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terça-feira, 24 de junho de 2008

Violência Escolar,Bullying,

"Falta à União cidadania europeia. Os europeus têm poucos meios para influenciar as decisões dos dirigentes e mesmo para as compreender."
Mário Soaras, "Diário de Notícias", 24-06-2008

Conferência hoje em Lisboa
Daniel Sampaio: Indisciplina deve ser olhada como uma forma de violência
23.06.2008 - 13h59 Lusa
O psiquiatra Daniel Sampaio alertou hoje para a necessidade da indisciplina escolar ser olhada como uma forma de violência que deve ser trabalhada e combatida."Há uma diferença entre indisciplina e violência mas quando se diz que indisciplina nada tem a ver com violência não estamos no bom caminho", disse o psiquiatra português numa intervenção no âmbito da 4ª Conferencia Internacional sobre Violência Escolar e Políticas Públicas, a decorrer em Lisboa até quarta-feira. Na sessão de abertura da conferência, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, disse ser importante estabelecer uma diferença entre violência e indisciplina escolar. Maria de Lurdes Rodrigues referiu que enquanto a indisciplina está mais generalizada nas escolas portuguesas, a violência escolar está circunscrita, uma vez que 90 por cento das ocorrências têm lugar em cinco por cento das escolas. Já para Daniel Sampaio, violência escolar é todo o comportamento que pode violar a missão educativa de uma escola, uma missão que cada estabelecimento de ensino deve desenhar e definir. Para combater estes fenómenos, explicou, deve ser reconhecida a participação de todos os agentes educativos, incluindo os alunos autores dos actos de disciplina e de violência, o que, acrescentou, não é muito frequente acontecer em Portugal. "Impressiona-me não se perguntar aos alunos o que pensam da violência", disse. Por outro lado, defendeu que devem ser avaliadas as causas de violência através dos factores de risco dos alunos de diferentes idades e ainda da escola. Na infância são factores de risco a violência nas famílias e as perturbações de comportamento, enquanto na adolescência se detecta como factor de risco a fraca ligação com colegas não delinquentes, a adesão a gangues, os comportamentos anti-sociais. Relativamente ao percurso escolar, Daniel Sampaio considera que são factores de risco as expectativas reduzidas face à possibilidade de sucesso, o deficiente apoio da família e a pouca ligação entre os professores e os pais. O combate à indisciplina e violência escolar, acrescentou, passa ainda pelo estabelecimento de programas sistemáticos de prevenção, que no jardim de infância e no 1º ciclo devem ser feitos com a família, enquanto que nos adolescentes as iniciativas devem centrar-se nos grupos juvenis. Por outro lado, Daniel Sampaio destacou ainda a importância de uma estratégia de intervenção na sala de aula com mediadores que estabeleçam uma ligação entre a escola e a família.

Conferência hoje em Lisboa
Daniel Sampaio: Indisciplina deve ser olhada como uma forma de violência
23.06.2008 - 13h59 Lusa
O psiquiatra Daniel Sampaio alertou hoje para a necessidade da indisciplina escolar ser olhada como uma forma de violência que deve ser trabalhada e combatida."Há uma diferença entre indisciplina e violência mas quando se diz que indisciplina nada tem a ver com violência não estamos no bom caminho", disse o psiquiatra português numa intervenção no âmbito da 4ª Conferencia Internacional sobre Violência Escolar e Políticas Públicas, a decorrer em Lisboa até quarta-feira. Na sessão de abertura da conferência, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, disse ser importante estabelecer uma diferença entre violência e indisciplina escolar. Maria de Lurdes Rodrigues referiu que enquanto a indisciplina está mais generalizada nas escolas portuguesas, a violência escolar está circunscrita, uma vez que 90 por cento das ocorrências têm lugar em cinco por cento das escolas. Já para Daniel Sampaio, violência escolar é todo o comportamento que pode violar a missão educativa de uma escola, uma missão que cada estabelecimento de ensino deve desenhar e definir. Para combater estes fenómenos, explicou, deve ser reconhecida a participação de todos os agentes educativos, incluindo os alunos autores dos actos de disciplina e de violência, o que, acrescentou, não é muito frequente acontecer em Portugal. "Impressiona-me não se perguntar aos alunos o que pensam da violência", disse. Por outro lado, defendeu que devem ser avaliadas as causas de violência através dos factores de risco dos alunos de diferentes idades e ainda da escola. Na infância são factores de risco a violência nas famílias e as perturbações de comportamento, enquanto na adolescência se detecta como factor de risco a fraca ligação com colegas não delinquentes, a adesão a gangues, os comportamentos anti-sociais. Relativamente ao percurso escolar, Daniel Sampaio considera que são factores de risco as expectativas reduzidas face à possibilidade de sucesso, o deficiente apoio da família e a pouca ligação entre os professores e os pais. O combate à indisciplina e violência escolar, acrescentou, passa ainda pelo estabelecimento de programas sistemáticos de prevenção, que no jardim de infância e no 1º ciclo devem ser feitos com a família, enquanto que nos adolescentes as iniciativas devem centrar-se nos grupos juvenis. Por outro lado, Daniel Sampaio destacou ainda a importância de uma estratégia de intervenção na sala de aula com mediadores que estabeleçam uma ligação entre a escola e a família.

