consumo imediato" promove artificialmente vendas de produtos que ainda novos e em perfeito estado de funcionamento acabam no lixo por falta de espaço nas nossas casas!. O "segredo" para evitar a compra de livros que não temos espaço para guardar é inscrevermo-nos como leitores domiciliários da biblioteca da nossa cidade!. Desde 1986 que estou inscrito como leitor domiciliário numa biblioteca pública municipal deste país que possui largos milhares de livros em arquivo e todos os meses recebe novos títulos. Por uma pequena e insignificante taxa anual tenho acesso a milhares de títulos que nunca poderia adquirir e acondicionar em casa!. A moral desta história é a falácia das estatísticas para aqueles que julgam que existe um "nexo de causalidade" entre a aquisição de livros e a sua respectiva leitura. Se um dia ganhar no "Euro milhões" vou adquirir a biblioteca que frequento desde 1986 e vou começar novamente a comprar livros. Isto é mesmo verdade não é só publicidade!. Para comprar livros em Portugal é preciso ser rico e viver em grandes moradias, caso contrário, ao fim de algum tempo teremos de atirar os livros "nossos amigos" para o lixo por manifesta falta de espaço!. Os portugueses também gostam muito dos restaurantes porque é esse o único passatempo de muita gente. Vivemos em apartamentos pequenos onde apenas podemos albergar o mínimo indispensável para o dia a dia. O nosso passatempo é ver televisão dado que não temos forma de fazer mais nada em casa acabamos por sair de carro e andamos às voltas sem rumo certo. O destino aos fins-de-semana é a ida ao hipermercado fazer as compras para a casa que é outro passatempo das famílias. Como andam às voltas pelos corredores a escolher os melhores produtos e os melhores preços acabam por ter fome. É por este motivo que o português adora restaurantes porque não tem mais nada para fazer a não ser andar a fazer de "mirone" pelos centros comerciais até ao momento em que a "fome aperta" e é então que o português "abre os cordões à bolsa". Pode circular uma tarde inteira pelos corredores do centro comercial sem comprar nada, no entanto, quando a "fome aperta" recorre ao seu passatempo favorito que é a restauração!. E diga-se que para muitos é a única refeição do dia, nem que seja só o menu duas fatias com bebida de pressão da "Telepizza"!. É verdade que o "conteúdo da barriga ninguém o vê". O português investe mais e melhor na farpela e no telemóvel, a restauração é o passatempo favorito mas apenas esses menus de "preço único com tudo incluído" em regime tipo "self-service". Se forem ver os restaurantes ditos tradicionais de beira de rua, estão quase todos às moscas, dado que os preços são bem mais elevados e nada está incluído, e acabam por fazer doses iguais aos dos "preços únicos" sendo que se pagam bem melhor !. Enfim, o Povo português não tem dinheiro para viagens frequentes e para o acesso a variadas actividades culturais e desportivas e é por isso que adora praticar o desporto da "faca e do garfo"!
MC 22.06.2008 04.50 in Destak
Alexandra Solnado
Alexandra Solnado
"Eu não estou longe de ti.
Estou sempre um pouco à frente,
para te obrigar a avançar."
Jesus
O Buda em Mim
Hoje na terapia de Contacto com o meu Eu Superior, ele ofereceu-me uma experiência surpresa, que não vou esquecer, nunca.
Depois de ter chegado lá acima, onde me deixei ficar até me sentir completamente reenergizada e limpa da densidade que tinha, o Eu Superior levou-me a um prado.
Aí libertei e minha essência e voei com ele até que, sem que desse por isso, deixei de o ver. Voei pelo belíssimo e vasto prado, de um verde tranquilizante e brilhante, e vi um rio, que subia, com as margens protegidas de um denso e fresco arvoredo. Era uma sombra protectora que me convidava a seguir caminho. Como pássaro, que é a imagem que tenho da minha essência, fui subindo até que encontrei uma cabana. Abri a porta e entrei. Lá dentro estava uma figura de Buda, sentado na sua posição de Lótus, que me disse que se era assim que eu preferia que O visse, não fazia mal. Jesus ou Buda, o coração é o mesmo. Não precisava de me sentir dividida em dilemas de com quem é que devia conectar. A energia é a mesma. E vi o coração vermelho que Jesus já me tem oferecido em meditações anteriores. Vivo e brilhante. Coloquei-o no meu peito e senti uma tranquilidade imensa e uma forte aceitação.
É a aceitação na essência, que tanto tenho feito por encontrar. Deixei-me meditar, longa e tranquilamente, e percebi e assimilei que, apesar de saber que, intelectualmente Jesus ou Buda são apenas nomes a que damos ao Divino, à energia universal, agora sinto-o no mais profundo do meu coração. E quando medito e me conecto com esta energia, entro do reino sem palavras e sem conceitos, de pura energia, onde qualquer discurso é inútil para procurar uma explicação… encontrei o Buda em mim.
Maria Gatas Sobral
Há dias fui à terapia de contacto com o meu Eu Superior mas só hoje me deu para escrever.
O meu Eu Superior surpreendeu-me com um novo santuário, e símbolo, para que eu aprenda a enfrentar os meus medos. Uma magnífica árvore, de braços longos e gigantescos. Uma copa de majestosa protecção e um símbolo do forte poder que as árvores têm de resistir milenarmente, sempre ascendendo ao céu, sem se importar com o que não interessa (no meu caso as opiniões dos outros, os seus gestos ou olhares, a que infelizmente sou tão sensível). Ela lá está, forte, de fresca sombra, tranquila, para quem se quiser abrigar sob os seus braços e a denso verde da sua folhagem. E grande, grande. Espaçosa, de um poderoso e intenso verde.
A sua imagem é para mim um poderoso símbolo do próprio processo espiritual do ser humano, com as raízes na terra mas sempre crescendo e ascendendo para o céu. Abrigo de aves que voam e nela poisam, como as pessoas que vamos encontrando e nos vão ajudando a elevar a nossa própria espiritualidade.
Senti que foi uma poderosa meditação, uma futura fonte de tranquilidade. Espero nunca me esquecer que, mais importante do que deixar que os outros me impeçam de ser quem sou, tenho uma poderosa árvore que me guia no caminho da minha essência.
Teresa A. Nunes
A Compreensão muda a Emoção
Qual é o nosso maior problema kármico? Emoção mal resolvida.
Qual a pior coisa que trazemos de outras vidas? Emoção que não resolvemos, seja raiva, culpa, rejeição… A compreensão muda tudo isto. E quando digo compreensão, digo aceitação, pois sem aceitação não há compreensão.
Nós estamos sempre a falar na mudança do sistema de crenças, em tentar mudar os conceitos em que fomos educados e em que acabámos por ficar fechados. Mas para isso temos que validar o nosso conhecimento através da nossa intuição. Se nos ensinam algo, nós só devemos aceitar se a nossa intuição aceitar. Temos de aprender a seguir a nossa intuição.
Podemos trazer raiva, rejeição, tristeza e outras emoções que não compreendemos, e que não estão resolvidas na nossa vida, mas a partir do momento em que tentamos perceber, compreender, e sobretudo aceitar, acabamos por processar essas emoções.
Porque é que se diz que as regressões a vidas passadas são tão eficazes? Porque as pessoas vão ao seu passado, às suas vidas anteriores, e tentam compreender. E assim mudar a aceitação. Se as pessoas vão ao passado e não aceitam, não há compreensão, e nada muda. Mas se conseguirem compreender, mudam a aceitação e o processar dessa emoção.
Como Ele diz…
“Vai ao passado. Vai ao que viveste, situação a situação, e revive-a, sofre-a outra vez, mas reenergiza-te com o amor incondicional que recebes cá de cima, enche cada situação de luz, enche-te - naquela época, com aquela imagem, com aquela roupa – de luz. E tudo se irá diluir em luz.
Irás colocar uma nova energia no teu passado, e ele, por sua vez, nunca mais te irá surpreender com a sua força traumática e traumatizante.
A isso chama-se limpar o karma. O karma desta vida.”
A Alma Iluminada, Alexandra Solnado
As Escolhas
Muitas vezes temos o hábito de dizer “eu faço o que posso”, sem nos darmos conta de que esta é uma expressão já de si limitativa. Parece que não posso fazer as coisas de outra maneira. “Faço o que posso” às vezes quer dizer que, “eu faço, e faço e faço”, sem pôr nada de mim no que faço, nem parar para pensar se o que estou a fazer é fruto de uma escolha minha, ou se estou a fazer simplesmente para cumprir os objectivos e as metas que me foram impostas.
Será que quando fazemos as coisas desta maneira quantitativa, “fiz isto, e aquilo e mais aquilo”, não estamos a secundarizar o que poderíamos estar de facto a fazer por opção? Isto é, será que quando fazemos o que podemos estamos a fazer segundo as nossas escolhas e a priorizar o Ser naquilo que fazemos, ou estamos pura e simplesmente a Fazer e a sentir que somos só o que Fazemos?
É preciso saber quais as nossas escolhas e segui-las atentamente. Se vêm do interior de nós próprios, nós sabemos que estamos a Ser. Se estamos a “fazer o que podemos”, priorizando o que fazer e ignorando as nossas escolhas, estamos a esquecer o Ser. Fazer não é Ser. Por isso interroguem-se…
Nós escolhemos o que somos ou somos o que fazemos?
Nós somos o que escolhemos ou fazemos o que podemos?
Só respeitando o que o nosso Eu Interior nos diz nós poderemos Ser.
A Era de Aquário e o Karma
Na Era de Peixes, todas as nossas decisões eram tomadas em função do medo, medo do pecado, medo de ser castigado, medo de errar. Os 10 mandamentos ou os sete pecados acabavam por, através do medo, ditar as nossas escolhas. Era preciso agir correctamente para a nossa consciência não ser julgada e condenada a partir do medo. “Se eu agir assim vou ser mau, se eu pensar desta maneira sou uma má pessoa...”
Na Era de Aquário estamos a fazer a mesma coisa mas em função do karma. Eu não faço isto porque me vai trazer mau karma, eu não penso aquilo porque vou criar mais karma. Ou seja estamos a fazer o mesmo erro. Estamos a deixar-nos limitar novamente por uma condicionante Se... se... ou se..., com a agravante de que agora em vez de 7 pecados ou 10 mandamentos temos uma infinidade de acções que se traduzem em karma.
Nunca agimos em função de nós próprios, da nossa essência, das nossas escolhas mais íntimas. O que fazer então para não cair em nenhuma destas condicionantes limitativas? Destes “ses”?
Conectarmo-nos à energia do Céu, que nos devolve a plenitude do nosso Ser, e agirmos em função dessas escolhas. As escolhas da essência do nosso Ser. É preciso ter a coragem de assumirmos quem nós somos. Se nos conectarmos à energia do céu encontramos o nosso Ser tal como ele é. Quando optamos em função da nossa essência mais íntima, da conexão com a plenitude do nosso Ser, não podemos errar. Podemos agir em consciência, através do que sentimos, não do que racionalizamos. E agiremos sempre bem.
“Porque no caminho do Ser não há erro. Tudo é evolução",
como Ele diz.
"Eu não estou longe de ti.
Estou sempre um pouco à frente,
para te obrigar a avançar."
Jesus
O Buda em Mim
Hoje na terapia de Contacto com o meu Eu Superior, ele ofereceu-me uma experiência surpresa, que não vou esquecer, nunca.
Depois de ter chegado lá acima, onde me deixei ficar até me sentir completamente reenergizada e limpa da densidade que tinha, o Eu Superior levou-me a um prado.
Aí libertei e minha essência e voei com ele até que, sem que desse por isso, deixei de o ver. Voei pelo belíssimo e vasto prado, de um verde tranquilizante e brilhante, e vi um rio, que subia, com as margens protegidas de um denso e fresco arvoredo. Era uma sombra protectora que me convidava a seguir caminho. Como pássaro, que é a imagem que tenho da minha essência, fui subindo até que encontrei uma cabana. Abri a porta e entrei. Lá dentro estava uma figura de Buda, sentado na sua posição de Lótus, que me disse que se era assim que eu preferia que O visse, não fazia mal. Jesus ou Buda, o coração é o mesmo. Não precisava de me sentir dividida em dilemas de com quem é que devia conectar. A energia é a mesma. E vi o coração vermelho que Jesus já me tem oferecido em meditações anteriores. Vivo e brilhante. Coloquei-o no meu peito e senti uma tranquilidade imensa e uma forte aceitação.
É a aceitação na essência, que tanto tenho feito por encontrar. Deixei-me meditar, longa e tranquilamente, e percebi e assimilei que, apesar de saber que, intelectualmente Jesus ou Buda são apenas nomes a que damos ao Divino, à energia universal, agora sinto-o no mais profundo do meu coração. E quando medito e me conecto com esta energia, entro do reino sem palavras e sem conceitos, de pura energia, onde qualquer discurso é inútil para procurar uma explicação… encontrei o Buda em mim.
Maria Gatas Sobral
Há dias fui à terapia de contacto com o meu Eu Superior mas só hoje me deu para escrever.
O meu Eu Superior surpreendeu-me com um novo santuário, e símbolo, para que eu aprenda a enfrentar os meus medos. Uma magnífica árvore, de braços longos e gigantescos. Uma copa de majestosa protecção e um símbolo do forte poder que as árvores têm de resistir milenarmente, sempre ascendendo ao céu, sem se importar com o que não interessa (no meu caso as opiniões dos outros, os seus gestos ou olhares, a que infelizmente sou tão sensível). Ela lá está, forte, de fresca sombra, tranquila, para quem se quiser abrigar sob os seus braços e a denso verde da sua folhagem. E grande, grande. Espaçosa, de um poderoso e intenso verde.
A sua imagem é para mim um poderoso símbolo do próprio processo espiritual do ser humano, com as raízes na terra mas sempre crescendo e ascendendo para o céu. Abrigo de aves que voam e nela poisam, como as pessoas que vamos encontrando e nos vão ajudando a elevar a nossa própria espiritualidade.
Senti que foi uma poderosa meditação, uma futura fonte de tranquilidade. Espero nunca me esquecer que, mais importante do que deixar que os outros me impeçam de ser quem sou, tenho uma poderosa árvore que me guia no caminho da minha essência.
Teresa A. Nunes
A Compreensão muda a Emoção
Qual é o nosso maior problema kármico? Emoção mal resolvida.
Qual a pior coisa que trazemos de outras vidas? Emoção que não resolvemos, seja raiva, culpa, rejeição… A compreensão muda tudo isto. E quando digo compreensão, digo aceitação, pois sem aceitação não há compreensão.
Nós estamos sempre a falar na mudança do sistema de crenças, em tentar mudar os conceitos em que fomos educados e em que acabámos por ficar fechados. Mas para isso temos que validar o nosso conhecimento através da nossa intuição. Se nos ensinam algo, nós só devemos aceitar se a nossa intuição aceitar. Temos de aprender a seguir a nossa intuição.
Podemos trazer raiva, rejeição, tristeza e outras emoções que não compreendemos, e que não estão resolvidas na nossa vida, mas a partir do momento em que tentamos perceber, compreender, e sobretudo aceitar, acabamos por processar essas emoções.
Porque é que se diz que as regressões a vidas passadas são tão eficazes? Porque as pessoas vão ao seu passado, às suas vidas anteriores, e tentam compreender. E assim mudar a aceitação. Se as pessoas vão ao passado e não aceitam, não há compreensão, e nada muda. Mas se conseguirem compreender, mudam a aceitação e o processar dessa emoção.
Como Ele diz…
“Vai ao passado. Vai ao que viveste, situação a situação, e revive-a, sofre-a outra vez, mas reenergiza-te com o amor incondicional que recebes cá de cima, enche cada situação de luz, enche-te - naquela época, com aquela imagem, com aquela roupa – de luz. E tudo se irá diluir em luz.
Irás colocar uma nova energia no teu passado, e ele, por sua vez, nunca mais te irá surpreender com a sua força traumática e traumatizante.
A isso chama-se limpar o karma. O karma desta vida.”
A Alma Iluminada, Alexandra Solnado
As Escolhas
Muitas vezes temos o hábito de dizer “eu faço o que posso”, sem nos darmos conta de que esta é uma expressão já de si limitativa. Parece que não posso fazer as coisas de outra maneira. “Faço o que posso” às vezes quer dizer que, “eu faço, e faço e faço”, sem pôr nada de mim no que faço, nem parar para pensar se o que estou a fazer é fruto de uma escolha minha, ou se estou a fazer simplesmente para cumprir os objectivos e as metas que me foram impostas.
Será que quando fazemos as coisas desta maneira quantitativa, “fiz isto, e aquilo e mais aquilo”, não estamos a secundarizar o que poderíamos estar de facto a fazer por opção? Isto é, será que quando fazemos o que podemos estamos a fazer segundo as nossas escolhas e a priorizar o Ser naquilo que fazemos, ou estamos pura e simplesmente a Fazer e a sentir que somos só o que Fazemos?
É preciso saber quais as nossas escolhas e segui-las atentamente. Se vêm do interior de nós próprios, nós sabemos que estamos a Ser. Se estamos a “fazer o que podemos”, priorizando o que fazer e ignorando as nossas escolhas, estamos a esquecer o Ser. Fazer não é Ser. Por isso interroguem-se…
Nós escolhemos o que somos ou somos o que fazemos?
Nós somos o que escolhemos ou fazemos o que podemos?
Só respeitando o que o nosso Eu Interior nos diz nós poderemos Ser.
A Era de Aquário e o Karma
Na Era de Peixes, todas as nossas decisões eram tomadas em função do medo, medo do pecado, medo de ser castigado, medo de errar. Os 10 mandamentos ou os sete pecados acabavam por, através do medo, ditar as nossas escolhas. Era preciso agir correctamente para a nossa consciência não ser julgada e condenada a partir do medo. “Se eu agir assim vou ser mau, se eu pensar desta maneira sou uma má pessoa...”
Na Era de Aquário estamos a fazer a mesma coisa mas em função do karma. Eu não faço isto porque me vai trazer mau karma, eu não penso aquilo porque vou criar mais karma. Ou seja estamos a fazer o mesmo erro. Estamos a deixar-nos limitar novamente por uma condicionante Se... se... ou se..., com a agravante de que agora em vez de 7 pecados ou 10 mandamentos temos uma infinidade de acções que se traduzem em karma.
Nunca agimos em função de nós próprios, da nossa essência, das nossas escolhas mais íntimas. O que fazer então para não cair em nenhuma destas condicionantes limitativas? Destes “ses”?
Conectarmo-nos à energia do Céu, que nos devolve a plenitude do nosso Ser, e agirmos em função dessas escolhas. As escolhas da essência do nosso Ser. É preciso ter a coragem de assumirmos quem nós somos. Se nos conectarmos à energia do céu encontramos o nosso Ser tal como ele é. Quando optamos em função da nossa essência mais íntima, da conexão com a plenitude do nosso Ser, não podemos errar. Podemos agir em consciência, através do que sentimos, não do que racionalizamos. E agiremos sempre bem.
“Porque no caminho do Ser não há erro. Tudo é evolução",
como Ele diz.
