"A vida é muito complicada para ser resumida" "Não tenho uma rotina bem defenida,não me estou a ver num emprego que não tenha criatividade""Era uma espécie de caixeiro-viajante quando chegava aos paises,(só no terceiro conseguiu)Ia bater á porta das estações televisivas"Todos os meios são alugados,há um fluxo de pessoas que vão e voltam""Vendi um programa,precisava de vender 4 e consegui""Nos restaurantes ligo mais ao ambiente do que á comida" Piet Hein produtor TV in Sábado.
Código da Vinci:
Livro de Dan Brown,Leonardo da Vinci grão-mestre de uma sociadade messiânica,Mona Lisa como retrato de Maria Madalena,mulher que seria companheira de Jesus e que teriam dado origem a uma linhagem sagrada.
O fundador do Priorado de Sião :Pierre Plantard,
Pierre Athananase Marie Plantard nasceu em Março de 1920 em Paris,
filho de um mordomo e de uma dona de casa,teve uma formação católica,
aos 17 anos deixou de estudar e fundou a Union Francaise,organização que atacava os Judeus e a Maçonaria.Criou tambem a Alpha Galates,uma ordem de cavaleiros defensores do nacionalismo françês,que viria a ser registada em 1956 como Priorado de Sião,foi secretário-geral da sociadade secreta e grão-mestre em 1981,assumindo-se como legitimo Rei de França,descendente da dinastia Real,os Merovíngios.As suas dificuldades financeiras eram conhecidas,receberia 65% dos direitos autorais dos livros de Gérard de Séde,um escritor esotérico.Casou 2 vezes mas morou a maior parte da vida com a mãe.Faleceu em 2000.
O fundador da Opus Dei
Monsenhor Josemaria Escrivá:
Nasceu em Janeiro de 1902,em Huesca,Es,filho de um dono de uma empresa téxtil que foi á fal~encia tinha o filho 13 anos.Estudou no Seminário de Saragoça e ao mesmo tempo fez o curso de Direito na universidade local.Em 1925 tornou-se sacerdote,e foi para Madrid fazer o doutormento em Direito.Aos 26 anos,em 1928 fundou o Opus Dei.Refugiou-se em frança durante a Guerra Civil espanhola,e depois foi viver para Roma em 1946.Foi nomeado prelado honorário do Papa e consolidou o estatuto e a internacionalização da Obra de Deus.morreu em 1975,sendo beatificado em 1992,e elevado á categoria de Santo em 2002.Os criticos dizem que nunca se viu um processo tão rápido.Como a madre Teresa de Calcutá que foi Beatificada em 5 anos.
Bernardo Sanchez Motta,português ,em 8 anos,gasta e estuda e investiga 2 horas por dia,num canto da casa, O Priorado de Sião e Rennes-le-Château.O essencial está resolvido mas há muitas pontas por resolver.È o unico especialista português no assunto e troca correspondência com vários especialistas de muitos paises.A sua curiosidade começou quando o pai lhe ofereceu "O Sangue de Cristo e o Santo Graal"publicado em 1982 e que inspirou Dan Brown,o livro resume a investigaçao de 10 anos,de 3 investigadores ingleses sobre o priorado,a dinastia sagrada dos reis Merovingeos e a alegada vida secreta de Jesus,abafada pela Igreja católica durante 2 mil anos.
A obra do psicólogo Michael Baigent,do ficcionista Richard Leight,e do argumentista e apresentador da BBC Henry Lincoln,contavam que o priorado de Sião era uma sociadade secreta do sec.XI,mas que fora registada apenas em 1956 por um nacionalista Françês Pierre Plantard,legitimo Rei de França.Estudiosos do Priorado:Margaret Starbird dos EUA,que defende as teorias de Pierre Plantard,e o Inglês Paul Smith,de que se sabe apenas ter passado + de 40 anos da sua vida a reunir provas para desmascarar Pierre Plantard colecionando inimigos no meio do esoterismo cristão.Bernardo Motta,formado em Engenharia Electrónica,gere uma firma de videovigilância digital de dia,crada com um colega de curso,e passa 2 horas por dia a ler e a escrever sobre o mistério dos homens iluminados de Sião."Gostaria de me dedicar só a isto mas não dá"
http://afixe.weblog.com.pt/arquivo/2004/04/quem_esta_senta_1
http://bmotta.planetaclix.pt/
O pseudónimo de Pierre Plantard era Henri Lobineau.
A Opus Dei é uma prelatura pessoal da Igreja católica,uma diocése sem fronteiras territoriais.
Alguns dos membros da prelatura usam cilicios e desciplinas para se autopenitenciarem.
Na Igreja de Saint Suplice em Paris as iniciais PS correspondem aos dois patronos Pierre e Suplice.
A linha da Rosa era o meridiano zero antes do Meridiano de Greenwich e atravessa a igreja de Saint Suplice.
A Opus Dei construiu em NY nº243 da Lexington Avenue uma sede nacional que custou 47 milhões de dólares.os arquitectos May & PinsKa,assinaram o projecto e têm ali? um gabinete.
B.Motta desmontou os argumentos do trio Britânico.
Rennes -Le -Château -aldeia de montanha,no Sul de França,para onde se deslocaram caçadores de tesouros após a 2ªGuerra Mundial,que esperavam encontrar ali o ouro escondido dos Templários.
A aldeia teve um padre que enriqueceu subitamente em 1885,Françis Bérenger Sauniére,A lenda diz que terá descoberto uns pergaminhos e ouro dos templários ao fazer restauros na igreja.A igreja é do sec.XI,época das cruzadas dos templários em Jerusálem e estava dedicada a Stª Maria Madalena.