Entrevista ao presidente do Observatório Internacional para a Violência Escolar
Eric Debarbieux: “Os professores não são treinados para agir em caso de violência”
22.06.2008 - 19h57 Bárbara Wong
A violência não está a aumentar, diz Eric Debarbieux, professor de Ciências da Educação da Universidade de Bordéus, em França. Mas é preciso agir, não com medidas repressivas, mas pensadas a longo prazo. É presidente do Observatório Internacional da Violência Escolar, uma organização não governamental “científica”, uma “federação de investigadores” de 52 países, que faz estudos e recomendações aos Governos. A quarta conferência internacional decorre entre amanhã e quarta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.Qual é o grau de influência do Observatório Internacional da Violência Escolar nas políticas dos países?O nosso objectivo é ter influência, dizer o que está certo e errados nas políticas públicas. Por exemplo, sabemos que o melhor caminho não é ter políticas de repressão nas escolas e dizemos isso. O que não significa que sejamos ouvidos pelos políticos. A violência na escola é um tópico inconveniente que é recorrentemente recuperado pelos média e pelos políticos, que exageram sobre as suas causas e os seus efeitos. Contudo, a investigação mostra que a violência na escola não está a aumentar. Não está a aumentar?Vou dar um exemplo: Recentemente um país africano pediu-nos para fazermos um estudo. O observatório concluiu que o problema era as crianças não irem à escola, sobretudo as raparigas e recomendamos que o investimento devia ser feito na sua educação. É claro que não ficaram satisfeitos. A razão científica nem sempre é palavra de acção, mas é essa a nossa função.A violência escolar vai da agressão verbal aos massacres nas escolas? Os tiroteios não são um problema real. Nos EUA, os estudos dizem que o risco de um aluno ser vítima de um tiroteio é de um para um milhão, no entanto, 80 por cento dos estudantes tem medo de ser vítima. O verdadeiro problema é a violência continuada e repetida, a que chamamos bullying, sobre alunos, mas também sobre professores. Por vezes, pensa-se que não é importante, que é uma coisa pequena, mas sabemos que as consequências são muito graves para as suas vítimas. Há pesquisa que mostra que uma vítima de bullying pode tentar o suicídio mais quatro vezes do que alguém que nunca sofreu bullying na escola. É contra esta pequena violência que temos de lutar.É diferente de país para país?Há países onde há problemas graves de violência escolar. Em África, no Burkina Faso, 37 por cento das raparigas já foram vítimas de abusos sexuais por parte dos professores. Outro problema são os castigos corporais, nos EUA há 18 estados onde ainda são permitidos. Sabemos que as consequências podem ser nefastas. Por exemplo, grande parte dos tiroteios dentro de escolas é nesses estados onde os professores podem bater nos alunos. Disse que a violência escolar não está a aumentar, mas são tornados públicos cada vez mais casos. Porquê?Em França, a média do número de alunos vítimas de bullying não está a aumentar, mas se observarmos as escolas dos subúrbios, de zonas mais frágeis em termos sócio-económicos, a violência escolar está a crescer. Na Europa, a violência na escola está ligada à exclusão social e é um assunto que a democracia deve combater. Mas não é assim em todos os países.Quer dizer que a violência pode não estar ligada à exclusão?Em muitos países pobres africanos e da América Latina a violência escolar não é um problema porque a comunidade protege a escola. Para ela, a escola é um capital social, é uma oportunidade para sair da pobreza, enquanto noutros países, na Europa e EUA, a escola é vista como um inimigo. No Brasil, nas favelas onde não há saneamento, a escola é o único bem e os professores têm até 80 alunos na sala de aula e não há problemas de violência.Significa que depende do contexto onde a escola se encontra?É o que vamos discutir neste congresso: A violência em contexto. Como é que o contexto pode fazer parte da solução? Sabemos que há dezenas de milhares de alunos, em todo o mundo, que odeiam o clima escolar.Porque a escola continua a ser igual desde a revolução industrial e recebe públicos para os quais diz não estar preparada?Os professores não são preparados para intervir. Por exemplo, uma hospedeira é treinada para reconhecer o stress de um passageiro, um quadro bancário para a gestão e dinâmica de grupo, e os professores não. Em termos políticos, é uma prioridade repensar a formação. A maneira como se gerem os conflitos é muito importante, há necessidade de formar os professores também para trabalhar em equipa. Se não houver esse trabalho de equipa, a porta da escola está aberta para entrar a cultura de violência. Não podemos mudar a família ou a sociedade, mas podemos mudar a maneira como se trabalha na escola. A pedagogia pode contribuir para a solução.Os alunos precisam de gostar da escola?O sentimento de pertença à escola é uma das chaves. Se um professor ou um aluno está isolado, corre maior risco de ser vítima de violência. Por isso, é preciso apostar na boa convivência escolar. É uma necessidade criminológica para nos proteger da violência escolar, porque os agressores não são corajosos, são jovens que atacam e roubam os da mesma classe social. Se há uma equipa a funcionar na escola, as agressões podem reduzir-se.E as câmaras de vídeo ou a polícia à porta da escola?Há escolas com os portões fechados e videovigilância. São meios que podem tornar-se perigosos porque os alunos interpretam que a escola os quer vigiar e controlar, bem como aos amigos e à família. O desafio é evitar a violência de exclusão, ou seja, aquela que é feita fora da escola contra a polícia, os transportes públicos, os bombeiros, porque essa é mais difícil de controlar. As escolas devem criar regras claras contra o bullying. Quais devem ser as responsabilidades dos governos?Formar professores para saberem gerir conflitos. Tomar medidas de apoio às vítimas, mas também de apoio aos agressores. Não basta agitar o cassetete, os Governos devem dar uma resposta que não seja dura e imediata, mas de longo prazo. Os governantes sentem um enorme fascínio pela repressão da violência extrema e isso deve-se à pressão mediática. Não há imagens da pequena violência, diária e repetida; mas há das consequências de um tiroteio num liceu norte-americano, que passam repetidamente na televisão. As políticas públicas devem dirigir-se à pequena violência.