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Literatura Filosofia Política
Sexo casual,
- Uma pesquisa realizada na Inglaterra sugere que os homens gostam mais de sexo casual do que as mulheres. Publicado na revista científica Human Nature, o estudo é resultado da análise do comportamento de 1743 homens e mulheres nas manhãs seguintes às relações sexuais casuais. Os resultados mostram que 80% os homens avaliaram o encontro de maneira positiva, comparados com 54% das mulheres que fizeram uma boa avaliação da relação sexual. Segundo a pesquisa, os homens demonstram maior satisfação sexual, autoconfiança e gostam de contar aos amigos sobre suas experiências. Já muitas mulheres entrevistadas disseram se sentir usadas e decepcionadas e ainda se preocupam com a conseqüência para sua reputação. "As restrições feitas pelas mulheres foram menos relacionadas à brevidade do encontro, e mais ao fato de que os homens parecem não apreciá-las. Para as mulheres, essa falta de gratidão implicaria na percepção de que elas fazem isso com vários homens", disse Anne Campbell, que liderou a pesquisa. Evolução De acordo com a autora, o fato de as mulheres não terem se adaptado ao sexo casual está relacionado à própria evolução da espécie. "Em termos evolutivos, as mulheres sentem mais o peso do cuidado parental e há uma visão geral de que era uma vantagem para as mulheres escolher com cuidado e se manter fiéis aos seus parceiros para que eles não tenham motivo para pensar que estão cuidando do filho de outro homem", disse Campbell. Para ela, isso explicaria porque, para as mulheres, a qualidade importa mais do que a quantidade - uma opinião que, segundo a autora, seria diferente da dos homens. "Os homens são mais aptos a se reproduzirem e por isso se beneficiam de relações casuais com diversas parceiras", afirmou. De acordo com Campbell, as alterações hormonais provocadas pelo ciclo menstrual das mulheres poderiam explicar a razão pela qual, apesar de avaliarem as relações de forma negativa, elas continuam fazendo sexo casual. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
From:BBC Brasil
- Cientistas britânicos identificaram uma área do cérebro que encoraja o ser humano a optar pela novidade e pelo desconhecido. Segundo o estudo, realizado na University College, em Londres, a opção pelo desconhecido desperta a atividade na região do estriado ventral, localizada na área primitiva do cérebro. Essa região está relacionada com o processamento de recompensas e sua atividade provoca a liberação de dopamina - o que poderia, segundo os cientistas, explicar o "gosto pelo desconhecido". A pesquisa, publicada na revista científica Neuron, sugere ainda que a existência desse mecanismo de recompensas em uma área primitiva do cérebro pode ter contribuído na evolução e sobrevivência da espécie humana, que "ousou" experimentar o novo. "Buscar experiências novas e pouco familiares é uma tendência de comportamento em humanos e alguns animais. Faz sentido experimentar novas opções pois elas podem ser mais vantajosas a longo prazo", explica Bianca Wittmann, que liderou o estudo. "Por exemplo, um macaco que escolhe escapar da dieta à base de bananas, mesmo que isso signifique entrar em uma área nova da floresta ou comer um tipo novo de comida, pode enriquecer sua alimentação e deixá-la mais nutritiva", disse Wittmann. Atividade Para realizar o estudo, os cientistas trabalharam com voluntários e os deixaram familiarizados com um grupo de imagens e a cada uma estava atribuída uma recompensa. Ao longo da pesquisa, os participantes já sabiam quais eram as imagens que iriam trazer mais recompensas. No entanto, cada vez que os cientistas mostravam uma imagem nova, os voluntários apresentaram uma tendência em escolher a imagem desconhecida, ao invés das já familiares. Para analisar o fluxo de sangue no cérebro e identificar a área de maior atividade no momento da escolha pelo desconhecido, os cientistas fizeram exames de ressonância magnética nos voluntários e descobriram a atividade do estriado ventral. 'Perigos' Apesar de destacar que experimentar o novo pode trazer benefícios e vantagens a longo prazo, a pesquisa destaca que o mesmo mecanismo torna o ser humano mais vulnerável à exploração alheia - como, por exemplo, da indústria da publicidade ou de estratégias de marketing. "Posso ter uma barra de chocolates preferida, mas se eu vejo uma barra diferente que recebeu uma nova embalagem que promove o 'seu sabor novo e aperfeiçoado', minha busca pela novidade pode fazer com que eu me distancie da minha escolha tradicional", explicou Wittmann. Já para o professor Nathaniel Daw, que participou da pesquisa, a ação de 'recompensa' do cérebro para opções novas e desconhecidas pode ter efeitos colaterais ainda mais sérios. "Nos humanos, a intensa busca pela novidade pode ter um papel decisivo no gosto pela jogatina e vícios em drogas - dois comportamentos mediados por problemas na liberação de dopamina", disse. O professor Seth Grant, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, afirmou que a habilidade para reconhecer as novidades seria anterior à evolução do estriado ventral, já que a mesma capacidade já havia sido verificada nos invertebrados, que não possuem essa estrutura cerebral. No entanto, ele afirmou que é provável que o estriado tenha ajudado as espécies mais sofisticadas, como o homem, a refinar essa habilidade. BBC Brasil
From:BBC Brasil
- Cientistas britânicos identificaram uma área do cérebro que encoraja o ser humano a optar pela novidade e pelo desconhecido. Segundo o estudo, realizado na University College, em Londres, a opção pelo desconhecido desperta a atividade na região do estriado ventral, localizada na área primitiva do cérebro. Essa região está relacionada com o processamento de recompensas e sua atividade provoca a liberação de dopamina - o que poderia, segundo os cientistas, explicar o "gosto pelo desconhecido". A pesquisa, publicada na revista científica Neuron, sugere ainda que a existência desse mecanismo de recompensas em uma área primitiva do cérebro pode ter contribuído na evolução e sobrevivência da espécie humana, que "ousou" experimentar o novo. "Buscar experiências novas e pouco familiares é uma tendência de comportamento em humanos e alguns animais. Faz sentido experimentar novas opções pois elas podem ser mais vantajosas a longo prazo", explica Bianca Wittmann, que liderou o estudo. "Por exemplo, um macaco que escolhe escapar da dieta à base de bananas, mesmo que isso signifique entrar em uma área nova da floresta ou comer um tipo novo de comida, pode enriquecer sua alimentação e deixá-la mais nutritiva", disse Wittmann. Atividade Para realizar o estudo, os cientistas trabalharam com voluntários e os deixaram familiarizados com um grupo de imagens e a cada uma estava atribuída uma recompensa. Ao longo da pesquisa, os participantes já sabiam quais eram as imagens que iriam trazer mais recompensas. No entanto, cada vez que os cientistas mostravam uma imagem nova, os voluntários apresentaram uma tendência em escolher a imagem desconhecida, ao invés das já familiares. Para analisar o fluxo de sangue no cérebro e identificar a área de maior atividade no momento da escolha pelo desconhecido, os cientistas fizeram exames de ressonância magnética nos voluntários e descobriram a atividade do estriado ventral. 'Perigos' Apesar de destacar que experimentar o novo pode trazer benefícios e vantagens a longo prazo, a pesquisa destaca que o mesmo mecanismo torna o ser humano mais vulnerável à exploração alheia - como, por exemplo, da indústria da publicidade ou de estratégias de marketing. "Posso ter uma barra de chocolates preferida, mas se eu vejo uma barra diferente que recebeu uma nova embalagem que promove o 'seu sabor novo e aperfeiçoado', minha busca pela novidade pode fazer com que eu me distancie da minha escolha tradicional", explicou Wittmann. Já para o professor Nathaniel Daw, que participou da pesquisa, a ação de 'recompensa' do cérebro para opções novas e desconhecidas pode ter efeitos colaterais ainda mais sérios. "Nos humanos, a intensa busca pela novidade pode ter um papel decisivo no gosto pela jogatina e vícios em drogas - dois comportamentos mediados por problemas na liberação de dopamina", disse. O professor Seth Grant, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, afirmou que a habilidade para reconhecer as novidades seria anterior à evolução do estriado ventral, já que a mesma capacidade já havia sido verificada nos invertebrados, que não possuem essa estrutura cerebral. No entanto, ele afirmou que é provável que o estriado tenha ajudado as espécies mais sofisticadas, como o homem, a refinar essa habilidade. BBC Brasil
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Literatura Filosofia Política
Ruth Cardozo Brasil,90 anos de Nelson Mandela,Silvinha Araujo
SÃO PAULO - A antropóloga Ruth Corrêa Leite Cardoso nasceu em 1930 em Araraquara, interior de São Paulo, filha de um contador e de uma bióloga. Até 1945 estudou na cidade quando, aos 15 anos, decidiu se mudar para a capital para estudar no aristocrático colégio de freiras Des Oiseaux.
Veja também:
Morre em SP Ruth Cardoso
Serra e Alckmin lamentam a morte
'Ruth deu novo sentido ao papel de primeira-dama'Lula: morte 'é uma grande perda' para o Brasil
Galeria de fotos da trajetória de Ruth Cardoso
Em 1950, aos 19 anos, estava determinada a cursar Filosofia na Universidade de São Paulo (USP). Em 1952, começa a trabalhar na USP, no setor de RH. Conheceu Fernando Henrique Cardoso em 1951, e dois anos depois, em 1953, casaram-se. Tiveram três filhos.
Se formou em 1952, recebeu seu mestrado e doutorado em antropologia também pela USP em 1959 e 1972, respectivamente. Cursou seu pós-doutorado na Universidade de Columbia.
Depois do golpe, enfrentou o exílio ao lado do marido: primeiro, no Chile, onde Fernando Henrique trabalhou na Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) e ela deu aula na Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), que recebia alunos de muitos países. Depois foram para a França.
Era professora aposentada da USP e diretora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Atuou em instituições como Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso/Unesco), Universidade do Chile (Santiago do Chile), Maison des Sciences de L'Homme (Paris), Universidade de Berkeley (Califórnia) e Universidade de Columbia (Nova Iorque).
Academicamente, não teve produção cultural extensa."Ela escreveu pouca coisa, mas tudo que escreveu é importante", disse Roberto DaMatta, antropólogo da Universidade de Notre Dame, Indiana.
Em 1978 escreveu 'Sociedade e poder: representações dos favelados em São Paulo', trabalho considerado um marco do estudo das estruturas de poder nas grandes cidades. Além disso, publicou outros trabalhos de expressão como Bibliografia sobre a juventude e Mudança sociocultural e participação política nos anos 80.
Fundou em 1995 a ONG Comunidade Solidária, hoje conhecida como Comunitas, em que atuou até sua morte. A iniciativa é considerada embrião de diversas iniciativas sociais, das mais bem sucedidas.
Feminista declarada, a favor do aborto (que considerava uma liberdade feminina), apaixonada pela cozinha e, a princípio, contra a carreira política de FHC (com quem não se mudou para Brasília quando ele trocou a carreira de acadêmico pela de político em 1982), Ruth Cardoso defendia firmemente seu direto à privacidade.
Em diversas ocasiões, discutiu a obsessão da mídia por sua vida. "Vou resistir à imprensa até o fim. Por que essa mistura do público e do privado?", disse em 1994, no auge do assédio durante a campanha do marido.
Tags: Ruth Cardoso, falecimento O que são TAGS?
var keywords = "Ruth Cardoso; falecimento";
From:Folha de S.Paulo Online
SÃO PAULO - A cantora Sylvinha Araújo, uma das representantes do movimento musical da Jovem Guarda, nos anos 60, faleceu às 20h35 desta quarta-feira, 25, no Hospital 9 de Julho, em São Paulo, por conta de complicações de um câncer de mama.
Ela tinha 56 anos e era casada com o também cantor Eduardo Araújo, outro membro da Jovem Guarda. Ela estava internada desde o dia 4 de junho.
Lançou diversos discos e gravou mais de 2000 jingles para comerciais. A versão soul que gravou para a música Paraíba, de Luiz Gonzaga, rendeu-lhe o apelido de “Janis Joplin brasileira”, dado pelo produtor musical e crítico Nélson Motta.
Sylvinha havia se afastado da publicidade há alguns anos para se dedicar com o marido Eduardo à sua gravadora, a Number One. Em 2001 lançou o CD Suave é a Noite.
O enterro será nesta quinta-feira, 26, no cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, Grande São Paulo.
Ano passado foram comemorados os 40 anos da Jovem Guarda, um movimento que teve como principais destaques figuras como Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa.
From:Folha de S.Paulo Online
LONDRES - O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela condenou nesta quarta-feira, 25, a violência política e o que chamou de "trágico fracasso de liderança" no Zimbábue. Esta foi a primeira vez que o líder sul-africano falou sobre a crise no Zimbábue.
Veja também:
'Fico na embaixada enquanto for necessário' diz Tsvangirai
Opositor pede intervenção de tropas da ONU no Zimbábue
Leia artigo de Morgan Tsvangirai
Tsvangirai: de líder sindical a inimigo do regime
Mugabe, ditador do Zimbábue há quase 30 anos"Nós assistimos com tristeza à prolongada tragédia em Darfur (no Sudão). Mais perto de casa, nós vimos a explosão de violência contra irmãos africanos em nosso próprio país e o trágico fracasso de liderança em nosso vizinho Zimbábue", disse Mandela em Londres, em um jantar em comemoração aos seus 90 anos. Esta foi a primeira vez que o líder sul-africano falou sobre a crise no Zimbábue, que vem causando crescente preocupação internacional. Segundo o correspondente da BBC James Robbins, Mandela havia mantido silêncio até agora para não prejudicar os esforços do presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, como mediador da crise no Zimbábue. A atuação de Mbeki foi criticada por seu seu fracasso em resolver a crise. Também nesta quarta-feira, em uma reunião de emergência, representantes da Suazilândia, da Tanzânia e de Angola, países que integram a Comunidade de Desenvolvimento do Sul da África (SADC, na sigla em inglês), pediram que o governo do Zimbábue adie o segundo turno das eleições presidenciais, marcado para esta sexta-feira. A crise no país africano se agravou no último domingo, quando o líder da oposição e candidato à Presidência pelo Movimento para a Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês), Morgan Tsvangirai, retirou sua candidatura no segundo turno e buscou refúgio na embaixada da Holanda em Harare, capital do Zimbábue. Tsvangirai foi o mais votado no primeiro turno das eleições, em março, com cerca de 48%, enquanto o presidente Robert Mugabe obteve cerca de 43%. O número de votos, porém, não foi suficiente para que ele vencesse no primeiro turno. O MDC afirma que 86 de seus partidários foram mortos e 200 mil pessoas expulsas de suas casas devido a uma suposta campanha de perseguição praticada por aliados do presidente Mugabe. Nesta quarta-feira, Tsvangirai pediu a intervenção de líderes africanos para a superar a crise política. Na segunda-feira, o Conselho de Segurança da ONU já havia condenado por unanimidade a intimidação contra a oposição do Zimbábue e dito que a violência torna "impossível" uma votação livre e justa no segundo turno da eleição presidencial.
Os Estados Unidos também afirmaram que não vão reconhecer os resultados da votação. O presidente do Zimbábue rejeita as críticas e, apesar dos apelos da comunidade internacional, disse que as eleições serão realizadas na sexta-feira como planejado.
From:BBC Brasil
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Morre em SP Ruth Cardoso
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Em 1950, aos 19 anos, estava determinada a cursar Filosofia na Universidade de São Paulo (USP). Em 1952, começa a trabalhar na USP, no setor de RH. Conheceu Fernando Henrique Cardoso em 1951, e dois anos depois, em 1953, casaram-se. Tiveram três filhos.
Se formou em 1952, recebeu seu mestrado e doutorado em antropologia também pela USP em 1959 e 1972, respectivamente. Cursou seu pós-doutorado na Universidade de Columbia.
Depois do golpe, enfrentou o exílio ao lado do marido: primeiro, no Chile, onde Fernando Henrique trabalhou na Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) e ela deu aula na Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), que recebia alunos de muitos países. Depois foram para a França.
Era professora aposentada da USP e diretora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Atuou em instituições como Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso/Unesco), Universidade do Chile (Santiago do Chile), Maison des Sciences de L'Homme (Paris), Universidade de Berkeley (Califórnia) e Universidade de Columbia (Nova Iorque).
Academicamente, não teve produção cultural extensa."Ela escreveu pouca coisa, mas tudo que escreveu é importante", disse Roberto DaMatta, antropólogo da Universidade de Notre Dame, Indiana.
Em 1978 escreveu 'Sociedade e poder: representações dos favelados em São Paulo', trabalho considerado um marco do estudo das estruturas de poder nas grandes cidades. Além disso, publicou outros trabalhos de expressão como Bibliografia sobre a juventude e Mudança sociocultural e participação política nos anos 80.
Fundou em 1995 a ONG Comunidade Solidária, hoje conhecida como Comunitas, em que atuou até sua morte. A iniciativa é considerada embrião de diversas iniciativas sociais, das mais bem sucedidas.
Feminista declarada, a favor do aborto (que considerava uma liberdade feminina), apaixonada pela cozinha e, a princípio, contra a carreira política de FHC (com quem não se mudou para Brasília quando ele trocou a carreira de acadêmico pela de político em 1982), Ruth Cardoso defendia firmemente seu direto à privacidade.
Em diversas ocasiões, discutiu a obsessão da mídia por sua vida. "Vou resistir à imprensa até o fim. Por que essa mistura do público e do privado?", disse em 1994, no auge do assédio durante a campanha do marido.
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From:Folha de S.Paulo Online
SÃO PAULO - A cantora Sylvinha Araújo, uma das representantes do movimento musical da Jovem Guarda, nos anos 60, faleceu às 20h35 desta quarta-feira, 25, no Hospital 9 de Julho, em São Paulo, por conta de complicações de um câncer de mama.
Ela tinha 56 anos e era casada com o também cantor Eduardo Araújo, outro membro da Jovem Guarda. Ela estava internada desde o dia 4 de junho.
Lançou diversos discos e gravou mais de 2000 jingles para comerciais. A versão soul que gravou para a música Paraíba, de Luiz Gonzaga, rendeu-lhe o apelido de “Janis Joplin brasileira”, dado pelo produtor musical e crítico Nélson Motta.
Sylvinha havia se afastado da publicidade há alguns anos para se dedicar com o marido Eduardo à sua gravadora, a Number One. Em 2001 lançou o CD Suave é a Noite.
O enterro será nesta quinta-feira, 26, no cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, Grande São Paulo.
Ano passado foram comemorados os 40 anos da Jovem Guarda, um movimento que teve como principais destaques figuras como Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa.
From:Folha de S.Paulo Online
LONDRES - O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela condenou nesta quarta-feira, 25, a violência política e o que chamou de "trágico fracasso de liderança" no Zimbábue. Esta foi a primeira vez que o líder sul-africano falou sobre a crise no Zimbábue.