Pierre Plantard,em 1937 com 17 anos,jovem agitador,procurava um suporte sólido para as suas aspiraçoes nacionalistas.Quando ouviu falar da aldeia começou a visitá-la discrétamente,recolhendo informações e testemunhos dos seus habitantes,em 1956 registou a constituição do Priorado de Sião,num cartório de provincia,autodesignando-se secretário-geral,
a partir de 1964 foram sendo depositados na Biblioteca Nacional de Paris,documentos pretensamente históricos sobre a sociadade secreta,os seus objectivos misticos e a sua alegada fundação no sec.XI,,em Jerusalém,onde há um Monte de Sião e onde foi construida uma abadia pelos Templários.Os dossiês secretos ,incluiam provas da sua ascendência real,a famosa lista dos grãos-mestres da sociadade de Joana D´Arc a Leonardo D´Avinci,e cópias de pergaminhos codificados,que teriam sido encontrados pelo padre Sauniére em Rennes-Le-Château,remetendo para algumas pinturas conservadas no Louvre e indicando um turtuoso caminho para o segredo de Maria Madalena e do papel da mulher no Cristianismo primitivo.
Entrando no mistério mais este se foi alargando,ganhando meias verdades e meias mentiras sobrepostas,diluindo-se a fronteira entre ficção e realidade.Hoje sabe-se diz B. Motta que os documentos da biblioteca de Paris são falsos,uma construção de cabeças geniais que dedicaram a sua vida a montar a farsa.Plantard era a cabeça criativa,elaborou as tabelas dinásticas merovíngeas,onde inscreveu a sua própria familia,acrescentando Saint Clair ao seu apelido.O Marquês de Chérisey,gostava do surreialismo de Jean Cocteau? seu amigo era a cabeça sofisticada,escreveu os pergainhos,imitando a letra curva dos carolíngeos,a dinastia que sucedeu aos merovingeos,introduziu um código de anagramas em que com o mesmo número de letras se refazem palavras,baseado no salto do cavalo,movimento do xadrez,o código é indecifrável se não se possuir a chave.Chérisey deu o código e a chave a Gérard de Sède,escritor de romances esotéricos,que divulgou os pergaminhos no livro "LÓr de Rennes,publicado em 1967,um dissidente da sociadade secreta Jean-Luc Chaumeil um antigo jornalista,chamou-lhes os três Mosqueteiros do Priorado e têm ajudado a repor a verdade.Tem reputação de especialista em temas e seitas esotéricas.Plantard morreu em 2000 com 80 anos,uma sombra do que fora no passado.Em 1993 confessou a um Juiz que inventara tudo,deixaram-no ir com a condiçao de deixar as suas actividades delirantes,os milhares de membros nunca se comprovaram,pensa-se que apenas terá tido algumas dezenas de franceses como apoiantes.
Gino Sandri,funcionário sindicalista,tornou-se descipulo de Plantard nos anos 70,hoje diz-se secretário geral da organização,as suas intervenções são vistas com descrédito pela comunidade esotérica.
O padrecitado enriqueceu talvez devido a vender intenções(a favor de alguém) de missa além do permitido,mas como é que numa aldeia conseguia tantas pessoas a ponto de enriquecer derrepente?
O Priuré de Sion definha na Europa,mas ressurge nos EUA,e na internet Priory of Sion,reclamando diferentes heranças dinásticas.
A Opus Dei é uma organização poderosa no seio da igreja,a sede portuguesa é a residência dos Álamos,desde 1945 está em Portugal,com residências universitárias,cloubes e colégios:
aposta na educação,para formar bons profissionais,e cumprir o principio da Santificação no trabalho.
Cloubes com actividades e salas de estudo para alunos do Secundário:Clube Xénon (rapazes) e Clube Darca (raparigas),Colégios Planalto (rapazes) Mira Rio (raparigas)residencias universitárias em lisboa: Àlamos(raparigas) Montes Claros (rapazes),O colégio Universitário Montes Claros,junto á universidade católica,é a sede da direcção de informacção.A sede nacional fica no Paço do Lumiar,numa quinta da rua Esquerda,perto do colégio Manuel Bernardes.
Ai vive o Vigário Rafael Espírito Santo e outros numerários.
Em Portugal:Jardim Gonçalves,Paulo teixeira Pinto,Mota Amaral
Dan Brown:Diz que é cristão,"A fé é um campo muito vasto e continuo e cada um cai no ponto onde consegue cair,ao tentarmos catalagar de forma rigida conceitos etéreos como a fé,discutimos a semãntica,deixando escapar o óbvio,todos nós estamos a tentar decifrar os grandes mistérios da vida e cada um de nós segue o seu próprio caminho de entendimento"
Como entraram Jesus e Maria Madalena em toda esta história?