Origens e causas da violência escolar O que está na origem da violência escolar? Não há uma causa, mas muitas que estão ligadas. A escola, a família, a comunidade... Sabemos que se os pais forem muito disciplinadores, que inflijam castigos corporais, pode haver mais violência; mas o contrário também pode dar origem a violência, ou seja, se os pais não exercerem qualquer controlo. O modo como se educa pode ser uma das explicações, mas não é a única. Não se pode falar de determinismo. Há novas formas de violência escolar? O cyberbullying é um problema novo, ainda não há dados quantitativos, mas muitos inquéritos revelam que há um aumento. É o mesmo problema que o bullying, o meio usado é que é diferente. Quem são as vítimas? São os alunos, sobretudo rapazes, vítimas de violência física; há menos vítimas do sexo feminino e a forma de violência exercida é condená-las ao ostracismo. Não posso dizer que seja pior, porque a violência física é acompanhada de violência verbal. As consequências são muito importantes: o absentismo, maus resultados escolares, falta de auto-estima, por vezes, sentimentos de culpa. No futuro, as vítimas podem tornar-se agressoras? A maior parte das vítimas não se tornam agressoras. Mas acontece. O risco é que reproduzam esses comportamentos com os seus próprios filhos. Sabemos que 80 por cento dos casos dos autores de massacres nos EUA foram vítimas de bullying.