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'Fico na embaixada enquanto for necessário' diz Tsvangirai
Opositor pede intervenção de tropas da ONU no Zimbábue
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Tsvangirai: de líder sindical a inimigo do regime
Mugabe, ditador do Zimbábue há quase 30 anos"Nós assistimos com tristeza à prolongada tragédia em Darfur (no Sudão). Mais perto de casa, nós vimos a explosão de violência contra irmãos africanos em nosso próprio país e o trágico fracasso de liderança em nosso vizinho Zimbábue", disse Mandela em Londres, em um jantar em comemoração aos seus 90 anos. Esta foi a primeira vez que o líder sul-africano falou sobre a crise no Zimbábue, que vem causando crescente preocupação internacional. Segundo o correspondente da BBC James Robbins, Mandela havia mantido silêncio até agora para não prejudicar os esforços do presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, como mediador da crise no Zimbábue. A atuação de Mbeki foi criticada por seu seu fracasso em resolver a crise. Também nesta quarta-feira, em uma reunião de emergência, representantes da Suazilândia, da Tanzânia e de Angola, países que integram a Comunidade de Desenvolvimento do Sul da África (SADC, na sigla em inglês), pediram que o governo do Zimbábue adie o segundo turno das eleições presidenciais, marcado para esta sexta-feira. A crise no país africano se agravou no último domingo, quando o líder da oposição e candidato à Presidência pelo Movimento para a Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês), Morgan Tsvangirai, retirou sua candidatura no segundo turno e buscou refúgio na embaixada da Holanda em Harare, capital do Zimbábue. Tsvangirai foi o mais votado no primeiro turno das eleições, em março, com cerca de 48%, enquanto o presidente Robert Mugabe obteve cerca de 43%. O número de votos, porém, não foi suficiente para que ele vencesse no primeiro turno. O MDC afirma que 86 de seus partidários foram mortos e 200 mil pessoas expulsas de suas casas devido a uma suposta campanha de perseguição praticada por aliados do presidente Mugabe. Nesta quarta-feira, Tsvangirai pediu a intervenção de líderes africanos para a superar a crise política. Na segunda-feira, o Conselho de Segurança da ONU já havia condenado por unanimidade a intimidação contra a oposição do Zimbábue e dito que a violência torna "impossível" uma votação livre e justa no segundo turno da eleição presidencial.
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Literatura Filosofia Política
Links e Agenda 25.06.2008
Assoçiação Portuguesa para o desenvolvimento de Teletrabalho
(trabalhar em casa)
-Algarve, férias,Casa Companhia das Culturas,Qts duplos 80 eur/120eur,
Castro Marim Fazenda de S.Bartolomeu,T:969 379 342
e-mail:companhiadasculturas@sapo.pt
Pelas margems do Guadiana até Alcoutim,S.Lucar do Guadiana em Es,Ria Formosa,
Cacela-a-Velha,praia da Manta Rota,da Fábrica,Reserva Natural do Sapal.
http://revista.gingko.pt
Sites denuncia na Net:
report@linhaalerta.internetsegura.pt
T:218 440 126 9h30-12h30,13h30-17h30
http://www.linhaalerta.internetsegura.pt
Boleias partilhar carro,pedir BI e confirmar no local:
www.carpool.com.pt
www.deboleia.com
Espaço Prama
20.07 Yoga crianças
Retiro Moinhos Velhos em Lagos-Algarve
26.07 a 02.08
T:351 282 687 147
www.moinhos-velhos.com
Agência Papa Léguas
Sintra á noite
T:21 845 2689/90
Workshops Meditação
www.meditar-em-lisboa.org
Massagems
Espaço Maaiana
www.maaiana.pt
Conta-Gotas
"Aproveite ao máximo cada gota do seu tempo"
"somos ricos ou pobres?Dê a resposta aos filhos, os gastos têm limites"
revista Gingko
Esplanada Kubo
Fim do dia ou noite
até Setembro ,
www.grupo-k.pt
Rua da Cintura, Santos,Lisboa
T:213 932 930
Ioga do Riso
Juntam-se para rir ás gargalhadas
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quarta-feira, 25 de junho de 2008
terça-feira, 24 de junho de 2008
Violência Escolar,Bullying,
"Falta à União cidadania europeia. Os europeus têm poucos meios para influenciar as decisões dos dirigentes e mesmo para as compreender."
Mário Soaras, "Diário de Notícias", 24-06-2008
Conferência hoje em Lisboa
Daniel Sampaio: Indisciplina deve ser olhada como uma forma de violência
23.06.2008 - 13h59 Lusa
O psiquiatra Daniel Sampaio alertou hoje para a necessidade da indisciplina escolar ser olhada como uma forma de violência que deve ser trabalhada e combatida."Há uma diferença entre indisciplina e violência mas quando se diz que indisciplina nada tem a ver com violência não estamos no bom caminho", disse o psiquiatra português numa intervenção no âmbito da 4ª Conferencia Internacional sobre Violência Escolar e Políticas Públicas, a decorrer em Lisboa até quarta-feira. Na sessão de abertura da conferência, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, disse ser importante estabelecer uma diferença entre violência e indisciplina escolar. Maria de Lurdes Rodrigues referiu que enquanto a indisciplina está mais generalizada nas escolas portuguesas, a violência escolar está circunscrita, uma vez que 90 por cento das ocorrências têm lugar em cinco por cento das escolas. Já para Daniel Sampaio, violência escolar é todo o comportamento que pode violar a missão educativa de uma escola, uma missão que cada estabelecimento de ensino deve desenhar e definir. Para combater estes fenómenos, explicou, deve ser reconhecida a participação de todos os agentes educativos, incluindo os alunos autores dos actos de disciplina e de violência, o que, acrescentou, não é muito frequente acontecer em Portugal. "Impressiona-me não se perguntar aos alunos o que pensam da violência", disse. Por outro lado, defendeu que devem ser avaliadas as causas de violência através dos factores de risco dos alunos de diferentes idades e ainda da escola. Na infância são factores de risco a violência nas famílias e as perturbações de comportamento, enquanto na adolescência se detecta como factor de risco a fraca ligação com colegas não delinquentes, a adesão a gangues, os comportamentos anti-sociais. Relativamente ao percurso escolar, Daniel Sampaio considera que são factores de risco as expectativas reduzidas face à possibilidade de sucesso, o deficiente apoio da família e a pouca ligação entre os professores e os pais. O combate à indisciplina e violência escolar, acrescentou, passa ainda pelo estabelecimento de programas sistemáticos de prevenção, que no jardim de infância e no 1º ciclo devem ser feitos com a família, enquanto que nos adolescentes as iniciativas devem centrar-se nos grupos juvenis. Por outro lado, Daniel Sampaio destacou ainda a importância de uma estratégia de intervenção na sala de aula com mediadores que estabeleçam uma ligação entre a escola e a família.
Conferência hoje em Lisboa
Daniel Sampaio: Indisciplina deve ser olhada como uma forma de violência
23.06.2008 - 13h59 Lusa
O psiquiatra Daniel Sampaio alertou hoje para a necessidade da indisciplina escolar ser olhada como uma forma de violência que deve ser trabalhada e combatida."Há uma diferença entre indisciplina e violência mas quando se diz que indisciplina nada tem a ver com violência não estamos no bom caminho", disse o psiquiatra português numa intervenção no âmbito da 4ª Conferencia Internacional sobre Violência Escolar e Políticas Públicas, a decorrer em Lisboa até quarta-feira. Na sessão de abertura da conferência, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, disse ser importante estabelecer uma diferença entre violência e indisciplina escolar. Maria de Lurdes Rodrigues referiu que enquanto a indisciplina está mais generalizada nas escolas portuguesas, a violência escolar está circunscrita, uma vez que 90 por cento das ocorrências têm lugar em cinco por cento das escolas. Já para Daniel Sampaio, violência escolar é todo o comportamento que pode violar a missão educativa de uma escola, uma missão que cada estabelecimento de ensino deve desenhar e definir. Para combater estes fenómenos, explicou, deve ser reconhecida a participação de todos os agentes educativos, incluindo os alunos autores dos actos de disciplina e de violência, o que, acrescentou, não é muito frequente acontecer em Portugal. "Impressiona-me não se perguntar aos alunos o que pensam da violência", disse. Por outro lado, defendeu que devem ser avaliadas as causas de violência através dos factores de risco dos alunos de diferentes idades e ainda da escola. Na infância são factores de risco a violência nas famílias e as perturbações de comportamento, enquanto na adolescência se detecta como factor de risco a fraca ligação com colegas não delinquentes, a adesão a gangues, os comportamentos anti-sociais. Relativamente ao percurso escolar, Daniel Sampaio considera que são factores de risco as expectativas reduzidas face à possibilidade de sucesso, o deficiente apoio da família e a pouca ligação entre os professores e os pais. O combate à indisciplina e violência escolar, acrescentou, passa ainda pelo estabelecimento de programas sistemáticos de prevenção, que no jardim de infância e no 1º ciclo devem ser feitos com a família, enquanto que nos adolescentes as iniciativas devem centrar-se nos grupos juvenis. Por outro lado, Daniel Sampaio destacou ainda a importância de uma estratégia de intervenção na sala de aula com mediadores que estabeleçam uma ligação entre a escola e a família.
Entrevista ao presidente do Observatório Internacional para a Violência Escolar
Eric Debarbieux: “Os professores não são treinados para agir em caso de violência”
22.06.2008 - 19h57 Bárbara Wong
A violência não está a aumentar, diz Eric Debarbieux, professor de Ciências da Educação da Universidade de Bordéus, em França. Mas é preciso agir, não com medidas repressivas, mas pensadas a longo prazo. É presidente do Observatório Internacional da Violência Escolar, uma organização não governamental “científica”, uma “federação de investigadores” de 52 países, que faz estudos e recomendações aos Governos. A quarta conferência internacional decorre entre amanhã e quarta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.Qual é o grau de influência do Observatório Internacional da Violência Escolar nas políticas dos países?O nosso objectivo é ter influência, dizer o que está certo e errados nas políticas públicas. Por exemplo, sabemos que o melhor caminho não é ter políticas de repressão nas escolas e dizemos isso. O que não significa que sejamos ouvidos pelos políticos. A violência na escola é um tópico inconveniente que é recorrentemente recuperado pelos média e pelos políticos, que exageram sobre as suas causas e os seus efeitos. Contudo, a investigação mostra que a violência na escola não está a aumentar. Não está a aumentar?Vou dar um exemplo: Recentemente um país africano pediu-nos para fazermos um estudo. O observatório concluiu que o problema era as crianças não irem à escola, sobretudo as raparigas e recomendamos que o investimento devia ser feito na sua educação. É claro que não ficaram satisfeitos. A razão científica nem sempre é palavra de acção, mas é essa a nossa função.A violência escolar vai da agressão verbal aos massacres nas escolas? Os tiroteios não são um problema real. Nos EUA, os estudos dizem que o risco de um aluno ser vítima de um tiroteio é de um para um milhão, no entanto, 80 por cento dos estudantes tem medo de ser vítima. O verdadeiro problema é a violência continuada e repetida, a que chamamos bullying, sobre alunos, mas também sobre professores. Por vezes, pensa-se que não é importante, que é uma coisa pequena, mas sabemos que as consequências são muito graves para as suas vítimas. Há pesquisa que mostra que uma vítima de bullying pode tentar o suicídio mais quatro vezes do que alguém que nunca sofreu bullying na escola. É contra esta pequena violência que temos de lutar.É diferente de país para país?Há países onde há problemas graves de violência escolar. Em África, no Burkina Faso, 37 por cento das raparigas já foram vítimas de abusos sexuais por parte dos professores. Outro problema são os castigos corporais, nos EUA há 18 estados onde ainda são permitidos. Sabemos que as consequências podem ser nefastas. Por exemplo, grande parte dos tiroteios dentro de escolas é nesses estados onde os professores podem bater nos alunos. Disse que a violência escolar não está a aumentar, mas são tornados públicos cada vez mais casos. Porquê?Em França, a média do número de alunos vítimas de bullying não está a aumentar, mas se observarmos as escolas dos subúrbios, de zonas mais frágeis em termos sócio-económicos, a violência escolar está a crescer. Na Europa, a violência na escola está ligada à exclusão social e é um assunto que a democracia deve combater. Mas não é assim em todos os países.Quer dizer que a violência pode não estar ligada à exclusão?Em muitos países pobres africanos e da América Latina a violência escolar não é um problema porque a comunidade protege a escola. Para ela, a escola é um capital social, é uma oportunidade para sair da pobreza, enquanto noutros países, na Europa e EUA, a escola é vista como um inimigo. No Brasil, nas favelas onde não há saneamento, a escola é o único bem e os professores têm até 80 alunos na sala de aula e não há problemas de violência.Significa que depende do contexto onde a escola se encontra?É o que vamos discutir neste congresso: A violência em contexto. Como é que o contexto pode fazer parte da solução? Sabemos que há dezenas de milhares de alunos, em todo o mundo, que odeiam o clima escolar.Porque a escola continua a ser igual desde a revolução industrial e recebe públicos para os quais diz não estar preparada?Os professores não são preparados para intervir. Por exemplo, uma hospedeira é treinada para reconhecer o stress de um passageiro, um quadro bancário para a gestão e dinâmica de grupo, e os professores não. Em termos políticos, é uma prioridade repensar a formação. A maneira como se gerem os conflitos é muito importante, há necessidade de formar os professores também para trabalhar em equipa. Se não houver esse trabalho de equipa, a porta da escola está aberta para entrar a cultura de violência. Não podemos mudar a família ou a sociedade, mas podemos mudar a maneira como se trabalha na escola. A pedagogia pode contribuir para a solução.Os alunos precisam de gostar da escola?O sentimento de pertença à escola é uma das chaves. Se um professor ou um aluno está isolado, corre maior risco de ser vítima de violência. Por isso, é preciso apostar na boa convivência escolar. É uma necessidade criminológica para nos proteger da violência escolar, porque os agressores não são corajosos, são jovens que atacam e roubam os da mesma classe social. Se há uma equipa a funcionar na escola, as agressões podem reduzir-se.E as câmaras de vídeo ou a polícia à porta da escola?Há escolas com os portões fechados e videovigilância. São meios que podem tornar-se perigosos porque os alunos interpretam que a escola os quer vigiar e controlar, bem como aos amigos e à família. O desafio é evitar a violência de exclusão, ou seja, aquela que é feita fora da escola contra a polícia, os transportes públicos, os bombeiros, porque essa é mais difícil de controlar. As escolas devem criar regras claras contra o bullying. Quais devem ser as responsabilidades dos governos?Formar professores para saberem gerir conflitos. Tomar medidas de apoio às vítimas, mas também de apoio aos agressores. Não basta agitar o cassetete, os Governos devem dar uma resposta que não seja dura e imediata, mas de longo prazo. Os governantes sentem um enorme fascínio pela repressão da violência extrema e isso deve-se à pressão mediática. Não há imagens da pequena violência, diária e repetida; mas há das consequências de um tiroteio num liceu norte-americano, que passam repetidamente na televisão. As políticas públicas devem dirigir-se à pequena violência.
Origens e causas da violência escolar O que está na origem da violência escolar? Não há uma causa, mas muitas que estão ligadas. A escola, a família, a comunidade... Sabemos que se os pais forem muito disciplinadores, que inflijam castigos corporais, pode haver mais violência; mas o contrário também pode dar origem a violência, ou seja, se os pais não exercerem qualquer controlo. O modo como se educa pode ser uma das explicações, mas não é a única. Não se pode falar de determinismo. Há novas formas de violência escolar? O cyberbullying é um problema novo, ainda não há dados quantitativos, mas muitos inquéritos revelam que há um aumento. É o mesmo problema que o bullying, o meio usado é que é diferente. Quem são as vítimas? São os alunos, sobretudo rapazes, vítimas de violência física; há menos vítimas do sexo feminino e a forma de violência exercida é condená-las ao ostracismo. Não posso dizer que seja pior, porque a violência física é acompanhada de violência verbal. As consequências são muito importantes: o absentismo, maus resultados escolares, falta de auto-estima, por vezes, sentimentos de culpa. No futuro, as vítimas podem tornar-se agressoras? A maior parte das vítimas não se tornam agressoras. Mas acontece. O risco é que reproduzam esses comportamentos com os seus próprios filhos. Sabemos que 80 por cento dos casos dos autores de massacres nos EUA foram vítimas de bullying.
Acho que a solução reside em ambos os contextos: no espaço escolar onde seria necessário existir mais vigilância seja pela existencia de maior numero de auxiliares seja por maior apoio psicológico para agressores e para agredidos para que essas situações fossem reduzidas ao minimo. Em familia é necessário ensinar aos nossos filhos a não sermos preconceituosos com as diferenças dos outros sejam elas fisicas ou psicológicas e aceitar todas as pessoas como iguais.
ALVES- QTA DO CONDE 24.06.2008 09.17H Destak
INSTANTES
Nuvens no café
24 06 2008 09.15H
Engraçado, há anos que ando com esta expressão na minha cabeça, a saboreá-la como quem tem um caramelo na boca, e o desfaz bem devagarinho.
Sempre que penso em dias doces, dias de tranquilidade, vem me à ideia as tais nuvens no meu café, como se o leite ou as natas fossem pedaços que retirei do céu.
Coisa estúpida mas se pensarmos bem, são os momentos mais pequenos, os factos mais singelos que nos marcam a memória para sempre.
O cheiro do pão quente, o perfume da terra molhada quando a chuva cai sem ser esperada e depois desaparece como por milagre, o fragrância misteriosa da pele de uma criança, o sentir o cabelo molhado e levado pelo vento, o olhar que fixamos em alguém e que por razão nenhuma nos fica na memória para sempre, instantes apenas mas muitos anos passados são muitas vezes o que nos leva para o a terra do que já foi, do que já fomos.
Cada um de nós tem a sua própria colecção de recordações, de fotografias a preto e branco onde somos meninos de laços no cabelo ou calções pelo joelho e contudo, lembramo-nos perfeitamente do tecido grosso que nos tocava o corpo ou do cetim leve que roçava a face.
Para mim, num dia perfeito, ou num momento perfeito, vêem-me à cabeça uma chávena de flores coloridas e lá dentro, nuvens no meu café com leite!
Depois, fico parada a olhar para a minha neta, que nos seus fantásticos três anos apenas é capaz de sair a porta da minha casa, sentar-se na relva e dizer-me: Que belo dia avó!
E eu por ali fico a descobri-la e nem consigo imaginar quais irão ser as memórias da minha princesa.A vida corre hoje muito depressa!
Luisa Castel-Branco Destak
Ser mãe é isto
17 06 2008 08.41H
Queria abraçar-te com força, tomar-te nos meus braços e embalar-te pelo dia adentro e até ao fim da noite.
Queria limpar as tuas lágrimas com um pano suave como uma nuvem, tocar ao de leve a tua pele, deixando os meus dedos afagarem cada pedacinho, para te tapar com amor, com desvelo e carinho.
Queria ter a certeza que o céu te cobrirá para sempre de bênçãos, que a tua vida será doce, aprazível, calma como o mar em dia de maré vazia, quando foge da praia e parece plano, um espelho. Queria afastar de ti todos os perigos, todos os males, todas as mágoas.
Mas sei que não é possível e sei também que é assim que deve ser. Porque quem nunca chorou não é um ser humano pleno, quem nunca se arrependeu de algo não vale a pena andar por cá, a gastar palavras e gestos e a fingir que existe.