Esta tese não é uma invenção exclusiva do Priorado de Sião.Plantard afirmara, em tempos, que a dinastia dos Merovíngios provinha da estirpe real de David, mas sem fornecer argumentos concretos. O seu amigo Chérisey também usou, frequentemente, a figura de Madalena nos seus textos esotéricos. Visto que Plantard e os seus colaboradores estavam, a partir dos anos sessenta, a usar activamente a história de Saunière para a construção da sua farsa, e como a igreja de Rennes-le-Château estava dedicada a Maria Madalena, sempre existiu um interesse relativo do Priorado pela sua figura. Mas até ao final dos anos setenta, o mito do Priorado de Sião era apenas uma história fantástica, exclusivamente francesa, inventada por Plantard e pelos seus amigos para tentar legitimá-lo como herdeiro da Coroa de França. Em toda esta farsa francesa nada se sugeria acerca de Jesus e Maria Madalena terem sido casados ou terem tido descendência.Mas sucedeu que o actor e realizador britânico Henry Lincoln, durante umas férias no sul de França no final dos anos sessenta, encontrou e leu um dos livros do jornalista Gérard de Sède, um dos elementos do grupo do Priorado de Sião. Lincoln ficou fascinado pela mistificação de Plantard e dos seus amigos. Achou que se tratava de óptimo material para um ou mais documentários televisivos, e mesmo para um livro que pudesse transportar a mistificação para o Reino Unido, e quem sabe, para o resto do Mundo.Lincoln, juntamente com outros dois amigos oriundos da Maçonaria anglo-saxónica, Richard Leigh e Michael Baigent, teve uma ideia original: porquê parar na dinastia merovíngia? Porque não fazer de Plantard um descendente de Cristo? Bastaria aos três autores inventar uma teoria para ligar, de algum modo, Jesus aos Merovíngios. O material do Priorado, em si mesmo, já potenciava essa teoria, só que Plantard nunca se atrevera a tanto.O mais espantoso é que eles foram avisados por um jornalista francês, Jean-Luc Chaumeil, antes da publicação em 1982 do seu livro O Sangue de Cristo e o Santo Graal, de que o Priorado de Sião era uma farsa. Esse mesmo jornalista já o afirmou publicamente várias vezes. Diz ele que avisou Lincoln e os seus amigos de que Plantard era um burlão e que tudo não passava de uma farsa. Lincoln e os seus colegas simplesmente ignoraram o aviso. Eles já tinham o seu objectivo bem definido...A obra O Sangue de Cristo e o Santo Graal tornou-se best-seller logo a partir em 1982. Lincoln e os seus colegas colocaram de pé uma tese muito original, feita da colagem da mitologia do Priorado de Sião às novas teses do trio relativamente a Jesus, a Maria Madalena, à nova interpretação do Graal e à sua inventada descendência através dos Merovíngios.
Como reagiu Plantard a esse aproveitamento por parte do trio?
Publicamente, reagiu mal. Em entrevista a uma rádio francesa, Plantard afirmou que apenas reclamava uma ascendência merovíngia. Ficou chocado ao saber que os três autores de língua inglesa se tinham aproveitado da sua criação, e tinham feito dele próprio, sem a sua autorização, um descendente de Jesus. Plantard afirmou que as teorias do trio eram disparatadas. Mas já não havia nada a fazer para evitar a disseminação do embuste! Centenas de milhares de leitores compraram e gostaram do livro O Sangue de Cristo e o Santo Graal. Muitos levaram este livro a sério porque se apresentava como uma obra de pesquisa histórica séria. Eu fui um deles!
O trio Lincoln, Baigent e Leigh iria fazer escola, levando ao aparecimento de uma claque de seguidores desde o início dos anos oitenta. Autores como Lionel e Patricia Fanthorpe, Michael Bradley, Richard Andrews e Paul Schellenberger, Robin Mackness e Guy Patton, David Icke, Ean Begg, David Wood, Ian Campbell, Patrick Byrne, Lynn Picknett e Clive Prince, Christopher Knight e Robert Lomas, Marilyn Hopkins, Graham Simmans, Timothy Wallace-Murphy, Andrew Sinclair, Laurence Gardner, Barbara Thiering e Margaret Starbird fazem todos parte da criativa "geração Rennes". Nasceram e cresceram com a leitura das obras de Gérard de Sède, Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln. Todos se tornaram adeptos da mitologia de Rennes, e as suas obras revelam uma adesão total e inabalável às teses do Priorado de Sião.Dan Brown simplesmente inspirou-se neste meio literário de fantasia. Ele percebeu, melhor do que todos, o imenso potencial mediático e financeiro desta história fantástica. Dan Brown conseguiu ainda fazer das complexas teorias do Priorado de Sião uma síntese simplista e apelativa: o escritor coloca, de um lado, os "Bons", ou seja, os hereges, a "Igreja de Madalena", o Priorado de Sião, o Culto da Deusa, ou o que se lhe quiser chamar. Do outro lado, Brown coloca os "Maus", ou seja, a "machista" Igreja Católica, a "Igreja de Pedro", cujo segredo seria protegido graças a sequazes do Opus Dei.
Há um século atrás, os romances anti-católicos faziam-se valer dos Jesuítas, que eram sempre os "maus da fita". Basta que nos lembremos de episódios de desinformação já quase esquecidos pelo tempo, como o do falso "Juramento Jesuíta", um caso clássico de fraude documental. Nos tempos modernos, a opinião pública já não reagiria com interesse a um jesuíta assassino. Reagiria com muito mais entusiasmo ao ler uma história na qual membros do Opus Dei, uma organização mediaticamente estereotipada, e deste modo rotulada por muitos como retrógrada ou mesmo mafiosa, surgissem como os "maus da fita". Se não teve outro mérito, Dan Brown teve pelo menos o enorme talento de saber exactamente o que é que os seus leitores gostariam de ler e o que é que eles estariam prontos a passar a acreditar. Dan Brown também sabia que os seus leitores, na sua grande maioria, não estavam preparados para distinguir a verdade da ficção!Com uma escrita rápida e empolgante, a fórmula só poderia funcionar: o resultado do sucesso está à vista!