Acho que a solução reside em ambos os contextos: no espaço escolar onde seria necessário existir mais vigilância seja pela existencia de maior numero de auxiliares seja por maior apoio psicológico para agressores e para agredidos para que essas situações fossem reduzidas ao minimo. Em familia é necessário ensinar aos nossos filhos a não sermos preconceituosos com as diferenças dos outros sejam elas fisicas ou psicológicas e aceitar todas as pessoas como iguais.
ALVES- QTA DO CONDE 24.06.2008 09.17H Destak

INSTANTES
Nuvens no café
24 06 2008 09.15H
Engraçado, há anos que ando com esta expressão na minha cabeça, a saboreá-la como quem tem um caramelo na boca, e o desfaz bem devagarinho.
Sempre que penso em dias doces, dias de tranquilidade, vem me à ideia as tais nuvens no meu café, como se o leite ou as natas fossem pedaços que retirei do céu.
Coisa estúpida mas se pensarmos bem, são os momentos mais pequenos, os factos mais singelos que nos marcam a memória para sempre.
O cheiro do pão quente, o perfume da terra molhada quando a chuva cai sem ser esperada e depois desaparece como por milagre, o fragrância misteriosa da pele de uma criança, o sentir o cabelo molhado e levado pelo vento, o olhar que fixamos em alguém e que por razão nenhuma nos fica na memória para sempre, instantes apenas mas muitos anos passados são muitas vezes o que nos leva para o a terra do que já foi, do que já fomos.
Cada um de nós tem a sua própria colecção de recordações, de fotografias a preto e branco onde somos meninos de laços no cabelo ou calções pelo joelho e contudo, lembramo-nos perfeitamente do tecido grosso que nos tocava o corpo ou do cetim leve que roçava a face.
Para mim, num dia perfeito, ou num momento perfeito, vêem-me à cabeça uma chávena de flores coloridas e lá dentro, nuvens no meu café com leite!
Depois, fico parada a olhar para a minha neta, que nos seus fantásticos três anos apenas é capaz de sair a porta da minha casa, sentar-se na relva e dizer-me: Que belo dia avó!
E eu por ali fico a descobri-la e nem consigo imaginar quais irão ser as memórias da minha princesa.A vida corre hoje muito depressa!
Luisa Castel-Branco Destak

Ser mãe é isto
17 06 2008 08.41H
Queria abraçar-te com força, tomar-te nos meus braços e embalar-te pelo dia adentro e até ao fim da noite.
Queria limpar as tuas lágrimas com um pano suave como uma nuvem, tocar ao de leve a tua pele, deixando os meus dedos afagarem cada pedacinho, para te tapar com amor, com desvelo e carinho.
Queria ter a certeza que o céu te cobrirá para sempre de bênçãos, que a tua vida será doce, aprazível, calma como o mar em dia de maré vazia, quando foge da praia e parece plano, um espelho. Queria afastar de ti todos os perigos, todos os males, todas as mágoas.
Mas sei que não é possível e sei também que é assim que deve ser. Porque quem nunca chorou não é um ser humano pleno, quem nunca se arrependeu de algo não vale a pena andar por cá, a gastar palavras e gestos e a fingir que existe.
Porque o teu futuro é hoje, e o que foi ontem e o que será o amanhã e tu guardarás dentro de ti tudo o que viveste, o que doeu e o que te fez rir, numa mistura tão estranha como poderosa.
Porque os que atravessam a vida plenos de certezas, os que nos rodeiam e não sentem necessidade de questionar porque nasce o sol, quem fez as flores ou o que vai dentro de alma se é verdadeiro ou não, ou se tudo o que sentimos é uma fuga, desses não devemos ter nada a não ser pena.
O meu amor por ti será sempre maior que o universo. Porque te sei como tu não sabes, te conheço como ninguém e por estas razões só posso ter orgulho, e não existe dentro de mim sobra de medo do teu futuro, da tua vida. Ser mãe é isto.
Luisa Castel-Branco