Porque o teu futuro é hoje, e o que foi ontem e o que será o amanhã e tu guardarás dentro de ti tudo o que viveste, o que doeu e o que te fez rir, numa mistura tão estranha como poderosa.
Porque os que atravessam a vida plenos de certezas, os que nos rodeiam e não sentem necessidade de questionar porque nasce o sol, quem fez as flores ou o que vai dentro de alma se é verdadeiro ou não, ou se tudo o que sentimos é uma fuga, desses não devemos ter nada a não ser pena.
O meu amor por ti será sempre maior que o universo. Porque te sei como tu não sabes, te conheço como ninguém e por estas razões só posso ter orgulho, e não existe dentro de mim sobra de medo do teu futuro, da tua vida. Ser mãe é isto.
Luisa Castel-Branco
A política precisa de jovens
27 05 2008 08.47H
Fui militante do PSD há muitos anos. Depois passei a simpatizante e depois desisti. Eu que considero que a politica é algo de que temos obrigação de nunca nos alhearmos.
Independentemente do que possamos pensar sobre a classe política, que muitas vezes não se dá ao respeito deixando-nos espantados com as guerrilhas e conversas sem substância em vez da apresentação de verdadeiros projectos para o futuro dos nossos filhos e netos, também a comunicação social passou para a tratar, com honrosas excepções, os políticos como meros figurantes dos supostos jet-set, perdendo-se em ridicularias em vez de investigação séria.
Não me dou bem com disciplinas partidárias, e quanto mais avanço na vida mais difícil é aceitar um mundo dividido por siglas partidárias, com os bons de um lado e os maus do outro. Ao longo dos anos, criei amizades em todos os partidos. O que me parece totalmente normal. Gosto de alguém pelo ser humano que é, pela rectidão de carácter, pela abertura de espírito. Acredito na necessidade da sociedade civil intervir, discutir e participar cada vez mais nos assuntos e decisões que tocam a vida de todos nós, porque esse é um dos pilares da democracia.
E para alguém que viveu no Portugal anterior à Revolução, que sentiu na pele o que é ser tratada como uma cidadã de segunda, sem os direitos mais básicos, é fácil não esquecer a importância de sermos livres de discordar, livres de falar abertamente.
Sou amiga de Pedro Passos Coelho há mais de vinte anos. E não concordei muitas vezes com as suas posições no PSD. Depois, como muitos portugueses, afastei-me mas nunca abdiquei das minhas opiniões, fossem elas secundadas pelo PS, pelo Bloco de Esquerda, e, infelizmente, raramente pelo PSD.
A democracia, para ser verdadeiramente forte de forma a poder enfrentar as crises económicas e sociais, para poder preparar o futuro, necessita, para além de um governo sério, de um oposição forte, e simultaneamente consciente das suas responsabilidades. Pedro Passos Coelho veio trazer à ribalta, nestas directas do PSD, temas tão politicamente incorrectos como o casamento homossexual, a liberalização das drogas, a cruel realidade do futuro do serviço nacional de saúde. Não tenho quaisquer dúvidas em dizer que Pedro Passos Coelho representa o futuro. Um futuro onde os jovens voltem a interessar-se pela política, e onde seja possível uma discussão de ideias e não de trivialidades.
Não é a minha amizade de longa data que me leva a escrever este texto. Enquanto cidadã, mãe e avó, espero que ele ganhe as eleições no PSD para depois poder-lhe exigir o cumprimento dos seus princípios.
Luisa Castel-Branco
Durante anos traduzi a palavra Bullying por Tortura, embora agora já se use o termo inglês. Tortura descreve bem esta realidade cruel que vitimiza uma criança ou adolescente, que por ser 'diferente' (usa óculos, tem peso a mais ou é franzino, tem notas excelente, etc), é escolhido como bode expiatório, normalmente por um líder de um pequeno grupo de seguidores, que individualmente não lhe fariam mal, mas que na presença do chefe se juntam à chacota.
O círculo vicioso criado é evidente: o torturado sofre danos irreparáveis à sua auto-estima, guarda o segredo por vergonha e com medo de represálias, tenta fugir à escola, usando um leque de pretextos, somatiza o sofrimento e, por vezes, chega mesmo ao suicídio.
Durante séculos (e não o será ainda, para muitos? Basta ver como se reage aos rituais mais bárbaros de iniciação de caloiros), a culpa foi atribuída à vítima, por se considerar «que se deixava humilhar», e muitos adultos fechavam os olhos, convencidos de que assim haviam de aprender a fazer-se homens/mulheres.
Sabe-se, no entanto, que esta forma de violência não tem nada de inocente, nem de pedagógico, e que se trata de um fenómeno muito complexo, em que é preciso ajudar tanto o torturador, que se refugia nestes comportamentos de prepotência e sadismo, como o torturado, que precisa de aprender a fazer-se valer, sob risco de continuar pela vida fora a colocar-se em posições de minoridade, que chamam sobre si constantes abusos.
Hoje o bullying está sob o microscópio dos especialistas do comportamento, e já foram criados programas anti-tortura de grande êxito, que muitas escolas aplicam, nomeadamente entre nós. Carlos Neto foi coordenador, em Portugal, de um projecto internacional nesta área.
Ao ler um resumo do trabalho, uma frase ficou-me na memória: «As escolas que permitem o bullying, dão aos alunos modelos muito pobres do que é ser cidadão numa sociedade democrática». O tema vai estar esta semana em debate.
Isabel Stilwell editorial@destak.pt
A sensibilidade das mulheres faz falta na política e nos lugares de destaque. Não é igual à dos homens, por muito que não seja politicamente correcto dizê-lo, e ainda bem.
Nem podia ser, resultando, como é óbvio, de um processo educativo completamente diferente, que começa no berço quando se vestem as meninas de cor-de-rosa e os rapazes de azul, e continua, em casa e na escola.
Nem sequer vale a pena chamar para aqui os cromossomas, os dois XX da mulher e o XY, o X coxo, dos homens, como o rotulou com graça o psiquiatra Pio de Abreu. É que sinceramente, o poder da aculturação é tão forte, que o DNA pode muito menos do que nos querem fazer crer.
Homens e mulheres vivem, ainda, existências completamente diferentes, sobretudo quando se constituem em casal, e cada um assume os seus pelouros. Embora no futuro a tendência seja para diluir papéis, hoje a realidade que uma mulher vê, sente e discute é radicalmente diversa daquela que um homem encontra nas mesmas 24 horas.
Sendo assim, é natural que as suas causas e lutas na política, sejam também singulares. Em lugares de responsabilidade, terão sempre as antenas mais ligadas para algumas questões, como os direitos das crianças, a conciliação do trabalho doméstico e profissional, a violência em casa.
As grandes alterações legislativas foram, em muitos casos, resultado de verdadeiras batalhas encabeçadas por mulheres, nomeadamente de mulheres ligadas ao Direito.
As deputadas na Assembleia da República são as primeiras a protestar com «detalhes» que a maioria dos homens considera irrelevantes, como a falta de Jardins de Infância, ou o apoio às mães.
Ontem foi a vez de Teresa Caeiro, deputada do CDS/PP, apresentar um projecto-lei que visa, entre outras coisas, que os abusadores de menores condenados não vejam o seu passado apagado, quando são os direitos das crianças que estão em risco. Mas o importante é perceber que o fazem não porque são «assuntos de mulheres», mas porque são fundamentais.
Isabel Stilwell editorial@destak.pt
Já viram um artista a desenhar caricaturas? Vale a pena ver. Mas em vez de olharem para o desenho, ponham-se antes atrás do cavalete para verem as expressões do desenhador. À medida que transporta os traços para o desenho, o caricaturista vai fazendo caretas que imitam, com exagero, as feições do seu modelo. O fenómeno é deveras interessante, mas é também uma lição sobre o nosso funcionamento mental. Conhecer alguém ou alguma coisa é transformar-se nele ou nela.
Num filme de Joseph Losey sobre uma peça de Brecht - Galileo - quando os bispos recebem a novidade de que é a Terra que anda à volta do Sol e não o contrário, põem-se a rodopiar, quais planetas, em volta uns dos outros. Talvez não exista outra maneira de perceber o que não é imediatamente evidente, senão usar o próprio corpo como modelo. A imitação está na base de toda a aprendizagem. As crianças imitam desde que nascem e começam a imitar em diferido, ou seja, a representar. Imitam e representam o que lhes parece pouco usual ou, de algum modo, lhes chama a atenção. Já crescidos, imitamos quem nos agrada, mas também quem nos desagrada. E imitamos, sobretudo, aqueles que invejamos.
Nem sempre imitamos para fazer caricaturas, mas cultivamos uma arte que também exagera e comunica os defeitos dos outros: o mexerico. E os melhores artistas são, como vimos, aqueles que apreendem tais defeitos por imitação. Por muito que pratique, um caricaturista não consegue ficar com a cara de outra pessoa. Mas um bom mexeriqueiro não tardará a praticar aquilo que mais critica.
J.L. Pio Abreu
Mário Soaras, "Diário de Notícias", 24-06-2008
Conferência hoje em Lisboa
Daniel Sampaio: Indisciplina deve ser olhada como uma forma de violência
23.06.2008 - 13h59 Lusa
O psiquiatra Daniel Sampaio alertou hoje para a necessidade da indisciplina escolar ser olhada como uma forma de violência que deve ser trabalhada e combatida."Há uma diferença entre indisciplina e violência mas quando se diz que indisciplina nada tem a ver com violência não estamos no bom caminho", disse o psiquiatra português numa intervenção no âmbito da 4ª Conferencia Internacional sobre Violência Escolar e Políticas Públicas, a decorrer em Lisboa até quarta-feira. Na sessão de abertura da conferência, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, disse ser importante estabelecer uma diferença entre violência e indisciplina escolar. Maria de Lurdes Rodrigues referiu que enquanto a indisciplina está mais generalizada nas escolas portuguesas, a violência escolar está circunscrita, uma vez que 90 por cento das ocorrências têm lugar em cinco por cento das escolas. Já para Daniel Sampaio, violência escolar é todo o comportamento que pode violar a missão educativa de uma escola, uma missão que cada estabelecimento de ensino deve desenhar e definir. Para combater estes fenómenos, explicou, deve ser reconhecida a participação de todos os agentes educativos, incluindo os alunos autores dos actos de disciplina e de violência, o que, acrescentou, não é muito frequente acontecer em Portugal. "Impressiona-me não se perguntar aos alunos o que pensam da violência", disse. Por outro lado, defendeu que devem ser avaliadas as causas de violência através dos factores de risco dos alunos de diferentes idades e ainda da escola. Na infância são factores de risco a violência nas famílias e as perturbações de comportamento, enquanto na adolescência se detecta como factor de risco a fraca ligação com colegas não delinquentes, a adesão a gangues, os comportamentos anti-sociais. Relativamente ao percurso escolar, Daniel Sampaio considera que são factores de risco as expectativas reduzidas face à possibilidade de sucesso, o deficiente apoio da família e a pouca ligação entre os professores e os pais. O combate à indisciplina e violência escolar, acrescentou, passa ainda pelo estabelecimento de programas sistemáticos de prevenção, que no jardim de infância e no 1º ciclo devem ser feitos com a família, enquanto que nos adolescentes as iniciativas devem centrar-se nos grupos juvenis. Por outro lado, Daniel Sampaio destacou ainda a importância de uma estratégia de intervenção na sala de aula com mediadores que estabeleçam uma ligação entre a escola e a família.
Conferência hoje em Lisboa
Daniel Sampaio: Indisciplina deve ser olhada como uma forma de violência
23.06.2008 - 13h59 Lusa
O psiquiatra Daniel Sampaio alertou hoje para a necessidade da indisciplina escolar ser olhada como uma forma de violência que deve ser trabalhada e combatida."Há uma diferença entre indisciplina e violência mas quando se diz que indisciplina nada tem a ver com violência não estamos no bom caminho", disse o psiquiatra português numa intervenção no âmbito da 4ª Conferencia Internacional sobre Violência Escolar e Políticas Públicas, a decorrer em Lisboa até quarta-feira. Na sessão de abertura da conferência, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, disse ser importante estabelecer uma diferença entre violência e indisciplina escolar. Maria de Lurdes Rodrigues referiu que enquanto a indisciplina está mais generalizada nas escolas portuguesas, a violência escolar está circunscrita, uma vez que 90 por cento das ocorrências têm lugar em cinco por cento das escolas. Já para Daniel Sampaio, violência escolar é todo o comportamento que pode violar a missão educativa de uma escola, uma missão que cada estabelecimento de ensino deve desenhar e definir. Para combater estes fenómenos, explicou, deve ser reconhecida a participação de todos os agentes educativos, incluindo os alunos autores dos actos de disciplina e de violência, o que, acrescentou, não é muito frequente acontecer em Portugal. "Impressiona-me não se perguntar aos alunos o que pensam da violência", disse. Por outro lado, defendeu que devem ser avaliadas as causas de violência através dos factores de risco dos alunos de diferentes idades e ainda da escola. Na infância são factores de risco a violência nas famílias e as perturbações de comportamento, enquanto na adolescência se detecta como factor de risco a fraca ligação com colegas não delinquentes, a adesão a gangues, os comportamentos anti-sociais. Relativamente ao percurso escolar, Daniel Sampaio considera que são factores de risco as expectativas reduzidas face à possibilidade de sucesso, o deficiente apoio da família e a pouca ligação entre os professores e os pais. O combate à indisciplina e violência escolar, acrescentou, passa ainda pelo estabelecimento de programas sistemáticos de prevenção, que no jardim de infância e no 1º ciclo devem ser feitos com a família, enquanto que nos adolescentes as iniciativas devem centrar-se nos grupos juvenis. Por outro lado, Daniel Sampaio destacou ainda a importância de uma estratégia de intervenção na sala de aula com mediadores que estabeleçam uma ligação entre a escola e a família.
Entrevista ao presidente do Observatório Internacional para a Violência Escolar
Eric Debarbieux: “Os professores não são treinados para agir em caso de violência”
22.06.2008 - 19h57 Bárbara Wong
A violência não está a aumentar, diz Eric Debarbieux, professor de Ciências da Educação da Universidade de Bordéus, em França. Mas é preciso agir, não com medidas repressivas, mas pensadas a longo prazo. É presidente do Observatório Internacional da Violência Escolar, uma organização não governamental “científica”, uma “federação de investigadores” de 52 países, que faz estudos e recomendações aos Governos. A quarta conferência internacional decorre entre amanhã e quarta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.Qual é o grau de influência do Observatório Internacional da Violência Escolar nas políticas dos países?O nosso objectivo é ter influência, dizer o que está certo e errados nas políticas públicas. Por exemplo, sabemos que o melhor caminho não é ter políticas de repressão nas escolas e dizemos isso. O que não significa que sejamos ouvidos pelos políticos. A violência na escola é um tópico inconveniente que é recorrentemente recuperado pelos média e pelos políticos, que exageram sobre as suas causas e os seus efeitos. Contudo, a investigação mostra que a violência na escola não está a aumentar. Não está a aumentar?Vou dar um exemplo: Recentemente um país africano pediu-nos para fazermos um estudo. O observatório concluiu que o problema era as crianças não irem à escola, sobretudo as raparigas e recomendamos que o investimento devia ser feito na sua educação. É claro que não ficaram satisfeitos. A razão científica nem sempre é palavra de acção, mas é essa a nossa função.A violência escolar vai da agressão verbal aos massacres nas escolas? Os tiroteios não são um problema real. Nos EUA, os estudos dizem que o risco de um aluno ser vítima de um tiroteio é de um para um milhão, no entanto, 80 por cento dos estudantes tem medo de ser vítima. O verdadeiro problema é a violência continuada e repetida, a que chamamos bullying, sobre alunos, mas também sobre professores. Por vezes, pensa-se que não é importante, que é uma coisa pequena, mas sabemos que as consequências são muito graves para as suas vítimas. Há pesquisa que mostra que uma vítima de bullying pode tentar o suicídio mais quatro vezes do que alguém que nunca sofreu bullying na escola. É contra esta pequena violência que temos de lutar.É diferente de país para país?Há países onde há problemas graves de violência escolar. Em África, no Burkina Faso, 37 por cento das raparigas já foram vítimas de abusos sexuais por parte dos professores. Outro problema são os castigos corporais, nos EUA há 18 estados onde ainda são permitidos. Sabemos que as consequências podem ser nefastas. Por exemplo, grande parte dos tiroteios dentro de escolas é nesses estados onde os professores podem bater nos alunos. Disse que a violência escolar não está a aumentar, mas são tornados públicos cada vez mais casos. Porquê?Em França, a média do número de alunos vítimas de bullying não está a aumentar, mas se observarmos as escolas dos subúrbios, de zonas mais frágeis em termos sócio-económicos, a violência escolar está a crescer. Na Europa, a violência na escola está ligada à exclusão social e é um assunto que a democracia deve combater. Mas não é assim em todos os países.Quer dizer que a violência pode não estar ligada à exclusão?Em muitos países pobres africanos e da América Latina a violência escolar não é um problema porque a comunidade protege a escola. Para ela, a escola é um capital social, é uma oportunidade para sair da pobreza, enquanto noutros países, na Europa e EUA, a escola é vista como um inimigo. No Brasil, nas favelas onde não há saneamento, a escola é o único bem e os professores têm até 80 alunos na sala de aula e não há problemas de violência.Significa que depende do contexto onde a escola se encontra?É o que vamos discutir neste congresso: A violência em contexto. Como é que o contexto pode fazer parte da solução? Sabemos que há dezenas de milhares de alunos, em todo o mundo, que odeiam o clima escolar.Porque a escola continua a ser igual desde a revolução industrial e recebe públicos para os quais diz não estar preparada?Os professores não são preparados para intervir. Por exemplo, uma hospedeira é treinada para reconhecer o stress de um passageiro, um quadro bancário para a gestão e dinâmica de grupo, e os professores não. Em termos políticos, é uma prioridade repensar a formação. A maneira como se gerem os conflitos é muito importante, há necessidade de formar os professores também para trabalhar em equipa. Se não houver esse trabalho de equipa, a porta da escola está aberta para entrar a cultura de violência. Não podemos mudar a família ou a sociedade, mas podemos mudar a maneira como se trabalha na escola. A pedagogia pode contribuir para a solução.Os alunos precisam de gostar da escola?O sentimento de pertença à escola é uma das chaves. Se um professor ou um aluno está isolado, corre maior risco de ser vítima de violência. Por isso, é preciso apostar na boa convivência escolar. É uma necessidade criminológica para nos proteger da violência escolar, porque os agressores não são corajosos, são jovens que atacam e roubam os da mesma classe social. Se há uma equipa a funcionar na escola, as agressões podem reduzir-se.E as câmaras de vídeo ou a polícia à porta da escola?Há escolas com os portões fechados e videovigilância. São meios que podem tornar-se perigosos porque os alunos interpretam que a escola os quer vigiar e controlar, bem como aos amigos e à família. O desafio é evitar a violência de exclusão, ou seja, aquela que é feita fora da escola contra a polícia, os transportes públicos, os bombeiros, porque essa é mais difícil de controlar. As escolas devem criar regras claras contra o bullying. Quais devem ser as responsabilidades dos governos?Formar professores para saberem gerir conflitos. Tomar medidas de apoio às vítimas, mas também de apoio aos agressores. Não basta agitar o cassetete, os Governos devem dar uma resposta que não seja dura e imediata, mas de longo prazo. Os governantes sentem um enorme fascínio pela repressão da violência extrema e isso deve-se à pressão mediática. Não há imagens da pequena violência, diária e repetida; mas há das consequências de um tiroteio num liceu norte-americano, que passam repetidamente na televisão. As políticas públicas devem dirigir-se à pequena violência.