Porquê o Opus Dei? Dan Brown retrata fielmente o Opus Dei?
O retrato que Dan Brown faz do Opus Dei é grotesco, e contém inúmeros erros. Podemos aperceber-nos do que Dan Brown quer colocar em jogo, apenas pela leitura atenta do que lá vem escrito acerca do Opus Dei na primeira página do romance, intitulada "FACTO":
"The Vatican prelature known as Opus Dei is a deeply devout Catholic sect that has been the topic of recent controversy due to reports of brainwashing, coercion, and a dangerous practice known as "corporal mortification."Em português,
"A prelatura do Vaticano conhecida como Opus Dei é uma seita católica profundamente devota que tem sido objecto de controvérsias recentes devido a acusações de lavagem ao cérebro, coerção e uma prática perigosa conhecida como «mortificação corporal»"Observe-se como Dan Brown entra em clara contradição, ao chamar o Opus Dei de "seita católica": se o Opus Dei fosse uma seita, estaria separado da Igreja Católica, logo não seria católico. Sendo o Opus Dei uma organização feita por católicos e sancionada pela Igreja Católica, automaticamente não pode ser uma seita! Dan Brown usa a palavra "seita", ligando-a mais adiante na frase a suspeitas de "lavagem cerebral" e "coerção", sem explicar ao leitor que a dita "polémica" não provém de casos concretos em Tribunal ou de investigações independentes, mas tem origem, sobretudo, num complexo fenómeno sociológico ligado a certos movimentos "anti-seita" ideologicamente motivados6.Por outro lado, a afirmação de que a mortificação corporal, uma prática duas vezes milenar e profundamente cristã, é uma "prática perigosa" do Opus Dei pode fazer-nos pensar de que se trata de uma invenção dessa organização. Nada é mais falso. Por mortificação corporal, entende-se uma série de práticas de devoção cristã, de opção puramente pessoal e por isso mesmo nunca obrigatórias, que partindo da privação ou de um moderado desconforto físico, procuram benefícios espirituais como forma de imitação do sofrimento corporal do próprio Jesus Cristo. Na categoria da mortificação corporal entram práticas tão variadas e inofensivas como o jejum ou a opção por formas precárias de alimentação, dormir em leitos desconfortáveis, tomar banho com água fria, andar descalço, usar o cilício como forma de desconforto físico (sem qualquer sangue, ao invés do que é retratado n'O Código da Vinci), permanecer em silêncio durante períodos prolongados, entre outras.
Ler ou não o livro? Ver ou não o filme?
Li O Código da Vinci, mas devo confessar que a qualidade policial da escrita de Brown não fez efeito nenhum em mim, uma vez que Dan Brown repete insistentemente chavões bem conhecidos de quem estudou o enigma de Rennes-le-Château e de quem leu o material panfletário do Priorado de Sião. É incrível reparar que Dan Brown conhece bem a farsa do Priorado e a versão deturpada do enigma de Rennes, apesar do nome desta aldeia não surgir nem uma vez em todo o romance: desde os detalhes do assassinato de Jacques Saunière no Museu do Louvre, que é parecido com o enigmático crime de Coustaussa; até às teorias de Leigh Teabing sobre a língua inglesa, que foram claramente retiradas da obra do padre Henri Boudet, vizinho do padre Saunière, passando pelo uso na trama da igreja parisiense de Saint-Sulpice (lugar fétiche para a mitologia do Priorado de Sião) tudo indica de forma bem clara que Dan Brown conhece este material melhor do que confessa. O que chega para demonstrar que Dan Brown é uma pessoa intelectualmente desonesta, porque sabendo tantos detalhes sobre este tema, sabe certamente que se trata de uma fraude. E como tal, não deveria afirmar publicamente que tais teorias são sérias ou que são apoiadas por "académicos" cujos nomes Brown nunca identifica.Mas Dan Brown não é o primeiro, nem será o último, autor pouco sério a ficar milionário graças à desonestidade intelectual. Considerando que o tema é fascinante, e que a sua escrita é empolgante, não vejo problemas numa leitura madura e adulta deste livro. Haverá muitas formas adequadas de o ler, desde o leitor que não está à espera de encontrar qualquer ligação com a verdade histórica e procura apenas um bom policial, até ao leitor adepto deste estilo literário que esteja bem familiarizado com os temas tratados ao ponto de saber distinguir a verdade da ficção.O essencial, nesta situação como em muitas, é estar apto a saber distinguir a verdade da ficção. Infelizmente, a grande maioria dos leitores d'O Código Da Vinci não consegue fazer esta distinção. No que diz respeito ao filme de Ron Howard, estreado a 19 de Maio de 2006, fui vê-lo e não fiz qualquer campanha contra ele. Ficção pouco séria e intencionalmente enganadora como esta torna-se perfeitamente inofensiva para um leitor ou um espectador informado. O segredo é sempre o mesmo: conhecimento. Quem sabe, não corre o risco de ser enganado.Em suma, não diria que a obra de Dan Brown é de leitura obrigatória, mas também nunca condenaria a sua leitura. Sou contra todo o tipo de censura, mas não deixarei de criticar a falta de seriedade desta obra. E tenciono fazê-lo da melhor forma possível: informando...
