Joaquim Castro Caldas [1956-2008]
Morreu a 31/08/2008- o poeta Joaquim Castro Caldas. Na badana do segundo livro que publicou com as Quasi, escreveu:
"1956. Lisboa, actor de poesia, saltimbanco, lunático praticante, diseur a tempo inteiro, teatro de vez em quando. Escola Ave-Maria, Colégio Militar, Conservatório Nacional, escola da morte e da vida, muita estrada no coração, na cabeça e no corpo. Com este apenas 8 livros editados. A ver vamos."Entretanto, mais alguns. Depois de ter editado nas Quasi Convém Avisar os Ingleses [2002] e Só Cá Vim Ver o Sol [2004], publicou, entre outros, Há [Cobras Incompletas, s/d., julgo que de 2005] e Mágoa das Pedras [Deriva, 2008]. Um abjeccionista lírico. Revejo na estante os seus livros. E descubro Português Suave, edição de autor, primeira recolha de poesia datada de 1978. Não sei se soube do título do novo livro da Margarida Rebelo Pinto. Mas deveria ter achado a coincidência muito divertida.
Dizia berrando para se fazer ouvir entre o fumo de colegas da faculdade,no Pinguim no Porto,
a Tabacaria de Fernando Pessoa,ou o Ai se Sêsse.inesquecivél para quem o ouviu.
Fonte:
Blogue:Rua da Castela
Jorge Reis-Sá
Jorge Reis-Sá
LPC Luis Coutinhodo Aeiou/
Ai Se Sêsse
Cordel Do Fogo Encantado
Composição: Zé Da Luz
Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse
de São Pedro não abrisse a porta do céu
e fosse te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse
pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse
Tarvês que nois dois caisse
E o céu furado arriasse
e as virgi toda fugisse.
Faleceu de madrugada, com 52 anos de idade, o poeta Joaquim Castro Caldas, que se tornou conhecido por divulgar, sentir e viver a poesia nas ruas ( em Paris, por exemplo, onde declamava poesia nos jardins e nas praças a troco de dinheiro), nos cafés e bares ( nas célebres noites de poesia às segundas-feiras no bar Pinguim, no Porto), e nas escolas de todo o país como declamador convidado.
Castro Caldas publicou 11 livros de poesia ao longo da sua vida. O último foi editado ainda este ano pela Deriva com o título «Mágoa das Pedras». Alguns dos outros livros são: "Português Suave", "Berlindes e abafadores", "Convém avisar os ingleses", "Só cá vim ver o Sol", "Colheita da época" e "Há".Joaquim Castro Caldas é como alguém já escreveu «uma das últimas vozes da poesia em que o risco é companheiro da entrega à vida na sua dimensão mais intensa»
Castro Caldas publicou 11 livros de poesia ao longo da sua vida. O último foi editado ainda este ano pela Deriva com o título «Mágoa das Pedras». Alguns dos outros livros são: "Português Suave", "Berlindes e abafadores", "Convém avisar os ingleses", "Só cá vim ver o Sol", "Colheita da época" e "Há".Joaquim Castro Caldas é como alguém já escreveu «uma das últimas vozes da poesia em que o risco é companheiro da entrega à vida na sua dimensão mais intensa»
No seu último livro «Mágoa das Pedras ( editado pela Deriva) pode-se ler:«Joaquim Castro Caldas, 52 anos, à parte dezenas de ofícios para sobreviver no Norte de África, na Europa, em Portugal e outros sítios esquisitos, desde que tem memória e se conhece que não fez nem faz outra coisa senão arte embrionária e terminal, entre centenas de aventuras, do luxo à valeta, vadio num longo percurso involuntariamente polémico de ida e volta fala-escrita ou vice-versa e documentado por registos corpo a corpo, terra a terra, sem objectivos d revelação concreta. Nada mais que esqueleto e artista, intérprete da vontade do pássaro, marginalizado irritantes porque em paz, claridade, sequer interessado em dar-se por anarka»
Poesia de Joaquim Castro Caldas
Devolução dos Cravos
um menino uma vez
o tal que há em nóssujo de liberdade
todo na ponta dos pés
tentou enfiar um cravo
no cano de uma G-3
hoje um homem talvez menino velho
sem voz democrata que se farta
mete o cravo na culatra e puxa-a de pé atrás
com medo que do seu país
(do livro "Convém Avisar os Ingleses", Quasi Edições, 2002)
Quinta-feira, dia 13 de Março, às 23h, as Segundas-feiras de Poesia descem à cave!Pois é, há vinte anos, Joaquim Castro Caldas iniciou as famosas segundas-feiras de poesia que enchiam a cave do Pinguim Café.Na quinta-feira, dia das actuais noites de poesia e, assinalando o primeiro evento das comemorações do vigésimo aniversário, o Pinguim Café presta uma homenagem a Joaquim Castro Caldas e convida muitos dos que participavam activamente ou assistiam a essas míticas noites dos finais dos anos 80.Joaquim Castro Caldas tem estado nos últimos tempos afastado destes eventos poéticos devido ao seu estado de saúde algo debilitado, mas não abandonou de forma alguma a poesia e a criação literária e lançou recentemente o seu último livro « Mágoa das Pedras » que estará também disponível no próximo dia 13 no Pinguim Café.Se alguém não tiver disponibilidade para comparecer neste dia e quiser fazer-se representar de alguma forma, sugiro que me enviem um texto para o meu email, que será naturalmente lido.
A Poesia continua a acontecer no Pinguim.Ver inf.neste blogue.
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