Origens e causas da violência escolar O que está na origem da violência escolar? Não há uma causa, mas muitas que estão ligadas. A escola, a família, a comunidade... Sabemos que se os pais forem muito disciplinadores, que inflijam castigos corporais, pode haver mais violência; mas o contrário também pode dar origem a violência, ou seja, se os pais não exercerem qualquer controlo. O modo como se educa pode ser uma das explicações, mas não é a única. Não se pode falar de determinismo. Há novas formas de violência escolar? O cyberbullying é um problema novo, ainda não há dados quantitativos, mas muitos inquéritos revelam que há um aumento. É o mesmo problema que o bullying, o meio usado é que é diferente. Quem são as vítimas? São os alunos, sobretudo rapazes, vítimas de violência física; há menos vítimas do sexo feminino e a forma de violência exercida é condená-las ao ostracismo. Não posso dizer que seja pior, porque a violência física é acompanhada de violência verbal. As consequências são muito importantes: o absentismo, maus resultados escolares, falta de auto-estima, por vezes, sentimentos de culpa. No futuro, as vítimas podem tornar-se agressoras? A maior parte das vítimas não se tornam agressoras. Mas acontece. O risco é que reproduzam esses comportamentos com os seus próprios filhos. Sabemos que 80 por cento dos casos dos autores de massacres nos EUA foram vítimas de bullying.
Acho que a solução reside em ambos os contextos: no espaço escolar onde seria necessário existir mais vigilância seja pela existencia de maior numero de auxiliares seja por maior apoio psicológico para agressores e para agredidos para que essas situações fossem reduzidas ao minimo. Em familia é necessário ensinar aos nossos filhos a não sermos preconceituosos com as diferenças dos outros sejam elas fisicas ou psicológicas e aceitar todas as pessoas como iguais.
ALVES- QTA DO CONDE 24.06.2008 09.17H Destak
INSTANTES
Nuvens no café
24 06 2008 09.15H
Engraçado, há anos que ando com esta expressão na minha cabeça, a saboreá-la como quem tem um caramelo na boca, e o desfaz bem devagarinho.
Sempre que penso em dias doces, dias de tranquilidade, vem me à ideia as tais nuvens no meu café, como se o leite ou as natas fossem pedaços que retirei do céu.
Coisa estúpida mas se pensarmos bem, são os momentos mais pequenos, os factos mais singelos que nos marcam a memória para sempre.
O cheiro do pão quente, o perfume da terra molhada quando a chuva cai sem ser esperada e depois desaparece como por milagre, o fragrância misteriosa da pele de uma criança, o sentir o cabelo molhado e levado pelo vento, o olhar que fixamos em alguém e que por razão nenhuma nos fica na memória para sempre, instantes apenas mas muitos anos passados são muitas vezes o que nos leva para o a terra do que já foi, do que já fomos.
Cada um de nós tem a sua própria colecção de recordações, de fotografias a preto e branco onde somos meninos de laços no cabelo ou calções pelo joelho e contudo, lembramo-nos perfeitamente do tecido grosso que nos tocava o corpo ou do cetim leve que roçava a face.
Para mim, num dia perfeito, ou num momento perfeito, vêem-me à cabeça uma chávena de flores coloridas e lá dentro, nuvens no meu café com leite!
Depois, fico parada a olhar para a minha neta, que nos seus fantásticos três anos apenas é capaz de sair a porta da minha casa, sentar-se na relva e dizer-me: Que belo dia avó!
E eu por ali fico a descobri-la e nem consigo imaginar quais irão ser as memórias da minha princesa.A vida corre hoje muito depressa!
Luisa Castel-Branco Destak
Ser mãe é isto
17 06 2008 08.41H
Queria abraçar-te com força, tomar-te nos meus braços e embalar-te pelo dia adentro e até ao fim da noite.
Queria limpar as tuas lágrimas com um pano suave como uma nuvem, tocar ao de leve a tua pele, deixando os meus dedos afagarem cada pedacinho, para te tapar com amor, com desvelo e carinho.
Queria ter a certeza que o céu te cobrirá para sempre de bênçãos, que a tua vida será doce, aprazível, calma como o mar em dia de maré vazia, quando foge da praia e parece plano, um espelho. Queria afastar de ti todos os perigos, todos os males, todas as mágoas.
Mas sei que não é possível e sei também que é assim que deve ser. Porque quem nunca chorou não é um ser humano pleno, quem nunca se arrependeu de algo não vale a pena andar por cá, a gastar palavras e gestos e a fingir que existe.
Porque o teu futuro é hoje, e o que foi ontem e o que será o amanhã e tu guardarás dentro de ti tudo o que viveste, o que doeu e o que te fez rir, numa mistura tão estranha como poderosa.
Porque os que atravessam a vida plenos de certezas, os que nos rodeiam e não sentem necessidade de questionar porque nasce o sol, quem fez as flores ou o que vai dentro de alma se é verdadeiro ou não, ou se tudo o que sentimos é uma fuga, desses não devemos ter nada a não ser pena.
O meu amor por ti será sempre maior que o universo. Porque te sei como tu não sabes, te conheço como ninguém e por estas razões só posso ter orgulho, e não existe dentro de mim sobra de medo do teu futuro, da tua vida. Ser mãe é isto.
Luisa Castel-Branco
A política precisa de jovens
27 05 2008 08.47H
Fui militante do PSD há muitos anos. Depois passei a simpatizante e depois desisti. Eu que considero que a politica é algo de que temos obrigação de nunca nos alhearmos.
Independentemente do que possamos pensar sobre a classe política, que muitas vezes não se dá ao respeito deixando-nos espantados com as guerrilhas e conversas sem substância em vez da apresentação de verdadeiros projectos para o futuro dos nossos filhos e netos, também a comunicação social passou para a tratar, com honrosas excepções, os políticos como meros figurantes dos supostos jet-set, perdendo-se em ridicularias em vez de investigação séria.
Não me dou bem com disciplinas partidárias, e quanto mais avanço na vida mais difícil é aceitar um mundo dividido por siglas partidárias, com os bons de um lado e os maus do outro. Ao longo dos anos, criei amizades em todos os partidos. O que me parece totalmente normal. Gosto de alguém pelo ser humano que é, pela rectidão de carácter, pela abertura de espírito. Acredito na necessidade da sociedade civil intervir, discutir e participar cada vez mais nos assuntos e decisões que tocam a vida de todos nós, porque esse é um dos pilares da democracia.
E para alguém que viveu no Portugal anterior à Revolução, que sentiu na pele o que é ser tratada como uma cidadã de segunda, sem os direitos mais básicos, é fácil não esquecer a importância de sermos livres de discordar, livres de falar abertamente.
Sou amiga de Pedro Passos Coelho há mais de vinte anos. E não concordei muitas vezes com as suas posições no PSD. Depois, como muitos portugueses, afastei-me mas nunca abdiquei das minhas opiniões, fossem elas secundadas pelo PS, pelo Bloco de Esquerda, e, infelizmente, raramente pelo PSD.
A democracia, para ser verdadeiramente forte de forma a poder enfrentar as crises económicas e sociais, para poder preparar o futuro, necessita, para além de um governo sério, de um oposição forte, e simultaneamente consciente das suas responsabilidades. Pedro Passos Coelho veio trazer à ribalta, nestas directas do PSD, temas tão politicamente incorrectos como o casamento homossexual, a liberalização das drogas, a cruel realidade do futuro do serviço nacional de saúde. Não tenho quaisquer dúvidas em dizer que Pedro Passos Coelho representa o futuro. Um futuro onde os jovens voltem a interessar-se pela política, e onde seja possível uma discussão de ideias e não de trivialidades.
Não é a minha amizade de longa data que me leva a escrever este texto. Enquanto cidadã, mãe e avó, espero que ele ganhe as eleições no PSD para depois poder-lhe exigir o cumprimento dos seus princípios.
Luisa Castel-Branco
Durante anos traduzi a palavra Bullying por Tortura, embora agora já se use o termo inglês. Tortura descreve bem esta realidade cruel que vitimiza uma criança ou adolescente, que por ser 'diferente' (usa óculos, tem peso a mais ou é franzino, tem notas excelente, etc), é escolhido como bode expiatório, normalmente por um líder de um pequeno grupo de seguidores, que individualmente não lhe fariam mal, mas que na presença do chefe se juntam à chacota.
O círculo vicioso criado é evidente: o torturado sofre danos irreparáveis à sua auto-estima, guarda o segredo por vergonha e com medo de represálias, tenta fugir à escola, usando um leque de pretextos, somatiza o sofrimento e, por vezes, chega mesmo ao suicídio.
Durante séculos (e não o será ainda, para muitos? Basta ver como se reage aos rituais mais bárbaros de iniciação de caloiros), a culpa foi atribuída à vítima, por se considerar «que se deixava humilhar», e muitos adultos fechavam os olhos, convencidos de que assim haviam de aprender a fazer-se homens/mulheres.
Sabe-se, no entanto, que esta forma de violência não tem nada de inocente, nem de pedagógico, e que se trata de um fenómeno muito complexo, em que é preciso ajudar tanto o torturador, que se refugia nestes comportamentos de prepotência e sadismo, como o torturado, que precisa de aprender a fazer-se valer, sob risco de continuar pela vida fora a colocar-se em posições de minoridade, que chamam sobre si constantes abusos.
Hoje o bullying está sob o microscópio dos especialistas do comportamento, e já foram criados programas anti-tortura de grande êxito, que muitas escolas aplicam, nomeadamente entre nós. Carlos Neto foi coordenador, em Portugal, de um projecto internacional nesta área.
Ao ler um resumo do trabalho, uma frase ficou-me na memória: «As escolas que permitem o bullying, dão aos alunos modelos muito pobres do que é ser cidadão numa sociedade democrática». O tema vai estar esta semana em debate.
Isabel Stilwell editorial@destak.pt
A sensibilidade das mulheres faz falta na política e nos lugares de destaque. Não é igual à dos homens, por muito que não seja politicamente correcto dizê-lo, e ainda bem.
Nem podia ser, resultando, como é óbvio, de um processo educativo completamente diferente, que começa no berço quando se vestem as meninas de cor-de-rosa e os rapazes de azul, e continua, em casa e na escola.
Nem sequer vale a pena chamar para aqui os cromossomas, os dois XX da mulher e o XY, o X coxo, dos homens, como o rotulou com graça o psiquiatra Pio de Abreu. É que sinceramente, o poder da aculturação é tão forte, que o DNA pode muito menos do que nos querem fazer crer.
Homens e mulheres vivem, ainda, existências completamente diferentes, sobretudo quando se constituem em casal, e cada um assume os seus pelouros. Embora no futuro a tendência seja para diluir papéis, hoje a realidade que uma mulher vê, sente e discute é radicalmente diversa daquela que um homem encontra nas mesmas 24 horas.
Sendo assim, é natural que as suas causas e lutas na política, sejam também singulares. Em lugares de responsabilidade, terão sempre as antenas mais ligadas para algumas questões, como os direitos das crianças, a conciliação do trabalho doméstico e profissional, a violência em casa.
As grandes alterações legislativas foram, em muitos casos, resultado de verdadeiras batalhas encabeçadas por mulheres, nomeadamente de mulheres ligadas ao Direito.
As deputadas na Assembleia da República são as primeiras a protestar com «detalhes» que a maioria dos homens considera irrelevantes, como a falta de Jardins de Infância, ou o apoio às mães.
Ontem foi a vez de Teresa Caeiro, deputada do CDS/PP, apresentar um projecto-lei que visa, entre outras coisas, que os abusadores de menores condenados não vejam o seu passado apagado, quando são os direitos das crianças que estão em risco. Mas o importante é perceber que o fazem não porque são «assuntos de mulheres», mas porque são fundamentais.
Isabel Stilwell editorial@destak.pt
Já viram um artista a desenhar caricaturas? Vale a pena ver. Mas em vez de olharem para o desenho, ponham-se antes atrás do cavalete para verem as expressões do desenhador. À medida que transporta os traços para o desenho, o caricaturista vai fazendo caretas que imitam, com exagero, as feições do seu modelo. O fenómeno é deveras interessante, mas é também uma lição sobre o nosso funcionamento mental. Conhecer alguém ou alguma coisa é transformar-se nele ou nela.
Num filme de Joseph Losey sobre uma peça de Brecht - Galileo - quando os bispos recebem a novidade de que é a Terra que anda à volta do Sol e não o contrário, põem-se a rodopiar, quais planetas, em volta uns dos outros. Talvez não exista outra maneira de perceber o que não é imediatamente evidente, senão usar o próprio corpo como modelo. A imitação está na base de toda a aprendizagem. As crianças imitam desde que nascem e começam a imitar em diferido, ou seja, a representar. Imitam e representam o que lhes parece pouco usual ou, de algum modo, lhes chama a atenção. Já crescidos, imitamos quem nos agrada, mas também quem nos desagrada. E imitamos, sobretudo, aqueles que invejamos.
Nem sempre imitamos para fazer caricaturas, mas cultivamos uma arte que também exagera e comunica os defeitos dos outros: o mexerico. E os melhores artistas são, como vimos, aqueles que apreendem tais defeitos por imitação. Por muito que pratique, um caricaturista não consegue ficar com a cara de outra pessoa. Mas um bom mexeriqueiro não tardará a praticar aquilo que mais critica.
J.L. Pio Abreu
Sobredotados
Sobredotados podem sair do país devido a burocracia
18 06 2008 09.11H
Projecto da primeira escola para sobredotados criada por portugueses corre o risco de ser transferido para Espanha.
Patrícia Susano Ferreira pferreira@destak.pt
São aproximadamente 50 mil as crianças e jovens sobredotados em Portugal, no entanto, nem todos estão identificados e muito menos acompanhados no processo educativo, correndo assim o risco de entrarem na lista do insucesso escolar.
As crianças sobredotadas, com um QI superior a 130, representam 3% da população menor de 18 anos, sendo deste grupo que saiem a maioria dos génios da ciência, da arte e do desporto de todo o Mundo, segundo o Instituto da Inteligência.
Por isso, e «por haver casos em que o nível de inteligência é tão elevado que as crianças se sentem rejeitadas pelas outras e se desmotivam pelo estudo e muitas vezes até de viver», é que se tornou urgente a criação de escolas para pequenos talentos, defende o instituto.
Escola-piloto nasce em Portimão
A inexistência de estabelecimentos de ensino especificos para sobredotados em Portugal fez com que a Universidade da Criança, localizada no Algarve, avançasse, conjuntamente com o Instituto da Inteligência, para o projecto de criação de uma escola-piloto do 1º ciclo, a iniciar no próximo ano lectivo de 2008/09, em Portimão.
No entanto, «o projecto está em risco de ser suspenso visto que as dificuldades burocráticas e a incompreen-são do Ministério da Educação estão a atrasar o processo de legalização», disse o Instituto da Inteligência.
O Destak contactou o ministério de Maria de Lurdes Rodrigues para obter uma explicação para os atrasos burocráticos, o que não foi possível até à hora de fecho da edição.
Espanhóis interessados
A escola, de características inovadoras e pioneiras na Península Ibérica e até na Europa (em alguns aspectos), já suscitou o interesse de algumas entidades espanholas que, segundo o Instituto da Inteligência, podem vir a importá-lo.
Situação que «não deixaria de ser bizarra, embora não fosse invulgar em Portugal», acrescentou fonte do instituto, em comunicado ao Destak.
Todo o problema reside no sistema de ensino que está obsoleto. Não serve aos que têm problemas (ligeiras anomalias neurológicas, dilexias, disgrafias, etc.), aos que são sobredotados (uns 2% a 3% da população que é, indiscutivelmente, bafejada por um quociente cognitivo superior, o que está cientificamente comprovado) e depois os outros (uns mais, outros menos desenvolvidos) que também merecem um ensino à altura da inteligência humana. O sistema actual, que não se confina a Portugal, está desajustado da sociedade actual. Os modelos, os métodos, os instrumentos de ensino, a desmotivação, o stress (de profs e alunos), as escolas superlotadas, enfim, há um sem-número de factores a considerar. Conclusão: não me repugna que haja uma escola-piloto para sobredotados. Actualmente, numa sociedade altamente competitiva, é perfeitamente natural, talvez até se justifique. Sendo uma inciativa privada, não tenho nada a dizer. Que tenham bons resultados. E quanto ao resto, o Estado que faça uma boa supervisão e gestão dos nossos recursos!
A MONTEIRO (UNIVERSIDADE DO MINHO) 23.06.2008 18.08H
Eu sou sobredotado, embora não goste de rótulos. Andam aqui alguns animais a pastar que não fazem a mínima ideia do que estão a dizer, estão sempre preocupados com o pasto dos vizinhos, por isso têm que usar palas, para que o brilho alheio não lhes fira as vistas. Talvez não seja necessário haver escolas especiais para sobredotados, é necessário apenas, que haja tolerância e que os animais com palas, passem a portar-se com humanos. Eu, à semelhança de outros da minha "raça", não brilhei, porque cresci num ambiente onde os filhos estavam proibidos de brilhar; mas ainda não perdi a esperança de conquistar o meu lugar no pódio. Ser sobredotado, não é apenas ser mais inteligente, aliás, detesto testes de QI; é acima de tudo, ser mais Humano e mais aberto. Como diz o velho ditado: "O que se passa dentro de um convento, só sabe quem lá está dentro".
ULISSES 23.06.2008 15.54H
o verdadeiro sobredotado é aquele que se revelará em quaisquer circunstâncias. De outra forma, protegidos e alimentados com 'vitaminas diferentes' a maioria da população seria sobredotada.
FINGER-NAIL 20.06.2008 16.03H
Como acontece sempre, outros haverão de ter o que houvermos de perder. Só Portugal fica a perder com o desperdício dos talentos. O ensino que temos, propositadamente nivelador e igualitário, é inimigo da qualificação e da excelência. Quem se destacar é um alvo a abater. Era preciso organizar o ensino de maneira a que este fosse realmente uma máquina capaz de nos dar um país competitivo e seguro de si. Dar a cada um a resposta que as suas capacidades justificam.