1 Texto original no site de Dan Brown:«- HOW DID YOU GET ALL THE INSIDE INFORMATION FOR THIS BOOK?- Most of the information is not as "inside" as it seems. The secret described in the novel has been chronicled for centuries, so there are thousands of sources to draw from. In addition, I was surprised how eager historians were to share their expertise with me. One academic told me her enthusiasm for The Da Vinci Code was based in part on her hope that "this ancient mystery would be unveiled to a wider audience."»2 Syr Thomas Malory, Le Morte d'Arthur no site da Universidade de Michigan. Neste site, encontra-se a versão original do texto, conforme editada por William Caxton.3 Os dados históricos acerca do Concílio de Niceia e das medidas tomadas por Constantino foram extraídos de vários artigos do site da Catholic Encyclopedia e da obra de Jean Borella, Ésotérisme Guénonien et Mystère Chrétien, Delphica, 1997, Lausanne, Suíça.4 Apenas como exemplo, o capítulo dezasseis do terceiro livro de Santo Ireneu é intitulado “Provas, a partir dos escritos apostólicos, de que Jesus Cristo era um e o mesmo, o único Filho de Deus, Deus perfeito e homem perfeito”. Santo Ireneu de Lião, Adversus Haereses (Livro III, Capítulo 16), ver o artigo Adversus Haereses no site da Catholic Encyclopedia.5 O Codex Muratori deve o seu nome ao seu descobridor, e primeiro editor, Luigi Antonio Muratori (1672-1750), que em 1740 publica em Milão a obra Antiquitates italicae, em cujo livro terceiro é editado pela primeira vez o dito códice. Trata-se da compilação mais antiga que é conhecida do cânone do Novo Testamento. O Codex Muratori encontra-se na Biblioteca Ambrosiana de Milão. Para mais detalhes, consultar o artigo Muratorian Canon no site da Catholic Encyclopedia.6 Massimo Introvigne, do Cesnur, dedicou um texto bastante detalhado ao estudo da relação entre os críticos ao Opus Dei e os recentes movimentos "anti-seita", tanto na Europa como nos Estados Unidos. Ver: Opus Dei and the Anti-cult Movement.
Deve-se criticar esta obra? E a liberdade de expressão?
Infelizmente, faz-se muita confusão em torno dos termos "crítica" e "liberdade de expressão". A crítica deve ser vista como algo natural numa sociedade aberta e plural. Certamente que Dan Brown terá toda a liberdade para se exprimir como entende, e O Código da Vinci é, neste aspecto, perfeitamente lícito. Contudo, o que não se entende é que tantos, sobretudo leitores entusiasmados, se indignem contra as críticas feitas a esta obra. Há que evitar dois excessos: por um lado, deve-se evitar todo o tipo de censura. Nenhuma obra deve ser censurada, na minha opinião. O outro excesso consiste em afirmar que a obra está acima de crítica, ou afirmar que quem a critica não tem o direito de o fazer.
Que diz ele sobre Leonardo da Vinci?
Estas afirmações encontram-se no seu site:
"Vários académicos acreditam que o seu trabalho [o de Leonardo] fornece intencionalmente pistas para um segredo poderoso… um segredo que permanece protegido até aos dias de hoje por uma irmandade clandestina da qual Da Vinci era membro""Algumas das evidências mais dramáticas podem ser encontradas nas pinturas de Leonardo da Vinci""Contudo, o segredo por detrás do Código Da Vinci estava demasiadamente bem documentado para que eu o desprezasse"Esta "irmandade clandestina" de que fala Dan Brown é o famoso Priorado de Sião, que data apenas de meados do século XX. Por isso, é evidente que Leonardo da Vinci, pintor nascido no século XV, não poderia ter feito parte de uma organização que apenas foi criada em França no século XX! Dan Brown retirou os detalhes falsos acerca do Priorado de Sião das obras pseudo-históricas de autores anglo-saxónicos como Henry Lincoln, Michael Baigent e Richard Leigh, autores de O Sangue de Cristo e o Santo Graal, e o casal Lynn Picknett e Clive Prince, autores de O Segredo dos Templários, ambos livros reeditados recentemente em português para aproveitar a popularidade d'O Código da Vinci. Todos estes autores apresentam as suas obras como trabalhos de pesquisa, mas na verdade, a sua pesquisa foi conduzida de forma muito deficiente. É também fácil demonstrar que em várias situações o modo de proceder destes autores é propositadamente enganador.
Está mesmo uma mulher sentada à direita de Cristo n'A Última Ceia?
Não. Em 500 anos de admiração e estudo da obra de Leonardo da Vinci, nunca ninguém o afirmou. Até 1997, esta teoria simplesmente não existia. É neste ano que o casal Picknett e Prince editam a sua obra O Segredo dos Templários. São eles os criadores da tese de que seria Maria Madalena a personagem retratada ao lado de Cristo nesta pintura. Mas é curioso notar que os seus antecessores, o trio Lincoln, Baigent e Leigh, em 1982, o ano em que saiu a obra O Sangue de Cristo e o Santo Graal, tinham defendido a teoria de que à direita de Cristo nesta pintura estivesse o apóstolo Tomé, referido por estes autores como o "irmão gémeo" de Jesus! Onde o trio consegue ver em 1982 um homem gémeo de Jesus, o casal Picknett e Prince descobre, em 1997, que essa figura é, afinal, uma mulher.Podemos imaginar os entusiasmados leitores do best-seller de Lincoln, Baigent e Leigh a discutirem animadamente, no início dos anos oitenta, as teses do "gémeo" Tomé. Deste modo, damo-nos conta da insensatez de assistirmos de novo, apenas volvidas duas décadas, ao mesmo entusiasmo, mas desta vez procurando-se, no lugar do "gémeo" Tomé, uma mulher, que seria Maria Madalena!Na verdade, tudo vale, quando o que interessa é vender pseudo-história. Pergunte-se a qualquer especialista em arte quem ali está representado e a resposta será a mesma: à direita de Jesus está o apóstolo João, o "discípulo amado", sempre colocado à direita de Jesus em qualquer quadro com a Última Ceia. João ocupa sempre o lugar de eleição. João era o mais novo dos apóstolos: em quase toda a pintura ocidental cristã, João é pintado com feições de adolescente, muitas vezes sem barba e com uma face delicada. A pintura do gótico retrata-o frequentemente com uma estatura menor da dos restantes apóstolos para reforçar a sua juventude face aos demais. No caso da pintura de Leonardo, é bem sabido que este artista recorria frequentemente à representação efeminada de homens jovens. O seu quadro de São João Baptista, por exemplo, mostra-nos um jovem com traços bem femininos. O facto de o apóstolo São João ser, tradicionalmente, retratado como um jovem ainda não adulto permitiu a Leonardo representar este apóstolo como uma figura efeminada sem que isso levantasse qualquer suspeita aos monges que comeram naquele refeitório durante anos a fio.