A política precisa de jovens
27 05 2008 08.47H
Fui militante do PSD há muitos anos. Depois passei a simpatizante e depois desisti. Eu que considero que a politica é algo de que temos obrigação de nunca nos alhearmos.
Independentemente do que possamos pensar sobre a classe política, que muitas vezes não se dá ao respeito deixando-nos espantados com as guerrilhas e conversas sem substância em vez da apresentação de verdadeiros projectos para o futuro dos nossos filhos e netos, também a comunicação social passou para a tratar, com honrosas excepções, os políticos como meros figurantes dos supostos jet-set, perdendo-se em ridicularias em vez de investigação séria.
Não me dou bem com disciplinas partidárias, e quanto mais avanço na vida mais difícil é aceitar um mundo dividido por siglas partidárias, com os bons de um lado e os maus do outro. Ao longo dos anos, criei amizades em todos os partidos. O que me parece totalmente normal. Gosto de alguém pelo ser humano que é, pela rectidão de carácter, pela abertura de espírito. Acredito na necessidade da sociedade civil intervir, discutir e participar cada vez mais nos assuntos e decisões que tocam a vida de todos nós, porque esse é um dos pilares da democracia.
E para alguém que viveu no Portugal anterior à Revolução, que sentiu na pele o que é ser tratada como uma cidadã de segunda, sem os direitos mais básicos, é fácil não esquecer a importância de sermos livres de discordar, livres de falar abertamente.
Sou amiga de Pedro Passos Coelho há mais de vinte anos. E não concordei muitas vezes com as suas posições no PSD. Depois, como muitos portugueses, afastei-me mas nunca abdiquei das minhas opiniões, fossem elas secundadas pelo PS, pelo Bloco de Esquerda, e, infelizmente, raramente pelo PSD.
A democracia, para ser verdadeiramente forte de forma a poder enfrentar as crises económicas e sociais, para poder preparar o futuro, necessita, para além de um governo sério, de um oposição forte, e simultaneamente consciente das suas responsabilidades. Pedro Passos Coelho veio trazer à ribalta, nestas directas do PSD, temas tão politicamente incorrectos como o casamento homossexual, a liberalização das drogas, a cruel realidade do futuro do serviço nacional de saúde. Não tenho quaisquer dúvidas em dizer que Pedro Passos Coelho representa o futuro. Um futuro onde os jovens voltem a interessar-se pela política, e onde seja possível uma discussão de ideias e não de trivialidades.
Não é a minha amizade de longa data que me leva a escrever este texto. Enquanto cidadã, mãe e avó, espero que ele ganhe as eleições no PSD para depois poder-lhe exigir o cumprimento dos seus princípios.
Luisa Castel-Branco


Durante anos traduzi a palavra Bullying por Tortura, embora agora já se use o termo inglês. Tortura descreve bem esta realidade cruel que vitimiza uma criança ou adolescente, que por ser 'diferente' (usa óculos, tem peso a mais ou é franzino, tem notas excelente, etc), é escolhido como bode expiatório, normalmente por um líder de um pequeno grupo de seguidores, que individualmente não lhe fariam mal, mas que na presença do chefe se juntam à chacota.
O círculo vicioso criado é evidente: o torturado sofre danos irreparáveis à sua auto-estima, guarda o segredo por vergonha e com medo de represálias, tenta fugir à escola, usando um leque de pretextos, somatiza o sofrimento e, por vezes, chega mesmo ao suicídio.
Durante séculos (e não o será ainda, para muitos? Basta ver como se reage aos rituais mais bárbaros de iniciação de caloiros), a culpa foi atribuída à vítima, por se considerar «que se deixava humilhar», e muitos adultos fechavam os olhos, convencidos de que assim haviam de aprender a fazer-se homens/mulheres.
Sabe-se, no entanto, que esta forma de violência não tem nada de inocente, nem de pedagógico, e que se trata de um fenómeno muito complexo, em que é preciso ajudar tanto o torturador, que se refugia nestes comportamentos de prepotência e sadismo, como o torturado, que precisa de aprender a fazer-se valer, sob risco de continuar pela vida fora a colocar-se em posições de minoridade, que chamam sobre si constantes abusos.
Hoje o bullying está sob o microscópio dos especialistas do comportamento, e já foram criados programas anti-tortura de grande êxito, que muitas escolas aplicam, nomeadamente entre nós. Carlos Neto foi coordenador, em Portugal, de um projecto internacional nesta área.
Ao ler um resumo do trabalho, uma frase ficou-me na memória: «As escolas que permitem o bullying, dão aos alunos modelos muito pobres do que é ser cidadão numa sociedade democrática». O tema vai estar esta semana em debate.
Isabel Stilwell editorial@destak.pt