MANUEL DE SÁ 20.06.2008 12.34H
As pessoas têm capacidades e ritmos de aprendizagem bem diferentes. Actualmente em Portugal, e pelo que me recordo das minhas próprias aulas (pré-faculdade) não há muitos anos atrás, a tendência é seguir ao ritmo dos "alunos especiais", que precisam de ouvir as coisas 50 vezes para perceberem, ou simplesmente assimilarem a ideia ainda que não tenham compreendido de todo o seu significado, levando as outras pessoas a distrairem-se com outras coisas ou perderem mesmo a paciência. Assim, não vejo porque não fundar uma escola que ajude, aqueles que têm uma rápida assimilação ou capacidade de produção, a desenvolver ainda mais essas capacidades e outras para as quais tenham propensão! Ajudem-nos e pode ser que um dia Portugal inteiro venha a beneficar disso, ou não ajudem e depois não se queixem de ver portugueses a terem imenso sucesso e ideias inovadores lá fora. Dá para ver que algumas pessoas que comentaram este texto nasceram apenas com um neurónio, e mesmo esse...morreu de solidão!
SISSI 19.06.2008 15.33H
Os senhores "comentadores" que dizem que a sobredotação é uma invenção dos psicólogos apenas revelam ignorância e desprezo por quem se dedica a estudar estas matérias e pelos técnicos e professores que trabalham com elas. Mais: É UM DESRESPEITO POR ESSAS CRIANÇAS. A sobredotação também não é uma matéria de agora. É uma área de investigação com mais de 50 anos. Informo também os leitores do DESTAK interessados que em Portugal o estudo da sobredotação tem sido feito por investigadores de universidades públicas tais como a UNIVERSIDADE DE COIMBRA, a UNIVERSIDADE DO MINHO, a UNIVERSIDADE DE LISBOA e outras. Além disso, a ANEIS, o Instituto da Inteligência e a Ass.Port.de C.Sobredotadas são entidades reconhecidas pela sua competência e experiência no estudo da sobredotação. Querer ignorar ou desprezar isto é falta de lucidez ou puro gozo. Finalmente, informo que o Ministério da Educação também reconhece a sobredotação pelo menos desde 1998. É desse ano a publicação CRIANÇAS E JOVENS SOBREDOTADOS - INTERVENÇÃO EDUCATIVA realizada pelo Departamento do Ensino Básico e onde se sugerem pistas aos professores do 1º, 2º e 3º ciclo. Por conseguinte, CALEM-SE!
A.R. MATOS (PROFESSOR DO 2º CICLO) 19.06.2008 12.33H
DOCUMENTO DO GOVERNO INGLÊS Não sendo a Inglaterra um país do Terceiro Mundo é de esperar que tenham um cuidado especial na Educação. Pois no site do Minsitério da Educação inglês há bastante informação sobre o ensino de sobredotados, incluindo um link para a associação nacional de crianças sobredotadas. Retirei este breve trecho para provar o que digo. The Young Gifted and Talented programme (YG&T) was set up in 2007 to provide support and opportunities for gifted and talented children aged 4 to 19, including those who were members of the former National Academy for Gifted and Talented Youth (NAGTY). The YG&T Learner Academy gives them the opportunity to participate in activities designed to stretch and challenge them through a range of online and face-to-face events. It also creates opportunities for gifted and talented students to meet and socialise with other young people with similar interests and outlooks. The YG&T website also provides information and links to other sources of support for parents, governors and those who work with gifted and talented children and young people. VEJAM ISTO AGORA: Every secondary school should have a trained Leading Teacher for Gifted and Talented Education. Leading Teachers in primary schools may work across a small cluster of schools. The Leading Teacher will work with the headteacher and senior managers to improve provision across the school(s). They will also work closely with other teachers to ensure that teaching and learning approaches ensure work is sufficiently challenging to meet the needs of all gifted and talented pupils on a day-to-day basis. EM QUE FICAMOS? Este é apenas um exemplo de como os sobredotados são reais e têm apoios dos próprios governos. O do Reino Unido é apenas um exemplo que fui agoar mesmo buscar ao site do Ministério da Educação daquela país. Por isso meus senhores, quando quiserem falar de sobredotação aprendam ou pesquisem muito bem, antes de escreverem fantasias!
M.RODRIGUES, DOUTORADA EM PSICOLOGIA 19.06.2008 02.12H
QUEM DISSE QUE NÃO HÁ SOBREDOTADOS? QUE IGNORÂNCIA! Alertaram-me para esta notícia, a qual não me incomoda nada e até aplaudo a coragem de se fundar uma escola-piloto para crianças sobredotadas. Já era tempo. Mais surpreendida$ fiquei com alguns comentários menos felizes oriundos de leitores que revelaram estar mal informados sobre a matéria e que decidiram dar livre curso aos seus pensamentos, alguns quase perfeitas idiotices. Desculpem lá esta franqueza. Por exemplo, afirmar que a sobredotação carece de confirmação científica é uma tremenda manifestação de ignorância por parte de quem a produziu. Não sabe mesmo nada do que fala. Também dizer que todas as crianças são sobredotadas é outro deslize. Isso é conversa de Osho e outros autores da moda para quem a inteligência tem um significado diferente daquele que a Ciência estuda. Já outro leitor disse, pelo contrário, que todas as crianças são sobredotadas. Boa! Se todas são sobredotadas então por que há crianças autistas, idiots-savants, Asperger e muitos outros com défices, por vezes profundos e irreversíveis? Talvez alguns leitores estejam a confundir os sobredotados com as crianças índigo - isso sim, matéria suspeita, carecendo de confirmação científica e credibilidade. No mesmo nível estão os outros disparates que também só podem partir de pessoas fora da área da sobredotação e da Psicologia Educacional, da Psicologia Evolutiva e da Psicologia do Desenvolvimento onde trabalham pessoas experientes que se interessam normalmente pelo tema. Devo dizer que numerosos psicólogos em todo o Mundo, incluindo Portugal, fazem teses de mestrado e de doutoramento tendo como tema central a sobredotação. Eu mesma, sendo psicóloga e tendo estudado no ISMAI (organismo de ensino superior reconhecido pelo Ministério da Educação) fiz estágio há vários anos no Instituto da Inteligência pelo que - aproveito já para o dizer - é uma cretinisse e quase difamatório o que um leitor insinuou sobre aquele instituto, o qual é constituído por licenciados de Psicologia e Neuropsicologia formados em universidades públicas portuguesas e estrangeiras. Aliás, fiquem os leitores sabendo que o Ministério da Educação, desde 1998 pelo menos, que reconhece a existência de crianças sobredotadas e tem psicólogos que acompanham o assunto. Tambérm vários psicólogos do Instituto da Inteligência estão certificados pelo Ministério da Educação para produzirem relatórios de exames a crianças sobredotadas. Aliás, o próprio Instituto da Inteligência tem realizado palestras sobre o assunto em escolas do Estado, tal como a A.N.E.I.S. e outras organizações fidedignas, devidamente reconhecidas e aceites. Ainda sobre a sobredotação aproveito para informar que psicólogos de grande nomeada como R. Sternberg, notável investigador e antigo presidente da Associação Americana de Psicologia (a maior do mundo) e Howard Gardner, conhecido neuropsicólogo e autor da teoria das Inteligências Múltiplas, têm, entre muitos outros cientistas, dado enormes contributos para a compreensão do tema. O mesmo o têm feito especialistas portugueses como o professor Leandro de Almeida, da Universidade do Minho e a dra. Helena Serra, directora da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti (Porto) (entre outros nomes). Destaco também inatacáveis universidades como a da California, Yale e Harvard onde a sobredotação é tema frequente de investigação científica e de teses de doutoramento e pós-doutoramento. Mas voltemos ao princípio: uma coisa é mostrar ignorância sobre aquilo que se opina; outra é concordar ou não com uma escola própria para sobredotados. Pois esclareço que o tema também tem sido estudado a nível universitário em todo o mundo ocidental desde há mais de 50 anos! As escolas para sobredotados não são invulgares. Existem em países como o Canadá, o Reino Unido e os Estados Unidos, por exemplo, estão reconhecidas pelos respectivos governos e, por conseguinte, qual é o problema? Em muitos casos é bastante preferível que as crianças sobredotadas tenham uma educação própria. Os estudos existentes na comunidade científica confirmam-no. Enfim, a educação é um campo vasto e por isso é natural que qualquer pessoa deseje expor as suas ideias. Mas, curiosamente, é o sector da sociedade que geralmente mais demora a evoluir e a inovar. O famoso estudioso de gestão P.Kotler já escrevia em 1996 que geralmente o sistema de ensino demora 30 anos a aceitar uma inovação de forte impacto. As resistências são sempre muito fortes e sabem de onde partem geralmente? Dos pais e dos professores! Por isso é que o Ensino produz tanto insucesso escolar e tanta desmotivação sendo o menos produtivo. Se não estão ainda satisfeitos com a minha resposta estou pronta para vos encher de referências ainda mais rigorosas. Passem bem e sejam mais auto-críticos antes de criticarem e até desrespeitarem quem não conhecem.
M.RODRIGUES, DOUTORADA EM PSICOLOGIA 19.06.2008 01.41H
Escola para sobredotados (Algarve) Equipa de professores, psicólogos e outros técnicos pronta para o trabalho! Projecto suscita interesse em Espanha! . As crianças sobredotadas são uma mais valia em qualquer nação....desde que sejam reconhecidas, apoiadas e acarinhadas. Infelizmente, em Portugal muito se fala, pouco se faz. Desenvolver talentos é um ponto estratégico para qualquer país. Não é por acaso que nos Estados Unidos, na Europa Central, India e principalmente nos países desenvolvidos da Ásia há uma intensa procura “pelo talento”. Num país como o nosso - com uma grande maioria da população escolar “subnutrida” e refém de um ensino público de qualidade questionável - as iniciativas que valorizam os talentos podem evitar que estes sigam por descaminhos e se venham a tornar “génios do mal”. O ensino particular é certamente a expressão concreta da existência da liberdade de aprender e de ensinar e do direito da família a orientar a educação dos seus filhos. Na verdade, o artigo 43.º da nossa Constituição dispõe que "é garantida a liberdade de aprender e ensinar", que "o Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas", que "o ensino público não será confessional" e que "é garantido o direito de criação de escolas particulares e cooperativas". Mais sucede que em conformidade com o disposto nos artigos 74º e 75º da Constituição da República Portuguesa, o Estado deve assegurar o ensino básico universal, obrigatório e gratuito, para garantir o direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolares. Se estas verdades são indiscutíveis, a questão que tem levantado mais "angústias" é a de saber até onde deve ir o Estado nesta sua obrigação de assegurar o direito ao ensino e o direito da família "a orientar a educação dos nossos filhos". Principalmente se a mesma exige cuidados e atenção especiais. . Sobredotados para o Futuro O século XXI está a revelar-se como todos já prevíramos: complexo, imprevisível e ambíguo. Mais do que em qualquer outra época anterior. Todos necessitamos de estar preparados para desafios pessoais, sociais e profissionais para enfrentar as grandes mudanças que estamos a assistir. No futuro próximo ou no longínquo não haverá lugar para hesitações. O risco é uma realidade cada vez mais omnipresente. A única defesa é estarmos preparados. E isto implica inteligência, flexibilidade, formação constante. Isto implica liberdade de aprender e de ensinar. À luz dos conhecimentos que hoje possuímos sobre o funcionamento do cérebro como um todo, a escola tradicional apresenta muitas heresias biológicas, fisiológicas e psicológicas, isto é, verdadeiros contra-sensos em relação ao que é o ser humano como um todo. Heresias morais também porque quantas vezes essa escola não matou vocações e, em quantas pessoas não deixou bloqueios para o resto da vida? A combinação das ciências do comportamento com as neurociências produz o campo da Psiconeurolinguística e a Emotologia, cuja aplicação ao ensino se chama Emotopedia. A idéia antiga de que "a educação prepara para a vida" é substituída por "a educação é vida" e a escola deve ser um laboratório e não um auditório. A principal finalidade da educação deve ser de desenvolver as capacidades das pessoas em situação de aprendizagem como elemento de auto-realização e, não, "transmitir conhecimentos.” O professor não deve ser, necessariamente, um erudito, "aquele que sabe tudo", encarregado de "moldar a inteligência" e "encher a cabeça" da pessoa de conhecimentos dos quais ela, um dia, talvez "poderá vir a precisar". Vivemos numa sociedade cada vez mais exigente. As nossas crianças entram cedo na escola e ali permanecem durante anos. Vivem num stress constante entre a casa e as salas de aula. Há quem afirme que elas estão cada vez mais inteligentes. Mas a verdade é que o insucesso e o abandono escolares atingem números muito preocupantes. Na verdade, algo vai mal na educação. Estamos a perder o melhor da inteligência de nossos filhos porque a educação familiar e a escola não apostam no despertar das capacidades do pensamento das crianças. Continuam a forçar aprendizagens académicas excessivas e por vezes obsoletas nada fazendo para ajudá-las a melhorar a capacidade de pensar nas suas diferentes versões. Na escola aprendem muitas datas, nomes, fórmulas e teorias. Mas onde aprendem a raciocinar? Onde aprendem a ter sentido crítico? Onde aprendem a julgar? Em síntese: onde aprendem a tirar partido da maravilha da inteligência? Desrespeito pela inteligência? As crianças com elevados potenciais, vulgo “sobredotadas”, precisam mais do que ninguém de aprender a tirar o máximo partido da sua inteligência ao se revelarem nas suas capacidades, habilidades e talentos. Em Portugal elas são “protegidas” pela lei. Destaca-se o decreto-lei n.º 50/2005, de 9 de Novembro, cujo artigo 5º prevê que as mesmas possam beneficiar, nas escolas, de um plano de desenvolvimento que individualize o currículo e as estratégias pedagógicas no quotidiano escolar. Há, no entanto, que atender urgentemente ao facto de, o decreto-lei n.º 319/91 (que previa a antecipação da entrada no ensino regular, isto é, as crianças precoces podiam entrar, um ano mais cedo, no início da escolaridade), ter sido revogado. Isto implicaria que a legislação que o substitui previsse tal medida, o que não sucedeu, isto é, o decreto-lei n.º 3/2008 de 7 de Janeiro não prevê essa possibilidade, pelo que neste momento se verifica uma lacuna a colmatar. O Ministério da Educação, em documentos publicados, tem assumido, teoricamente, esta problemática: "Sobredotação constitui a expressão de um conjunto de factores interactuantes que resultam na manifestação de um desempenho saliente. (...) 0 ambiente educativo em que se processa o desenvolvimento das crianças e, particularmente, a escola, joga um papel decisivo na sobredotação, cabendo-lhe a responsabilidade de criar oportunidade e experiências de aprendizagem favoráveis ao desenvolvimento e expressão da sobredotação. (...) A atenção às diferenças individuais e ao contexto de aprendizagem implica uma flexibilização da organização escolar, das estratégias de ensino, da gestão dos recursos e do curriculo, por forma a proporcionar o desenvolvimento maximizado de todos, de acordo com as caracteristicas pessoais e as necessidades individuais de cada um. (...) Uma das maiores dificuldades que decorre da operacionalização destes principios, no contexto de cada escola, diz respeito a concretização de um ensino diferenciado e a planificação e gestão dos recursos humanos e técnicos disponiveis para lhe dar coerencia e viabilidade. O ajustamento da qualidade das respostas educativas produzidas pela escola relativamente aos alunos sobredotados poderá contribuir para a construção de uma prática pedagógica mais centrada nas particularidades psicológicas, sociais, cognitivas, que fazem de cada criança e jovem um sujeito único, cujo direito à diferença e a valorização das suas potencialidades e competências deverá constituir a finalidade central do sistema educativo (in Crianças e Jovens Sobredotados: Intervenção Educativa, ME-DEB, 1998). No entanto, muitos pais portugueses estão angustiados com a falta de respostas do sistema de ensino que vigora no país. Muito poucos estão orientados e apoiados, dando um suporte adequado aos filhos. É verdade que os professores e educadores estão cada vez mais despertos para esta forma de diversidade e para as necessidades destes alunos e que a gestão das escolas vem desenvolvendo esforços para apoiar as diferentes formas de diversidade, todavia, quanto aos alunos sobredotados, as dificuldades de actuação mantem-se e são multiplas. Em nosso entender, as crianças sobredotadas apresentam Necessidades Educativas Especiais, por isso necessitam de respostas diversificadas que passam pela flexibilização e adequação curricular e por uma efectiva diferenciação de métodos e estratégias educativas. Para tentar combater o problema, o Ministério da Educação brasileiro, por exemplo, destinou milhões para a criação dos Núcleos de Actividade de Altas Habilidades/Sobredotação em todos os Estados do Brasil. A idéia é a de capacitar professores e financiar equipamentos para que as crianças talentosas das escolas públicas tenham oportunidade de se desenvolver. É a primeira iniciativa desta natureza na esfera pública. Em Portugal existem esforços “na esfera privada” para a colocação, em cada agrupamento escolar, de uma dupla composta por um psicólogo e um pedagogo para acompanhar os casos “que vão surgindo”....Convenhamos que é manifestamente pouco! Dificuldades burocráticas atrasam processo A Universidade da Criança, um instituição gerida pela Associação Nacional de Pedagogia da Universidade da Criança, composta por professores, educadores, psicólogos e outros profissionais da área do ensino e da psicologia, abraçou, em 2008, em parceria com o Instituto da Inteligência, um projecto inédito em Portugal: uma escola do 1.º Ciclo do ensino básico para crianças com altas habilidades e elevados potenciais com os “Projectos Leonardo Da Vinci e Albert Einstein”. Um projecto piloto que pretende iniciar com dois grupos de crianças do 1.º ano do 1.º ciclo do ensino básico no próximo ano lectivo 2008/2009. No entanto, os entraves de ordem burocrática e técnica estão a ser imensos pelo que se torna urgente alertas a sociedade! E há uma pergunta que se deve fazer: uma vez o Estado não consegue dar resposta às Necessidades Educativas Especiais de crianças e jovens sobredotados como é que se explicam as dificuldades colocadas à iniciativa privada e ao ensino particular? A Universidade da Criança precisa de ajuda. Ajuda para concretizar o seu projecto. A instituição tem o dinheiro que precisa, tem as instalações quase prontas, tem os profissionais competentes, tem o amor e a dedicação que uma obra desta envergadura pressupõe, mas o seu projecto não está a mercer o respeito e o apoio por parte do Ministério da Educação e de seus técnicos. Por desconhecimento? Por falta de visão? Seria inadmissível por parte de quem "gere" a educação académica!!