O que dizem os especialistas sobre a tese "Madalena"?
Todos são unânimes. A figura à direita de Jesus é São João. A obra de Leonardo da Vinci não contém segredos sobre Maria Madalena ou uma suposta "linhagem sagrada". Cito apenas um exemplo: a Prof. Veronica Field, (docente da Universidade de Londres, presidente da Leonardo da Vinci Society) classifica esta teoria de "absurda".
E em relação ao Santo Graal? Vem de "sang real"? Refere-se a uma descendência de Cristo e Madalena?
Não. Essa tese é falsa. Trata-se de uma tese relativamente moderna, timidamente sugerida pelo Priorado de Sião nos anos sessenta e reaproveitada nos anos oitenta pelo trio Lincoln, Baigent e Leigh. Não é correcto deduzir derivações de palavras apenas porque soam parecidas. "Sang real" é, de facto, parecido com "san graal". Mas isso não chega, em termos científicos, para deduzir uma expressão da outra. Aliás, na maior parte das vezes, a palavra "Graal" surge isolada, sem o adjectivo "santo". Há, contudo, excepções...É frequente ver-se referida a obra de Thomas Malory (1405-1471), Le Morte d'Arthur2 como uma prova de que certos autores teriam usado a expressão sangreal no sentido de "sangue real". Neste romance sobre o Graal figura em abundância a expressão sangreal, mas também surge a expressão saynt greal. Deste modo, fica claro que Malory concatena as palavras saynt e greal para construir a expressão sangreal, sempre com o significado de "Santo Graal". A decomposição de sangreal em duas palavras distintas, sang e real, é uma invenção recente dos autores Lincoln, Baigent e Leigh, para tentar obter crédito para as suas teorias acerca de uma descendência de Jesus.A questão do Graal é muito complexa e delicada. Em certas obras literárias, o Graal surge como um cálice, o cálice que teria recebido o sangue de Jesus na Cruz, o mesmo usado na Última Ceia. Mas o Graal também surge noutras formas, ora como um livro, ora como uma pedra, ora como uma lança! Como é que um livro, uma pedra ou uma lança são compatíveis com a "tese Madalena"? Uma das obras mais importantes para o estudo do simbolismo do Graal é a obra Parzifal de Wolfram von Eschenbach, que viveu entre 1170 e 1220. Nesta obra, o trovador alemão descreve o Graal como uma "pedra caída dos céus", uma pedra preciosa multifacetada que estaria incrustada na testa de Lúcifer, e que daí teria caído para a Terra, para parte incerta. Como é que a teoria do Graal-útero se encaixa nos relatos clássicos do Graal? Nenhum dos romances medievais sobre o Graal alguma vez menciona Maria Madalena como símbolo graálico.Recomenda-se a leitura, neste mesmo site, da página sobre o Santo Graal: http://bmotta.planetaclix.pt/santograal.html.
É possível salientar o erro histórico mais grave d' O Código Da Vinci?