A sensibilidade das mulheres faz falta na política e nos lugares de destaque. Não é igual à dos homens, por muito que não seja politicamente correcto dizê-lo, e ainda bem.
Nem podia ser, resultando, como é óbvio, de um processo educativo completamente diferente, que começa no berço quando se vestem as meninas de cor-de-rosa e os rapazes de azul, e continua, em casa e na escola.
Nem sequer vale a pena chamar para aqui os cromossomas, os dois XX da mulher e o XY, o X coxo, dos homens, como o rotulou com graça o psiquiatra Pio de Abreu. É que sinceramente, o poder da aculturação é tão forte, que o DNA pode muito menos do que nos querem fazer crer.
Homens e mulheres vivem, ainda, existências completamente diferentes, sobretudo quando se constituem em casal, e cada um assume os seus pelouros. Embora no futuro a tendência seja para diluir papéis, hoje a realidade que uma mulher vê, sente e discute é radicalmente diversa daquela que um homem encontra nas mesmas 24 horas.
Sendo assim, é natural que as suas causas e lutas na política, sejam também singulares. Em lugares de responsabilidade, terão sempre as antenas mais ligadas para algumas questões, como os direitos das crianças, a conciliação do trabalho doméstico e profissional, a violência em casa.
As grandes alterações legislativas foram, em muitos casos, resultado de verdadeiras batalhas encabeçadas por mulheres, nomeadamente de mulheres ligadas ao Direito.
As deputadas na Assembleia da República são as primeiras a protestar com «detalhes» que a maioria dos homens considera irrelevantes, como a falta de Jardins de Infância, ou o apoio às mães.
Ontem foi a vez de Teresa Caeiro, deputada do CDS/PP, apresentar um projecto-lei que visa, entre outras coisas, que os abusadores de menores condenados não vejam o seu passado apagado, quando são os direitos das crianças que estão em risco. Mas o importante é perceber que o fazem não porque são «assuntos de mulheres», mas porque são fundamentais.
Isabel Stilwell editorial@destak.pt


Já viram um artista a desenhar caricaturas? Vale a pena ver. Mas em vez de olharem para o desenho, ponham-se antes atrás do cavalete para verem as expressões do desenhador. À medida que transporta os traços para o desenho, o caricaturista vai fazendo caretas que imitam, com exagero, as feições do seu modelo. O fenómeno é deveras interessante, mas é também uma lição sobre o nosso funcionamento mental. Conhecer alguém ou alguma coisa é transformar-se nele ou nela.
Num filme de Joseph Losey sobre uma peça de Brecht - Galileo - quando os bispos recebem a novidade de que é a Terra que anda à volta do Sol e não o contrário, põem-se a rodopiar, quais planetas, em volta uns dos outros. Talvez não exista outra maneira de perceber o que não é imediatamente evidente, senão usar o próprio corpo como modelo. A imitação está na base de toda a aprendizagem. As crianças imitam desde que nascem e começam a imitar em diferido, ou seja, a representar. Imitam e representam o que lhes parece pouco usual ou, de algum modo, lhes chama a atenção. Já crescidos, imitamos quem nos agrada, mas também quem nos desagrada. E imitamos, sobretudo, aqueles que invejamos.
Nem sempre imitamos para fazer caricaturas, mas cultivamos uma arte que também exagera e comunica os defeitos dos outros: o mexerico. E os melhores artistas são, como vimos, aqueles que apreendem tais defeitos por imitação. Por muito que pratique, um caricaturista não consegue ficar com a cara de outra pessoa. Mas um bom mexeriqueiro não tardará a praticar aquilo que mais critica.
J.L. Pio Abreu

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