UNIVERSIDADE DA CRIANÇA, PORTIMÃO. 18.06.2008 20.43H
“Os maiores talentos estão, muitas vezes, escondidos.” Titus M. Plautus, dramaturgo latino (aprox. 250-184 A.C.) Quando os pais e os professores desejam saber mais sobre “talentos especiais”, a sua primeira pergunta é quase sempre esta: “Como é que se sabe se uma criança é “sobredotada?” – O melhor da turma é também, por norma, “sobredotado”? O que se passa com a criança que aos quatro anos aprendeu a ler sozinha? É possível que determinado aluno brilhante nas áreas da matemática e das ciências da natureza, mas que não se destaque na parte linguística, possa ser considerado “sobredotado” ou não? Os pais e os professores gostariam de ter um manual que lhes permitisse saber como detectar uma criança sobredotada. Este desejo é compreensível. Por isso, nas orientações relativas ao tema “Sobredotação” são referidas as chamadas “listas de controlo” nas quais se encontram características consideradas típicas de crianças sobredotadas, como por exemplo: 1. Características de aprendizagem e de raciocínio que podem indicar “sobredotação”: - conhecimentos profundos em algumas áreas - vocabulário invulgar para a idade - discurso expressivo, elaborado e fluente - grande capacidade para memorizar factos rapidamente - compreensão exacta das relações causa/efeito - busca intensiva de semelhanças e diferenças - facilidade em reconhecer os princípios básicos em exercícios difíceis - capacidade especial para facilmente fazer inferências - extraordinárias capacidades de observação - leitura de muitos livros por mote próprio; preferência por livros que se destinem a uma faixa etária claramente superior à sua - pensamento crítico, independente e válido 2. Atitude perante o trabalho e interesses que podem indicar “sobredotação”: - evidenciar-se em determinados problemas - esforço por resolver sempre totalmente os exercícios - tédio perante as tarefas de rotina - perfeccionismo - autocrítica - postura crítica em relação ao próprio ritmo ou resultado - preferência por trabalhos independentes para ter tempo suficiente para raciocinar sobre um problema - estabelecimento de elevados objectivos de desempenho e resolução de tarefas (auto)impostas com o mínimo de orientação e ajuda um adulto - interesse por muitos “temas de adultos”, como sejam religião, filosofia, política, questões ambientais, sexualidade, justiça no mundo (etc.) 3. Características do comportamento social que podem indicar “sobredotação”: - preocupação com termos como justo/injusto, bom/mau e prontidão de se rebelar contra as autoridades, por exemplo - individualismo - aceitação das opiniões das autoridades só depois de um juízo crítico - capacidade para assumir responsabilidades e confiança no planeamento e na organização - escolha de amigos com as mesmas capacidades, frequentemente mais velhos - tendência para tomar decisões rápidas - empatia e mente aberta em relação a problemas políticos e sociais O meu filho é sobredotado? Quando os pais observam repetidamente que o seu filho mostra peculiaridades e reacções que até em crianças mais velhas seriam surpreendentes, é compreensível que se questionem se não será ele sobredotado. As experiências como as que tiveram, p. ex., em pontos de aconselhamento especiais para responder a dúvidas acerca de sobredotação, tornam clara a motivação dos pais. Os pais tornaram-se inseguros por repararem que muitas das suas formas bem sucedidas de lidar com outras crianças (irmãos e amigos da criança) não são, frequentemente, de todo, adequadas para esta criança em particular. Só querem saber qual é a melhor forma que eles, o infantário ou a escola têm para avaliar o seu filho e se o comportamento invulgar poderá ter, de facto, a ver com a “sobredotação”. Nalguns poucos casos, por detrás da pergunta dos pais que querem saber se o seu filho é sobredotado, está a ideia de que a sobredotação é uma coisa muito especial, como se uma criança sobredotada fosse melhor do que qualquer outra. Esta ideia encerra uma série de riscos em si; se os pais receberem resposta positiva ou se se convencerem disso, isso pode levar a um sentimento de superioridade, que possivelmente passará para a criança. Esta criança e a sua família serão vistos pelos outros como arrogantes e altivos. Mas felizmente essa ideia é muito rara. Um inquérito feito a pais encomendado por uma revista europeia da especialidade há alguns anos atrás concluiu que 83 % dos inquiridos não gostariam de ter um filho sobredotado e apenas 13 % mostraram ter esse desejo. Pelas perguntas dos pais, cada vez mais se torna evidente que há uma certa insegurança quanto ao facto de os sobredotados serem especialmente vulneráveis a problemas e a correrem riscos na escola ou com as crianças da mesma idade com quem lidam, ou de tudo se tratar simplesmente de uma dádiva que faz com que tenham uma melhor preparação para a vida. Nem todos os sobredotados são iguais. Quase não se pode falar em sobredotados, pois eles divergem tanto entre si quanto a personalidade e desenvolvimento como os normalmente dotados. Por essa razão falamos de crianças e jovens com altas habilidades e elevado potencial. Há várias pesquisas que seguem o desenvolvimento de sobredotados desde a infância até à idade adulta. Provavelmente, a mais conhecida e primeira pesquisa é o estudo do psicólogo Lewis Terman em 1.528 crianças sobredotadas na Califórnia/E.U.A; dessas, 856 eram rapazes e 672 eram raparigas. Este estudo começou em 1921 e os participantes foram sujeitos a questionários e pesquisas até à terceira idade. A vantagem de uma pesquisa com esta abrangência reside no facto de se poder observar o desenvolvimento dos sobredotados ao longo de várias fases da vida. Pode, assim, pesquisar-se quais os factores que influenciam este desenvolvimento e como virão a ser os sobredotados na escola e na vida profissional. No geral, as pessoas pesquisadas por Terman tiveram um desenvolvimento positivo: Conseguiram desempenhos na escola e nos estudos acima da média e uma percentagem, maior do que o normal, do grupo trabalhou mais tarde numa profissão altamente especializada. Terman registou também, no seu grupo de sobredotados, entre outras coisas, um melhor estado de saúde e uma menor percentagem de pessoas com problemas emocionais e distúrbios da personalidade comparativamente com a média da população. Os críticos argumentam, contudo, que o grupo pesquisado não era representativo. Terman recrutou, predominantemente, os seus participantes da classe média-alta, ou seja, de famílias com maiores rendimentos e, muitas vezes, com melhor formação do que a média americana. Por isso, não é claro que parte do sucesso e da boa saúde física e mental das pessoas pesquisadas se pode atribuir a sobredotação e que parte se pode atribuir a muitos outros factores, como sejam a proveniência social. Esta e outras pesquisas mais recentes mostram que é difícil falar de um desenvolvimento típico de um sobredotado. Há sobredotados que parecem ter tudo sem esforço, há outros que se desenvolvem tardiamente e, outros ainda, que nunca tiveram qualquer oportunidade, ou que não puderam desenvolver o seu potencial. Muitos sobredotados transformaram-se em especialistas ou em adultos extraordinariamente criativos; outros não se destacam, na sua actividade profissional, dos restantes adultos com dotação média. Os factores que facilitam um desenvolvimento positivo dos sobredotados são, por exemplo, um ambiente em que haja amor e desafios nos primeiros anos, um estímulo precoce, adequado e direccionado, modelos, estabelecimento de objectivos, confiança nas próprias capacidades ou a aquisição de conhecimentos, incluindo os técnicos, necessários para o desenvolvimento profissional. Resumindo, podemos afirmar que os sobredotados passam por um desenvolvimento emocional normal e, no geral, não correm mais riscos do que os normalmente dotados. Contudo, há particularidades que, em determinadas circunstâncias, exigem uma atenção especial.
UNIVERSIDADE DA CRIANÇA, PORTIMÃO 18.06.2008 20.36H
Raramente uma criança sobredotada se vem a tornar num grande cientista, arquitecto ou artista de génio. Isso é falso. Os desajustes psico-sociais e organizacionais perante a sociedade maioritária que os envolve, impede que a maioria deles se distinga em adultos.
JÚLIA 18.06.2008 12.22H
18 06 2008 09.11H
Projecto da primeira escola para sobredotados criada por portugueses corre o risco de ser transferido para Espanha.
Patrícia Susano Ferreira pferreira@destak.pt
São aproximadamente 50 mil as crianças e jovens sobredotados em Portugal, no entanto, nem todos estão identificados e muito menos acompanhados no processo educativo, correndo assim o risco de entrarem na lista do insucesso escolar.
As crianças sobredotadas, com um QI superior a 130, representam 3% da população menor de 18 anos, sendo deste grupo que saiem a maioria dos génios da ciência, da arte e do desporto de todo o Mundo, segundo o Instituto da Inteligência.
Por isso, e «por haver casos em que o nível de inteligência é tão elevado que as crianças se sentem rejeitadas pelas outras e se desmotivam pelo estudo e muitas vezes até de viver», é que se tornou urgente a criação de escolas para pequenos talentos, defende o instituto.
Escola-piloto nasce em Portimão
A inexistência de estabelecimentos de ensino especificos para sobredotados em Portugal fez com que a Universidade da Criança, localizada no Algarve, avançasse, conjuntamente com o Instituto da Inteligência, para o projecto de criação de uma escola-piloto do 1º ciclo, a iniciar no próximo ano lectivo de 2008/09, em Portimão.
No entanto, «o projecto está em risco de ser suspenso visto que as dificuldades burocráticas e a incompreen-são do Ministério da Educação estão a atrasar o processo de legalização», disse o Instituto da Inteligência.
O Destak contactou o ministério de Maria de Lurdes Rodrigues para obter uma explicação para os atrasos burocráticos, o que não foi possível até à hora de fecho da edição.
Espanhóis interessados
A escola, de características inovadoras e pioneiras na Península Ibérica e até na Europa (em alguns aspectos), já suscitou o interesse de algumas entidades espanholas que, segundo o Instituto da Inteligência, podem vir a importá-lo.
Situação que «não deixaria de ser bizarra, embora não fosse invulgar em Portugal», acrescentou fonte do instituto, em comunicado ao Destak.
Todo o problema reside no sistema de ensino que está obsoleto. Não serve aos que têm problemas (ligeiras anomalias neurológicas, dilexias, disgrafias, etc.), aos que são sobredotados (uns 2% a 3% da população que é, indiscutivelmente, bafejada por um quociente cognitivo superior, o que está cientificamente comprovado) e depois os outros (uns mais, outros menos desenvolvidos) que também merecem um ensino à altura da inteligência humana. O sistema actual, que não se confina a Portugal, está desajustado da sociedade actual. Os modelos, os métodos, os instrumentos de ensino, a desmotivação, o stress (de profs e alunos), as escolas superlotadas, enfim, há um sem-número de factores a considerar. Conclusão: não me repugna que haja uma escola-piloto para sobredotados. Actualmente, numa sociedade altamente competitiva, é perfeitamente natural, talvez até se justifique. Sendo uma inciativa privada, não tenho nada a dizer. Que tenham bons resultados. E quanto ao resto, o Estado que faça uma boa supervisão e gestão dos nossos recursos!
A MONTEIRO (UNIVERSIDADE DO MINHO) 23.06.2008 18.08H
Eu sou sobredotado, embora não goste de rótulos. Andam aqui alguns animais a pastar que não fazem a mínima ideia do que estão a dizer, estão sempre preocupados com o pasto dos vizinhos, por isso têm que usar palas, para que o brilho alheio não lhes fira as vistas. Talvez não seja necessário haver escolas especiais para sobredotados, é necessário apenas, que haja tolerância e que os animais com palas, passem a portar-se com humanos. Eu, à semelhança de outros da minha "raça", não brilhei, porque cresci num ambiente onde os filhos estavam proibidos de brilhar; mas ainda não perdi a esperança de conquistar o meu lugar no pódio. Ser sobredotado, não é apenas ser mais inteligente, aliás, detesto testes de QI; é acima de tudo, ser mais Humano e mais aberto. Como diz o velho ditado: "O que se passa dentro de um convento, só sabe quem lá está dentro".
ULISSES 23.06.2008 15.54H
o verdadeiro sobredotado é aquele que se revelará em quaisquer circunstâncias. De outra forma, protegidos e alimentados com 'vitaminas diferentes' a maioria da população seria sobredotada.
FINGER-NAIL 20.06.2008 16.03H
Como acontece sempre, outros haverão de ter o que houvermos de perder. Só Portugal fica a perder com o desperdício dos talentos. O ensino que temos, propositadamente nivelador e igualitário, é inimigo da qualificação e da excelência. Quem se destacar é um alvo a abater. Era preciso organizar o ensino de maneira a que este fosse realmente uma máquina capaz de nos dar um país competitivo e seguro de si. Dar a cada um a resposta que as suas capacidades justificam.
MANUEL DE SÁ 20.06.2008 12.34H
As pessoas têm capacidades e ritmos de aprendizagem bem diferentes. Actualmente em Portugal, e pelo que me recordo das minhas próprias aulas (pré-faculdade) não há muitos anos atrás, a tendência é seguir ao ritmo dos "alunos especiais", que precisam de ouvir as coisas 50 vezes para perceberem, ou simplesmente assimilarem a ideia ainda que não tenham compreendido de todo o seu significado, levando as outras pessoas a distrairem-se com outras coisas ou perderem mesmo a paciência. Assim, não vejo porque não fundar uma escola que ajude, aqueles que têm uma rápida assimilação ou capacidade de produção, a desenvolver ainda mais essas capacidades e outras para as quais tenham propensão! Ajudem-nos e pode ser que um dia Portugal inteiro venha a beneficar disso, ou não ajudem e depois não se queixem de ver portugueses a terem imenso sucesso e ideias inovadores lá fora. Dá para ver que algumas pessoas que comentaram este texto nasceram apenas com um neurónio, e mesmo esse...morreu de solidão!
SISSI 19.06.2008 15.33H
Os senhores "comentadores" que dizem que a sobredotação é uma invenção dos psicólogos apenas revelam ignorância e desprezo por quem se dedica a estudar estas matérias e pelos técnicos e professores que trabalham com elas. Mais: É UM DESRESPEITO POR ESSAS CRIANÇAS. A sobredotação também não é uma matéria de agora. É uma área de investigação com mais de 50 anos. Informo também os leitores do DESTAK interessados que em Portugal o estudo da sobredotação tem sido feito por investigadores de universidades públicas tais como a UNIVERSIDADE DE COIMBRA, a UNIVERSIDADE DO MINHO, a UNIVERSIDADE DE LISBOA e outras. Além disso, a ANEIS, o Instituto da Inteligência e a Ass.Port.de C.Sobredotadas são entidades reconhecidas pela sua competência e experiência no estudo da sobredotação. Querer ignorar ou desprezar isto é falta de lucidez ou puro gozo. Finalmente, informo que o Ministério da Educação também reconhece a sobredotação pelo menos desde 1998. É desse ano a publicação CRIANÇAS E JOVENS SOBREDOTADOS - INTERVENÇÃO EDUCATIVA realizada pelo Departamento do Ensino Básico e onde se sugerem pistas aos professores do 1º, 2º e 3º ciclo. Por conseguinte, CALEM-SE!
A.R. MATOS (PROFESSOR DO 2º CICLO) 19.06.2008 12.33H
DOCUMENTO DO GOVERNO INGLÊS Não sendo a Inglaterra um país do Terceiro Mundo é de esperar que tenham um cuidado especial na Educação. Pois no site do Minsitério da Educação inglês há bastante informação sobre o ensino de sobredotados, incluindo um link para a associação nacional de crianças sobredotadas. Retirei este breve trecho para provar o que digo. The Young Gifted and Talented programme (YG&T) was set up in 2007 to provide support and opportunities for gifted and talented children aged 4 to 19, including those who were members of the former National Academy for Gifted and Talented Youth (NAGTY). The YG&T Learner Academy gives them the opportunity to participate in activities designed to stretch and challenge them through a range of online and face-to-face events. It also creates opportunities for gifted and talented students to meet and socialise with other young people with similar interests and outlooks. The YG&T website also provides information and links to other sources of support for parents, governors and those who work with gifted and talented children and young people. VEJAM ISTO AGORA: Every secondary school should have a trained Leading Teacher for Gifted and Talented Education. Leading Teachers in primary schools may work across a small cluster of schools. The Leading Teacher will work with the headteacher and senior managers to improve provision across the school(s). They will also work closely with other teachers to ensure that teaching and learning approaches ensure work is sufficiently challenging to meet the needs of all gifted and talented pupils on a day-to-day basis. EM QUE FICAMOS? Este é apenas um exemplo de como os sobredotados são reais e têm apoios dos próprios governos. O do Reino Unido é apenas um exemplo que fui agoar mesmo buscar ao site do Ministério da Educação daquela país. Por isso meus senhores, quando quiserem falar de sobredotação aprendam ou pesquisem muito bem, antes de escreverem fantasias!
M.RODRIGUES, DOUTORADA EM PSICOLOGIA 19.06.2008 02.12H
QUEM DISSE QUE NÃO HÁ SOBREDOTADOS? QUE IGNORÂNCIA! Alertaram-me para esta notícia, a qual não me incomoda nada e até aplaudo a coragem de se fundar uma escola-piloto para crianças sobredotadas. Já era tempo. Mais surpreendida$ fiquei com alguns comentários menos felizes oriundos de leitores que revelaram estar mal informados sobre a matéria e que decidiram dar livre curso aos seus pensamentos, alguns quase perfeitas idiotices. Desculpem lá esta franqueza. Por exemplo, afirmar que a sobredotação carece de confirmação científica é uma tremenda manifestação de ignorância por parte de quem a produziu. Não sabe mesmo nada do que fala. Também dizer que todas as crianças são sobredotadas é outro deslize. Isso é conversa de Osho e outros autores da moda para quem a inteligência tem um significado diferente daquele que a Ciência estuda. Já outro leitor disse, pelo contrário, que todas as crianças são sobredotadas. Boa! Se todas são sobredotadas então por que há crianças autistas, idiots-savants, Asperger e muitos outros com défices, por vezes profundos e irreversíveis? Talvez alguns leitores estejam a confundir os sobredotados com as crianças índigo - isso sim, matéria suspeita, carecendo de confirmação científica e credibilidade. No mesmo nível estão os outros disparates que também só podem partir de pessoas fora da área da sobredotação e da Psicologia Educacional, da Psicologia Evolutiva e da Psicologia do Desenvolvimento onde trabalham pessoas experientes que se interessam normalmente pelo tema. Devo dizer que numerosos psicólogos em todo o Mundo, incluindo Portugal, fazem teses de mestrado e de doutoramento tendo como tema central a sobredotação. Eu mesma, sendo psicóloga e tendo estudado no ISMAI (organismo de ensino superior reconhecido pelo Ministério da Educação) fiz estágio há vários anos no Instituto da Inteligência pelo que - aproveito já para o dizer - é uma cretinisse e quase difamatório o que um leitor insinuou sobre aquele instituto, o qual é constituído por licenciados de Psicologia e Neuropsicologia formados em universidades públicas portuguesas e estrangeiras. Aliás, fiquem os leitores sabendo que o Ministério da Educação, desde 1998 pelo menos, que reconhece a existência de crianças sobredotadas e tem psicólogos que acompanham o assunto. Tambérm vários psicólogos do Instituto da Inteligência estão certificados pelo Ministério da Educação para produzirem relatórios de exames a crianças sobredotadas. Aliás, o próprio Instituto da Inteligência tem realizado palestras sobre o assunto em escolas do Estado, tal como a A.N.E.I.S. e outras organizações fidedignas, devidamente reconhecidas e aceites. Ainda sobre a sobredotação aproveito para informar que psicólogos de grande nomeada como R. Sternberg, notável investigador e antigo presidente da Associação Americana de Psicologia (a maior do mundo) e Howard Gardner, conhecido neuropsicólogo e autor da teoria das Inteligências Múltiplas, têm, entre muitos outros cientistas, dado enormes contributos para a compreensão do tema. O mesmo o têm feito especialistas portugueses como o professor Leandro de Almeida, da Universidade do Minho e a dra. Helena Serra, directora da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti (Porto) (entre outros nomes). Destaco também inatacáveis universidades como a da California, Yale e Harvard onde a sobredotação é tema frequente de investigação científica e de teses de doutoramento e pós-doutoramento. Mas voltemos ao princípio: uma coisa é mostrar ignorância sobre aquilo que se opina; outra é concordar ou não com uma escola própria para sobredotados. Pois esclareço que o tema também tem sido estudado a nível universitário em todo o mundo ocidental desde há mais de 50 anos! As escolas para sobredotados não são invulgares. Existem em países como o Canadá, o Reino Unido e os Estados Unidos, por exemplo, estão reconhecidas pelos respectivos governos e, por conseguinte, qual é o problema? Em muitos casos é bastante preferível que as crianças sobredotadas tenham uma educação própria. Os estudos existentes na comunidade científica confirmam-no. Enfim, a educação é um campo vasto e por isso é natural que qualquer pessoa deseje expor as suas ideias. Mas, curiosamente, é o sector da sociedade que geralmente mais demora a evoluir e a inovar. O famoso estudioso de gestão P.Kotler já escrevia em 1996 que geralmente o sistema de ensino demora 30 anos a aceitar uma inovação de forte impacto. As resistências são sempre muito fortes e sabem de onde partem geralmente? Dos pais e dos professores! Por isso é que o Ensino produz tanto insucesso escolar e tanta desmotivação sendo o menos produtivo. Se não estão ainda satisfeitos com a minha resposta estou pronta para vos encher de referências ainda mais rigorosas. Passem bem e sejam mais auto-críticos antes de criticarem e até desrespeitarem quem não conhecem.