Escolho, como erro histórico mais grave, aquele erro que poderá provocar mais impacto nos leitores. A afirmação historicamente falsa de que o Imperador romano Constantino institucionalizou a Igreja Católica conforme a conhecemos hoje, tendo patrocinado a "votação de Jesus como Deus" no Concilio de Niceia, no ano 325. Dan Brown sugere que este imperador teria seleccionado os textos do Novo Testamento, queimando os que não queria. Um imperador romano nunca teria autoridade canónica para o fazer, à revelia da autoridade dos bispos!Repare-se como esta ideia falsa é poderosa: se assim fosse, a Igreja Católica como a conhecemos hoje seria um mero produto da política ambiciosa de um imperador romano, e a crença na divindade de Jesus seria uma adição posterior em três séculos ao próprio Jesus Cristo!Vejamos com algum detalhe estas duas teses:
Será que a Igreja Católica deve a sua sobrevivência, deve a sua vitória sobre as restantes heresias, ao apoio de Constantino?Tentemos aproximar-nos, dentro do possível, das motivações de Constantino: o imperador procurava juntar a Cristandade numa definição textual explícita e clara da sua doutrina em Niceia, mas porque Constantino estava à procura de uma fé cristã sólida para o Império. O Édito de Milão, em 313, confirmava que o Cristianismo era uma religião legal, a par com os cultos pagãos (ainda se estava longe da instituição do Cristianismo como religião oficial, o que só sucederia com o Imperador Teodósio I, que viveu entre 346 e 395). O que Constantino desejava era a união do mundo cristão sob uma mesma doutrina, fosse ela qual fosse, procurando o Imperador sempre aquela doutrina que pudesse gerar maior consenso, visto que a verdade acerca da mesma era algo que possuia para ele interesse secundário.O Imperador não está dentro das subtilezas teológicas da questão: para Constantino, pouco importa a veracidade do "homoousion" (a questão da "consubstancialidade" de Jesus Cristo com o Pai) ou outras minúcias do género. A prova disso está no facto de que poucos anos após ter promovido Niceia, Constantino estava activamente a promover a doutrina contrária, a ariana: após 333, Constantino chama de volta os bispos arianos exilados e une os seus esforços a Ário. Esta reacção de Constantino, de verdadeiro retrocesso à sua política de protecção às decisões do Concílio de Niceia, vai trazer consequências graves durante quase um século: toda a Europa, graças às políticas pró-arianas de Constantino, vai cair sob o fascínio desta heresia. Recordemos que é no ano de 358 que o exilado Papa Libério será obrigado a assinar uma profissão de fé muito duvidosa no dito Concílio de Sírmio. Mesmo depois do Concílio de Constantinopla (381), a europa permanecerá ariana durante muito tempo, em consequência deste verdadeiro volte face do Imperador, que infelizmente tão poucos comentadores modernos referem. Os Visigodos permanecerão arianos até ao baptismo de Clóvis no final do século V. Os Lombardos atrasarão o abandono do arianismo até meados do século VII3.Perante estes factos históricos, não é possível manter a ideia de uma Igreja Católica escolhida de entre as seitas, e fortalecida graças à protecção de Constantino, mesmo que este Imperador tenha sido decisivo na legalização e fortalecimento da imagem do Cristianismo no seio do Império Romano.
Agora a segunda tese... Fica-se com a impressão de que esta é a tese principal que Dan Brown quer passar aos leitores, e parece ser a ideia chave que o livro tenta transmitir: a crença na divindade de Jesus não existia na origem da religião cristã, ou seja, não era uma crença partilhada pelos primeiros cristãos, e teria sido inventada e votada apenas em 325 d.C., no Concílio de Niceia. Também se tenta transmitir aos leitores a ideia errada de que a Bíblia foi modificada para satisfazer as políticas de um imperador romano.Na verdade, este importantíssimo primeiro Concílio votou a condenação de uma heresia conhecida como arianismo. Os partidários do arianismo (que retira o seu nome do sacerdote Ário, de Alexandria) negavam a divindade plena de Cristo. Em Niceia, por esmagadora maioria (apenas dois votaram a favor da heresia), os bispos votaram uma condenação clara do arianismo. Mas a crença em Jesus como Deus e Filho de Deus está enraizada no cristianismo desde a sua origem. Os seus apóstolos afirmaram-no, os cristãos crêem-no desde o início, é algo estruturante ao cristianismo, e não uma qualquer decisão votada posteriormente.Não se trata de discutir se Jesus é Deus ou não. Essa é uma questão de crença. Trata-se de discutir se os primeiros cristãos viam Jesus como Deus. E afirmar o contrário é um erro histórico facilmente detectável pelo estudo da patrística e dos textos neotestamentários. Um exemplo evidente é a obra de Santo Ireneu de Lião, que escreveu por volta de 180 d.C. a sua obra principal, Libros Quinque Adversus Haereses (“Cinco livros contra as heresias”), na qual se constata que a crença na divindade de Jesus é estruturante ao cristianismo e é uma peça central da doutrina4. Mas também poderíamos considerar as compilações do Novo Testamento, que já estavam bem sedimentadas no final do século II d.C. (o Codex Muratori5, a mais antiga compilação conhecida dos textos neotestamentários, data de 180-200 d.C.), nas quais é fácil encontrar afirmações explícitas acerca da divindade de Jesus, tanto em palavras atribuídas ao próprio Jesus como em palavras atribuídas aos seus discípulos.Apesar das grandes e complexas divergências acerca da definição da divindade de Jesus, nesses tempos recuados, nem sequer os hereges mais obstinados consideravam Jesus como "mero profeta mortal", como sugere erradamente Dan Brown! Ninguém discordava que havia algo de divino em Cristo: as questões em debate incidiam sobre a forma como deveria ser interpretada a divindade de Jesus.
No meio de tantos erros históricos, há erros divertidos?
Há erros para todos os gostos! Quando Dan Brown, por exemplo, fala em milhares de templários queimados cujas cinzas teriam sido lançadas por ordem do Papa Clemente V ao rio Tibre, em Roma. Ora, sucede que o número de templários queimados não chega sequer às centenas, sucede que a ordem para a sua execução veio do rei francês Filipe IV e não do Papa, e sucede, pior ainda, que o Papa Clemente não estava sequer em Roma, mas sim em Avinhão, em França. O Papado esteve durante décadas fora de Roma! Dan Brown parece ignorar os factos mais elementares dos temas que trata! É também divertida a afirmação de que a cidade de Paris foi fundada pelos Merovíngios, ou seja, dataria de cerca do século V d. C., quando qualquer criança que lê os livros do Astérix sabe bem que Paris se chamava Lutécia no tempo das campanhas de Júlio César, portanto, já no século I a.C.!
Como surgiu a fantástica burla do Priorado de Sião?
