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sábado, 20 de fevereiro de 2010

António Vilar " Andrajoso "

por ANTÓNIO AV
Era eu ainda "garoto" 18 ou 19 anos,conheci este rapaz

ANDRAJOSO

Lembro-me de um garoto
Com treze anos apenas
Vestia um traje roto
Calçava chancas pequenas
Aquelas velhas alpercatas
Os pés lhe apertavam
Por nada calçar nas «patas»
Outras crianças choravam
Do seu traje esfarrapado
Já sem botões ou costuras
Fugia envergonhado
Das fartas amarguras
Era vergonha que sentia
Da sua apresentação
Quanto mais ele pedia
Menos lhe dava razão
Não compreendia o critério
Daquele triste desalinho
Para ele era um mistério
Tão malfadado destino
A triste aparência porém
Não fantasiava o seu pensar
Queria ser alguém
Neste império de pesar
A toda a gente pedia
Uma esmolinha por favor
Que «deus» lhe dê alegria
A si e aos seus com amor
Dizia com tal tristeza
Que ouvir dava pena
Mas a sua vasta pureza
De tão grande era pequena
Todavia de mãos vazias
De rosto tímido e corado
Passava assim os dias
Com míngua e agoniado
Tanto era o esmorecimento
Daquele garoto sofredor
Tinha desânimo e desalento
Era mártir e padecedor
Certo dia uma mulher com dó
O chamou a si e perguntou
Quem é tua mãe, e tua avó?
E o teu pai já se finou?
Respondeu o garoto choroso
Não tenho nada nem ninguém
Apenas quero ser honroso
Nos meu actos sem desdém
Falas com cabeça e coração
tenho pena do teu viver
Vem comigo e te darei pão
Não quero ver-te sofrer
O garoto ouvindo tal sorte
E não querendo acreditar
Mandou afastar-se a morte
Agradecendo a ruborizar
Vou outra vez nascer
E a senhora será minha guia
Gostava de seu nome saber
Para minha enorme alegria
Meu nome não importa garoto
Mas sim o que nos vai na alma
Quero fazer o bem com o voto
De tudo dar sem receber a palma
Minha senhora que direi eu
A tanto carinho por vós dado
Será que veio do céu
Ou veio d'outro lado ?
Do céu não vim certamente
Não sou grata a artifícios
Vim do ventre de toda a gente
E sou grata aos meus ofícios
Trabalhos que me dão prazer
De presentear a felicidade
Não sou uma «maria» qualquer
Sou mãe de verdade
E aos meus filhos podes crer
Tudo lhes disse com bom pensar
Ensinei-os a amar,
como dever
E de ajudar os outros,
não guardar
Homens bons,
bem sabes que há poucos
E a tua vida terá tido
colossais impropérios
A culpa é dos astuciosos,
que são loucos
E ainda lhes atribuem
prestígios régios.

António Vilar - Coimbra

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