M.RODRIGUES, DOUTORADA EM PSICOLOGIA 19.06.2008 01.41H
Escola para sobredotados (Algarve) Equipa de professores, psicólogos e outros técnicos pronta para o trabalho! Projecto suscita interesse em Espanha! . As crianças sobredotadas são uma mais valia em qualquer nação....desde que sejam reconhecidas, apoiadas e acarinhadas. Infelizmente, em Portugal muito se fala, pouco se faz. Desenvolver talentos é um ponto estratégico para qualquer país. Não é por acaso que nos Estados Unidos, na Europa Central, India e principalmente nos países desenvolvidos da Ásia há uma intensa procura “pelo talento”. Num país como o nosso - com uma grande maioria da população escolar “subnutrida” e refém de um ensino público de qualidade questionável - as iniciativas que valorizam os talentos podem evitar que estes sigam por descaminhos e se venham a tornar “génios do mal”. O ensino particular é certamente a expressão concreta da existência da liberdade de aprender e de ensinar e do direito da família a orientar a educação dos seus filhos. Na verdade, o artigo 43.º da nossa Constituição dispõe que "é garantida a liberdade de aprender e ensinar", que "o Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas", que "o ensino público não será confessional" e que "é garantido o direito de criação de escolas particulares e cooperativas". Mais sucede que em conformidade com o disposto nos artigos 74º e 75º da Constituição da República Portuguesa, o Estado deve assegurar o ensino básico universal, obrigatório e gratuito, para garantir o direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolares. Se estas verdades são indiscutíveis, a questão que tem levantado mais "angústias" é a de saber até onde deve ir o Estado nesta sua obrigação de assegurar o direito ao ensino e o direito da família "a orientar a educação dos nossos filhos". Principalmente se a mesma exige cuidados e atenção especiais. . Sobredotados para o Futuro O século XXI está a revelar-se como todos já prevíramos: complexo, imprevisível e ambíguo. Mais do que em qualquer outra época anterior. Todos necessitamos de estar preparados para desafios pessoais, sociais e profissionais para enfrentar as grandes mudanças que estamos a assistir. No futuro próximo ou no longínquo não haverá lugar para hesitações. O risco é uma realidade cada vez mais omnipresente. A única defesa é estarmos preparados. E isto implica inteligência, flexibilidade, formação constante. Isto implica liberdade de aprender e de ensinar. À luz dos conhecimentos que hoje possuímos sobre o funcionamento do cérebro como um todo, a escola tradicional apresenta muitas heresias biológicas, fisiológicas e psicológicas, isto é, verdadeiros contra-sensos em relação ao que é o ser humano como um todo. Heresias morais também porque quantas vezes essa escola não matou vocações e, em quantas pessoas não deixou bloqueios para o resto da vida? A combinação das ciências do comportamento com as neurociências produz o campo da Psiconeurolinguística e a Emotologia, cuja aplicação ao ensino se chama Emotopedia. A idéia antiga de que "a educação prepara para a vida" é substituída por "a educação é vida" e a escola deve ser um laboratório e não um auditório. A principal finalidade da educação deve ser de desenvolver as capacidades das pessoas em situação de aprendizagem como elemento de auto-realização e, não, "transmitir conhecimentos.” O professor não deve ser, necessariamente, um erudito, "aquele que sabe tudo", encarregado de "moldar a inteligência" e "encher a cabeça" da pessoa de conhecimentos dos quais ela, um dia, talvez "poderá vir a precisar". Vivemos numa sociedade cada vez mais exigente. As nossas crianças entram cedo na escola e ali permanecem durante anos. Vivem num stress constante entre a casa e as salas de aula. Há quem afirme que elas estão cada vez mais inteligentes. Mas a verdade é que o insucesso e o abandono escolares atingem números muito preocupantes. Na verdade, algo vai mal na educação. Estamos a perder o melhor da inteligência de nossos filhos porque a educação familiar e a escola não apostam no despertar das capacidades do pensamento das crianças. Continuam a forçar aprendizagens académicas excessivas e por vezes obsoletas nada fazendo para ajudá-las a melhorar a capacidade de pensar nas suas diferentes versões. Na escola aprendem muitas datas, nomes, fórmulas e teorias. Mas onde aprendem a raciocinar? Onde aprendem a ter sentido crítico? Onde aprendem a julgar? Em síntese: onde aprendem a tirar partido da maravilha da inteligência? Desrespeito pela inteligência? As crianças com elevados potenciais, vulgo “sobredotadas”, precisam mais do que ninguém de aprender a tirar o máximo partido da sua inteligência ao se revelarem nas suas capacidades, habilidades e talentos. Em Portugal elas são “protegidas” pela lei. Destaca-se o decreto-lei n.º 50/2005, de 9 de Novembro, cujo artigo 5º prevê que as mesmas possam beneficiar, nas escolas, de um plano de desenvolvimento que individualize o currículo e as estratégias pedagógicas no quotidiano escolar. Há, no entanto, que atender urgentemente ao facto de, o decreto-lei n.º 319/91 (que previa a antecipação da entrada no ensino regular, isto é, as crianças precoces podiam entrar, um ano mais cedo, no início da escolaridade), ter sido revogado. Isto implicaria que a legislação que o substitui previsse tal medida, o que não sucedeu, isto é, o decreto-lei n.º 3/2008 de 7 de Janeiro não prevê essa possibilidade, pelo que neste momento se verifica uma lacuna a colmatar. O Ministério da Educação, em documentos publicados, tem assumido, teoricamente, esta problemática: "Sobredotação constitui a expressão de um conjunto de factores interactuantes que resultam na manifestação de um desempenho saliente. (...) 0 ambiente educativo em que se processa o desenvolvimento das crianças e, particularmente, a escola, joga um papel decisivo na sobredotação, cabendo-lhe a responsabilidade de criar oportunidade e experiências de aprendizagem favoráveis ao desenvolvimento e expressão da sobredotação. (...) A atenção às diferenças individuais e ao contexto de aprendizagem implica uma flexibilização da organização escolar, das estratégias de ensino, da gestão dos recursos e do curriculo, por forma a proporcionar o desenvolvimento maximizado de todos, de acordo com as caracteristicas pessoais e as necessidades individuais de cada um. (...) Uma das maiores dificuldades que decorre da operacionalização destes principios, no contexto de cada escola, diz respeito a concretização de um ensino diferenciado e a planificação e gestão dos recursos humanos e técnicos disponiveis para lhe dar coerencia e viabilidade. O ajustamento da qualidade das respostas educativas produzidas pela escola relativamente aos alunos sobredotados poderá contribuir para a construção de uma prática pedagógica mais centrada nas particularidades psicológicas, sociais, cognitivas, que fazem de cada criança e jovem um sujeito único, cujo direito à diferença e a valorização das suas potencialidades e competências deverá constituir a finalidade central do sistema educativo (in Crianças e Jovens Sobredotados: Intervenção Educativa, ME-DEB, 1998). No entanto, muitos pais portugueses estão angustiados com a falta de respostas do sistema de ensino que vigora no país. Muito poucos estão orientados e apoiados, dando um suporte adequado aos filhos. É verdade que os professores e educadores estão cada vez mais despertos para esta forma de diversidade e para as necessidades destes alunos e que a gestão das escolas vem desenvolvendo esforços para apoiar as diferentes formas de diversidade, todavia, quanto aos alunos sobredotados, as dificuldades de actuação mantem-se e são multiplas. Em nosso entender, as crianças sobredotadas apresentam Necessidades Educativas Especiais, por isso necessitam de respostas diversificadas que passam pela flexibilização e adequação curricular e por uma efectiva diferenciação de métodos e estratégias educativas. Para tentar combater o problema, o Ministério da Educação brasileiro, por exemplo, destinou milhões para a criação dos Núcleos de Actividade de Altas Habilidades/Sobredotação em todos os Estados do Brasil. A idéia é a de capacitar professores e financiar equipamentos para que as crianças talentosas das escolas públicas tenham oportunidade de se desenvolver. É a primeira iniciativa desta natureza na esfera pública. Em Portugal existem esforços “na esfera privada” para a colocação, em cada agrupamento escolar, de uma dupla composta por um psicólogo e um pedagogo para acompanhar os casos “que vão surgindo”....Convenhamos que é manifestamente pouco! Dificuldades burocráticas atrasam processo A Universidade da Criança, um instituição gerida pela Associação Nacional de Pedagogia da Universidade da Criança, composta por professores, educadores, psicólogos e outros profissionais da área do ensino e da psicologia, abraçou, em 2008, em parceria com o Instituto da Inteligência, um projecto inédito em Portugal: uma escola do 1.º Ciclo do ensino básico para crianças com altas habilidades e elevados potenciais com os “Projectos Leonardo Da Vinci e Albert Einstein”. Um projecto piloto que pretende iniciar com dois grupos de crianças do 1.º ano do 1.º ciclo do ensino básico no próximo ano lectivo 2008/2009. No entanto, os entraves de ordem burocrática e técnica estão a ser imensos pelo que se torna urgente alertas a sociedade! E há uma pergunta que se deve fazer: uma vez o Estado não consegue dar resposta às Necessidades Educativas Especiais de crianças e jovens sobredotados como é que se explicam as dificuldades colocadas à iniciativa privada e ao ensino particular? A Universidade da Criança precisa de ajuda. Ajuda para concretizar o seu projecto. A instituição tem o dinheiro que precisa, tem as instalações quase prontas, tem os profissionais competentes, tem o amor e a dedicação que uma obra desta envergadura pressupõe, mas o seu projecto não está a mercer o respeito e o apoio por parte do Ministério da Educação e de seus técnicos. Por desconhecimento? Por falta de visão? Seria inadmissível por parte de quem "gere" a educação académica!!
UNIVERSIDADE DA CRIANÇA, PORTIMÃO. 18.06.2008 20.43H
“Os maiores talentos estão, muitas vezes, escondidos.” Titus M. Plautus, dramaturgo latino (aprox. 250-184 A.C.) Quando os pais e os professores desejam saber mais sobre “talentos especiais”, a sua primeira pergunta é quase sempre esta: “Como é que se sabe se uma criança é “sobredotada?” – O melhor da turma é também, por norma, “sobredotado”? O que se passa com a criança que aos quatro anos aprendeu a ler sozinha? É possível que determinado aluno brilhante nas áreas da matemática e das ciências da natureza, mas que não se destaque na parte linguística, possa ser considerado “sobredotado” ou não? Os pais e os professores gostariam de ter um manual que lhes permitisse saber como detectar uma criança sobredotada. Este desejo é compreensível. Por isso, nas orientações relativas ao tema “Sobredotação” são referidas as chamadas “listas de controlo” nas quais se encontram características consideradas típicas de crianças sobredotadas, como por exemplo: 1. Características de aprendizagem e de raciocínio que podem indicar “sobredotação”: - conhecimentos profundos em algumas áreas - vocabulário invulgar para a idade - discurso expressivo, elaborado e fluente - grande capacidade para memorizar factos rapidamente - compreensão exacta das relações causa/efeito - busca intensiva de semelhanças e diferenças - facilidade em reconhecer os princípios básicos em exercícios difíceis - capacidade especial para facilmente fazer inferências - extraordinárias capacidades de observação - leitura de muitos livros por mote próprio; preferência por livros que se destinem a uma faixa etária claramente superior à sua - pensamento crítico, independente e válido 2. Atitude perante o trabalho e interesses que podem indicar “sobredotação”: - evidenciar-se em determinados problemas - esforço por resolver sempre totalmente os exercícios - tédio perante as tarefas de rotina - perfeccionismo - autocrítica - postura crítica em relação ao próprio ritmo ou resultado - preferência por trabalhos independentes para ter tempo suficiente para raciocinar sobre um problema - estabelecimento de elevados objectivos de desempenho e resolução de tarefas (auto)impostas com o mínimo de orientação e ajuda um adulto - interesse por muitos “temas de adultos”, como sejam religião, filosofia, política, questões ambientais, sexualidade, justiça no mundo (etc.) 3. Características do comportamento social que podem indicar “sobredotação”: - preocupação com termos como justo/injusto, bom/mau e prontidão de se rebelar contra as autoridades, por exemplo - individualismo - aceitação das opiniões das autoridades só depois de um juízo crítico - capacidade para assumir responsabilidades e confiança no planeamento e na organização - escolha de amigos com as mesmas capacidades, frequentemente mais velhos - tendência para tomar decisões rápidas - empatia e mente aberta em relação a problemas políticos e sociais O meu filho é sobredotado? Quando os pais observam repetidamente que o seu filho mostra peculiaridades e reacções que até em crianças mais velhas seriam surpreendentes, é compreensível que se questionem se não será ele sobredotado. As experiências como as que tiveram, p. ex., em pontos de aconselhamento especiais para responder a dúvidas acerca de sobredotação, tornam clara a motivação dos pais. Os pais tornaram-se inseguros por repararem que muitas das suas formas bem sucedidas de lidar com outras crianças (irmãos e amigos da criança) não são, frequentemente, de todo, adequadas para esta criança em particular. Só querem saber qual é a melhor forma que eles, o infantário ou a escola têm para avaliar o seu filho e se o comportamento invulgar poderá ter, de facto, a ver com a “sobredotação”. Nalguns poucos casos, por detrás da pergunta dos pais que querem saber se o seu filho é sobredotado, está a ideia de que a sobredotação é uma coisa muito especial, como se uma criança sobredotada fosse melhor do que qualquer outra. Esta ideia encerra uma série de riscos em si; se os pais receberem resposta positiva ou se se convencerem disso, isso pode levar a um sentimento de superioridade, que possivelmente passará para a criança. Esta criança e a sua família serão vistos pelos outros como arrogantes e altivos. Mas felizmente essa ideia é muito rara. Um inquérito feito a pais encomendado por uma revista europeia da especialidade há alguns anos atrás concluiu que 83 % dos inquiridos não gostariam de ter um filho sobredotado e apenas 13 % mostraram ter esse desejo. Pelas perguntas dos pais, cada vez mais se torna evidente que há uma certa insegurança quanto ao facto de os sobredotados serem especialmente vulneráveis a problemas e a correrem riscos na escola ou com as crianças da mesma idade com quem lidam, ou de tudo se tratar simplesmente de uma dádiva que faz com que tenham uma melhor preparação para a vida. Nem todos os sobredotados são iguais. Quase não se pode falar em sobredotados, pois eles divergem tanto entre si quanto a personalidade e desenvolvimento como os normalmente dotados. Por essa razão falamos de crianças e jovens com altas habilidades e elevado potencial. Há várias pesquisas que seguem o desenvolvimento de sobredotados desde a infância até à idade adulta. Provavelmente, a mais conhecida e primeira pesquisa é o estudo do psicólogo Lewis Terman em 1.528 crianças sobredotadas na Califórnia/E.U.A; dessas, 856 eram rapazes e 672 eram raparigas. Este estudo começou em 1921 e os participantes foram sujeitos a questionários e pesquisas até à terceira idade. A vantagem de uma pesquisa com esta abrangência reside no facto de se poder observar o desenvolvimento dos sobredotados ao longo de várias fases da vida. Pode, assim, pesquisar-se quais os factores que influenciam este desenvolvimento e como virão a ser os sobredotados na escola e na vida profissional. No geral, as pessoas pesquisadas por Terman tiveram um desenvolvimento positivo: Conseguiram desempenhos na escola e nos estudos acima da média e uma percentagem, maior do que o normal, do grupo trabalhou mais tarde numa profissão altamente especializada. Terman registou também, no seu grupo de sobredotados, entre outras coisas, um melhor estado de saúde e uma menor percentagem de pessoas com problemas emocionais e distúrbios da personalidade comparativamente com a média da população. Os críticos argumentam, contudo, que o grupo pesquisado não era representativo. Terman recrutou, predominantemente, os seus participantes da classe média-alta, ou seja, de famílias com maiores rendimentos e, muitas vezes, com melhor formação do que a média americana. Por isso, não é claro que parte do sucesso e da boa saúde física e mental das pessoas pesquisadas se pode atribuir a sobredotação e que parte se pode atribuir a muitos outros factores, como sejam a proveniência social. Esta e outras pesquisas mais recentes mostram que é difícil falar de um desenvolvimento típico de um sobredotado. Há sobredotados que parecem ter tudo sem esforço, há outros que se desenvolvem tardiamente e, outros ainda, que nunca tiveram qualquer oportunidade, ou que não puderam desenvolver o seu potencial. Muitos sobredotados transformaram-se em especialistas ou em adultos extraordinariamente criativos; outros não se destacam, na sua actividade profissional, dos restantes adultos com dotação média. Os factores que facilitam um desenvolvimento positivo dos sobredotados são, por exemplo, um ambiente em que haja amor e desafios nos primeiros anos, um estímulo precoce, adequado e direccionado, modelos, estabelecimento de objectivos, confiança nas próprias capacidades ou a aquisição de conhecimentos, incluindo os técnicos, necessários para o desenvolvimento profissional. Resumindo, podemos afirmar que os sobredotados passam por um desenvolvimento emocional normal e, no geral, não correm mais riscos do que os normalmente dotados. Contudo, há particularidades que, em determinadas circunstâncias, exigem uma atenção especial.
UNIVERSIDADE DA CRIANÇA, PORTIMÃO 18.06.2008 20.36H
Raramente uma criança sobredotada se vem a tornar num grande cientista, arquitecto ou artista de génio. Isso é falso. Os desajustes psico-sociais e organizacionais perante a sociedade maioritária que os envolve, impede que a maioria deles se distinga em adultos.
JÚLIA 18.06.2008 12.22H
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