A história é complexa. Escrevi, no início de 2005, um livro intitulado Do Enigma de Rennes-le-Château ao Priorado de Sião, editado pela Ésquilo. Uma apresentação do livro pode ser lida neste endereço: http://bmotta.planetaclix.pt/livro.htm. Este livro contém o resultado de alguns anos de trabalho, e é uma tentativa de síntese desta fantástica história do Priorado de Sião.Os protagonistas do Priorado de Sião são três franceses, companheiros na criação de uma burla histórica incrível. Pierre Plantard, desenhador industrial, pessoa de origens humildes, era amigo de longa data do intelectual Phillipe de Chérisey, marquês falido e actor de teatro e televisão. Estes dois amigos, profundamente cultos e sabedores da história do seu país e da cultura europeia, decidiram criar uma farsa com o objectivo de tentar provar que Plantard era o legítimo herdeiro à coroa de França. Plantard queria provar que descendia da primeira dinastia dos Francos, a dinastia dos Merovíngios. Ele inventara o Priorado de Sião, fingindo tratar-se de uma organização secreta e poderosa, dizendo que a sua função sempre fora proteger uma linhagem merovíngia secreta, da qual Plantard afirmava que era o actual representante directo. Ele dizia que o Priorado estivera sempre por detrás de todas as heresias e que esta organização era a maior inimiga da Igreja Católica. Porquê? Porque, segundo Plantard, a Igreja Católica traíra o pacto estabelecido com o fundador da dinastia dos Merovíngios a partir do momento em que reconhecera e legitimara o primeiro rei da dinastia seguinte, a dos Carolíngios.Segundo Plantard, a suposta dinastia merovíngia oculta, representada por ele, estaria pronta, no século XX, para se vingar da traição da Igreja Católica, e para repor os merovíngios no trono de França. Durante anos, Plantard criou grupos e publicações de reduzida dimensão, ensaiando tácticas de desinformação e falsificação de documentos históricos, tentando ser visto como alguém politicamente relevante e tentando convencer o máximo possível de pessoas de que ele era o legítimo herdeiro da coroa. O caso ganha maior amplitude quando, nos anos sessenta, por intermédio do terceiro elemento, o jornalista e trotskista Gérard de Sède, os dois amigos descobrem as lendas de Rennes-le-Château, uma aldeia pequena nos Pirinéus franceses...Nesta aldeia, no final do século XIX, vivera o padre Saunière, um sacerdote cuja vida polémica fez correr rios de tinta. Saltando muitos detalhes que podem ser lidos na parte principal deste site, o padre Saunière foi culpado de décadas de desvio de donativos que pertenciam à Igreja Católica. Com esse dinheiro, Saunière construiu propriedades e viveu uma vida relativamente abastada, aproveitando para também beneficiar os habitantes da pequena e pobre aldeia de Rennes-le-Château. Por isso, era um padre amado pelo povo de Rennes. Mas as suas actividades não eram lícitas, em termos de Direito Canónico. Os últimos anos da sua vida foram bem tristes: Saunière foi alvo de um processo eclesiástico por parte do seu superior, o bispo de Carcassonne. Saunière era justamente acusado de desvio de fundos. Foi-lhe retirada a dignidade sacerdotal e morreu na miséria, falido, com inúmeras dívidas relativas às suas obras e às despesas elevadas que tinha tido com o processo em tribunal.Após a morte de Saunière, a sua governanta, a jovem Marie Dénarnaud, decide limpar o bom nome do seu antigo patrão, inventando a história de que a fortuna do padre se devera à descoberta de um fabuloso tesouro. É assim que nasce a lenda do tesouro de Rennes-le-Château.
Como é que a história do padre Saunière poderia ajudar os planos merovíngios de Plantard?
Esta é a parte brilhante da burla do Priorado de Sião. Plantard e os seus amigos decidiram tentar transmitir a ideia de que o segredo do padre Saunière não tinha a ver com um tesouro material, mas sim com um enorme segredo político e religioso. Segundo o Priorado de Sião, o padre Saunière tinha descoberto, durante as obras de remodelação da sua igreja em Rennes-le-Château, uns antigos pergaminhos que provavam que uma dinastia merovíngia tinha vivido escondida durante séculos em Rennes-le-Château. Segundo eles, o padre Saunière ficara rico porque teria recebido, graças à importância da sua descoberta, o apoio imediato do Priorado de Sião, e teria sido usado numa operação secreta de chantagem contra a Igreja Católica. Plantard e os seus amigos inventaram uma versão totalmente distorcida da vida do padre Saunière. Segundo eles, o padre, devido à sua descoberta, teria sido recebido como um herói em Paris, junto dos grupos ocultistas. O padre passara assim a liderar uma luta dos ocultos grupos esotéricos franceses contra a Igreja Católica, recebendo apoio do Priorado de Sião. Para juntar algo de pitoresco, Plantard e os seus amigos lançaram a ideia de que Saunière tivera um caso com uma famosa cantora de ópera do seu tempo, Emma Calvé. Tudo isto é perfeitamente falso. Saunière nunca se deu com qualquer grupo ocultista, nunca conheceu a dita cantora de ópera, e enriqueceu apenas à custa de donativos de particulares e de uma vida inteira de desvio de fundos pertencentes à Igreja Católica.
http://bmotta.planetaclix.pt/codigodavinci.html#faq15
"Há freiras que me escrevem a agradecer o facto de ter posto o dedo na ferida,pois elas sacrificaram a vida para servir a Igreja,mas mesmo assim são consideradas ainda não dignas de estar por detráz do altar"
http://www.danbrown.com/meet_dan/index.html
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